top of page

CULTURA

eram 9 da noite

Foto do escritor: Jorge CamposJorge Campos

Bairro da Pasteleira. Fonte: DN

o 204 do STCP passava junto do muro do parque da Pasteleira. um paralelepípedo atirado do exterior rebentou uma janela e deixou os passageiros em alvoroço. não atingiu ninguém, mas assustou. o condutor disse ser recorrente. na madrugada anterior a porta de uma garagem do meu prédio foi arrombada e parcialmente destruída. episódios como estes fazem parte do dia a dia. a uns 500 metros do lugar onde vivo continua a funcionar um mercado de droga a céu aberto. no jardim, em frente à varanda do meu apartamento, vejo grupos de toxicodependentes que se injectam. deixam lixo e seringas em todo o lado. andam em pequenos grupos sem quaisquer cuidados sanitários. não tendo para onde ir, montaram um acampamento nas traseiras de Serralves. a situação arrasta-se há meses. a presença da polícia é agora mais assídua e há até uma viatura que circula como uma instalação de som a mandá-los dispersar. hoje esteve aqui uma brigada de investigação de crime. tudo isto parece cada vez mais um filme de terror. de um lado, pessoas no limiar de outro mundo, verdadeiros zombies, cada vez mais acossadas e, por isso, propensas ao vandalismo por raiva e desespero. do outro, um dispositivo policial visível mas de eficácia marginal. e no meio a esmagadora maioria dos cidadãos que só quer paz e tranquilidade, a começar pelos habitantes do bairro da Pasteleira onde funciona o tal mercado a céu aberto. são problemas a mais que não se resumem a casos de policia e não se resolvem só com repressão. exigem, sobretudo, ponderação adequada e políticas públicas urgentes. na verdade, se 59 por cento da população prisional é constituída por toxicodependentes é porque temos de lidar com uma questão social de proporções alarmantes. e, no imediato, ajudar aqueles a quem já pouco sobra de dignidade humana.


23/09/2020

 
 
 

Comments


Ensaios, conferências, comunicações académicas, notas e artigos de opinião sobre Cultura. Sem preocupações cronológicas. Textos recentes  quando se justificar.

 

Ensaios, conferências, comunicações académicas, textos de opinião. notas e folhas de sala publicados ao longo de anos. Sem preocupações cronológicas. Textos recentes quando se justificar.

Arquivo. Princípios, descrição, reflexões e balanço da Programação de Cinema, Audiovisual e Multimédia do Porto 2001-Capital Europeia da Cultura, da qual fui o principal responsável. O lema: Pontes para o Futuro.

Estático
Iluminação Camera

Notas, textos de opinião e de reflexão sobre os media, designadamente o serviço público de televisão, publicados ao longo dos anos. Textos  de crítica da atualidade.

televisão sillouhette

Atualidade, política, artigos de opinião, textos satíricos.

Textos avulsos de teor literário nunca publicados. Recuperados de arquivos há muito esquecidos. Nunca houve intenção de os dar à estampa e, o mais das vezes, são o reflexo de estados de espírito, cumplicidades ou desafios que por diversas vias me foram feitos.

Notas pessoais sobre acontecimentos históricos. Memória. Presente. Futuro.

Imagens do Real Imaginado (IRI) do Instituto Politécnico do Porto foi o ponto de partida para o primeiro Mestrado em Fotografia e Cinema Documental criado em Portugal. Teve início em 2006. A temática foi O Mundo. Inspirado no exemplo da Odisseia nas Imagens do Porto 2001-Capital Europeia da Cultura estabeleceu numerosas parcerias, designadamente com os departamentos culturais das embaixadas francesa e alemã, festivais e diversas universidades estrangeiras. Fiz o IRI durante 10 anos contando sempre com a colaboração de excelentes colegas. Neste segmento da Programação cabe outro tipo de iniciativas, referências aos meus filmes, conferências e outras participações. Sem preocupações cronológicas. A Odisseia na Imagens, pela sua dimensão, tem uma caixa autónoma.

Todo o conteúdo © Jorge Campos

excepto o devidamente especificado.

     Criado por Isabel Campos 

bottom of page