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CULTURA

Cinema e fascismo 17

Foto do escritor: Jorge CamposJorge Campos

Atualizado: 22 de out. de 2023



O Triunfo da Vontade (1936) de Leni Riefenstahl. Este todos deviam ver. É um dos raríssimos filmes fascistas com qualidade cinematográfica. Leva-nos até à celebração do ditador, enquanto enviado do céu e salvador da Alemanha, nos famosos rituais do partido nazi em Nuremberga. Riefenstahl era uma mulher de muito talento e completa ausência de escrúpulos. Escrevi muito sobre ela, fui obrigado a ver este filme muitas vezes e, por isso, custa-me voltar a fazê-lo. Direi apenas que ela própria chegou a reconhecer ter feito um pacto com o diabo, embora, pasme-se, se tenha sempre refugiado no primado da arte como justificação desta glorificação de uma monstruosidade sem paralelo. O filme tem pano para mangas em termos cinematográficos, uma montagem primorosa, subtextos diversificados e muitas vezes sinistros, e é o retrato de uma sociedade totalmente militarizada e hipnotizada pelo líder. Adianto só mais uma nota. Riefenstahl negou sempre ter conhecimento das atrocidades dos comparsas, cujos círculos restritos frequentava e conseguiu não só safar-se depois da guerra sem ser julgada como viveu mais de 100 anos... sorte a dela. Como todo o fascista, dizia não ser fascista e obviamente nunca soubera de quaisquer malfeitorias. Pena ter feito um filme anterior chamado O Triunfo da Fé (1934), o qual desapareceu da circulação, porque nele, Rhom, o chefe SA, aparecia em pé de igualdade com Hitler. Como, entretanto, Hitler mandara matar Rhom na famosa noite das facas longas, o filme teve de sumir. Ela nunca se pronunciou a respeito. Ou melhor, disse que O Triunfo da Fé não tinha qualidade artística bastante.

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Ensaios, conferências, comunicações académicas, notas e artigos de opinião sobre Cultura. Sem preocupações cronológicas. Textos recentes  quando se justificar.

 

Ensaios, conferências, comunicações académicas, textos de opinião. notas e folhas de sala publicados ao longo de anos. Sem preocupações cronológicas. Textos recentes quando se justificar.

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Notas pessoais sobre acontecimentos históricos. Memória. Presente. Futuro.

Imagens do Real Imaginado (IRI) do Instituto Politécnico do Porto foi o ponto de partida para o primeiro Mestrado em Fotografia e Cinema Documental criado em Portugal. Teve início em 2006. A temática foi O Mundo. Inspirado no exemplo da Odisseia nas Imagens do Porto 2001-Capital Europeia da Cultura estabeleceu numerosas parcerias, designadamente com os departamentos culturais das embaixadas francesa e alemã, festivais e diversas universidades estrangeiras. Fiz o IRI durante 10 anos contando sempre com a colaboração de excelentes colegas. Neste segmento da Programação cabe outro tipo de iniciativas, referências aos meus filmes, conferências e outras participações. Sem preocupações cronológicas. A Odisseia na Imagens, pela sua dimensão, tem uma caixa autónoma.

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