Há anos fiz uma longa viagem por Cuba. Por toda a ilha. Passei por alguns destinos turísticos a correr e fiz muitas centenas de quilómetros de carro com diversas paragens durante as quais falei com quem bem entendi. Estive em casas de cubanos. Encontrei uma sociedade contraditória - não conheço nenhuma que o não seja -, em muitos casos disfuncional, mas com um orgulho de si própria e uma alegria de viver do seu povo como nunca encontrei em mais lado algum. Obviamente, encontrei descontentes com boas razões para estarem descontentes. Mas, surpreendentemente, foi de um deles que ouvi estas palavras a propósito das consequências do embargo americano: somos pobres, mas não somos miseráveis. Fidel Castro é uma figura gigantesca. Gigantesca pela dimensão utópica, revolucionária e internacionalista, pelo pragmatismo que o levou, mal, à fronteira da distopia embora sem nela sucumbir, pelas contradições decorrentes de ter tomado medidas duras no contexto da intromissão permanente da maior potência imperialista do mundo. Antes de Fidel, Cuba era o bordel da América. Depois de Fidel, uma pátria independente. Com grandes conquistas, designadamente no ensino e na saúde. Nessa viagem fiz o percurso dos revolucionários do Gramna. Da Sierra Maestra a Havana. Visitei os lugares de resistência. Hoje, fico contente por o ter feito. Quando do célebre julgamento após o malogrado assalto ao quartel de Moncada, em 1953, Fidel disse perante o tribunal do ditador Baptista: a história me absolverá! Eu limito-me a dizer que Fidel, apesar de tantas vezes ter discordado dele, é um vencedor da História.
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