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CULTURA

Maidan (2014) de Sergei Loznitsa

Foto do escritor: Jorge CamposJorge Campos

Atualizado: 22 de out. de 2023



Este é, a meu ver, o filme mais interessante de quantos se fizeram sobre a ocupação da Praça de Maidan, no centro de Kiev, que pôs fim à presidência do pró-russo Viktor Yanukovych. Loznitsa, autor, entre outros, de Donbass (2018), sendo ele próprio um nacionalista ucraniano, admite que o documentário tem um statement. Diz, e bem, que não compete à arte ser imparcial. A diferença de Maidan, por exemplo, para Winter on Fire (2015) de Evgeny Afineevsky - uma peça linear de retórica televisiva - está no olhar. Em Maidan há longos planos fixos, abertos, registo e observação, como se a acção estivesse a decorrer em tempo real. Não há a trepidação artificial que alimenta a dramatização do jornalismo televisivo. Quanto a este, Loznitsa, diz não haver nada mais longínquo da ética e da imparcialidade. acusa a informação russa do mesmo modo de operar que Danny Schechter apontara aos media americanos: weapons of mass deception. A desinformação, diz ele, precede o acontecimento. Em Maidan, vemos o carácter pacífico e festivo do início da manifestação, a poesia na rua, o folclore ucraniano, sinais do acumular da tensão, a presença dos fascistas do Sector Direito, os confrontos com a polícia, a intervenção crescente de padres das diversas religiões numa atmosfera adensada pelo fumo resultante de explosões. Mas Loznitsa nunca comenta. Não há o famigerado texto off televisivo, essa espécie de voz de Deus que tudo determina. Apesar da clareza do statement, o olhar do Cinema prevalece sempre. por isso, o filme é tão interessante. dito isto, faz sentido voltar sempre aos 94 dias da Praça. Foram esses acontecimentos que levaram, no imediato, ao referendo na Crimeia e, posteriormente, às repúblicas autónomas do Donbass. Esta guerra, havendo outros antecedentes, provavelmente, começou em Maidan.

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Ensaios, conferências, comunicações académicas, notas e artigos de opinião sobre Cultura. Sem preocupações cronológicas. Textos recentes  quando se justificar.

 

Ensaios, conferências, comunicações académicas, textos de opinião. notas e folhas de sala publicados ao longo de anos. Sem preocupações cronológicas. Textos recentes quando se justificar.

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Notas pessoais sobre acontecimentos históricos. Memória. Presente. Futuro.

Imagens do Real Imaginado (IRI) do Instituto Politécnico do Porto foi o ponto de partida para o primeiro Mestrado em Fotografia e Cinema Documental criado em Portugal. Teve início em 2006. A temática foi O Mundo. Inspirado no exemplo da Odisseia nas Imagens do Porto 2001-Capital Europeia da Cultura estabeleceu numerosas parcerias, designadamente com os departamentos culturais das embaixadas francesa e alemã, festivais e diversas universidades estrangeiras. Fiz o IRI durante 10 anos contando sempre com a colaboração de excelentes colegas. Neste segmento da Programação cabe outro tipo de iniciativas, referências aos meus filmes, conferências e outras participações. Sem preocupações cronológicas. A Odisseia na Imagens, pela sua dimensão, tem uma caixa autónoma.

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