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CULTURA

a verdadeira história de uma orgia gay

Foto do escritor: Jorge CamposJorge Campos

Atualizado: 6 de dez. de 2020



o cavalheiro da direita é József Szájer, eurodeputado húngaro do partido da extrema-direita Fidesz. sempre foi um respeitável pai de família, tenaz defensor de legislação anti-LGBT, campeão da luta anti-droga, inimigo público da liberdade de imprensa e, naturalmente, muito devoto. juntamente com o outro cavalheiro, Victor Orbán, primeiro-ministro da Hungria, não só ajudou a criar o Fidesz como tem levado a cabo uma cruzada sem tréguas para erguer uma ditadura impoluta, livre de estrangeiros, garante de uma ordem inspirada num passado mítico, algo a que normalmente se chamaria fascismo não tivesse a palavra, por incomodidade, caído em desuso. ora, o bom do József teve azar. apanhado numa orgia gay num apartamento de Bruxelas, armou-se em alpinista, tentou escapulir-se pelas paredes traseiras do prédio com uma mochila às costas, ficou com as mãos a sangrar do esforço e, para cúmulo, bateu de frente com a polícia belga. foi dentro. imagino que deve ter-se sentido traído. de tal modo que o ecstasy encontrado na mochila, segundo disse, só poderia lá ter ido parar por alguém lhe querer mal. quanto ao resto, garantiu que os farristas não estavam infetados nem pela Sida nem pelo Corona e admitiu que procedeu mal. aqui, eu discordo. um tipo que se bate há 30 anos para instaurar uma ditadura decantada, expurgada de toda a maldade, só podia estar em cumprimento de uma missão. é fácil de perceber. engolir uma pastilha para desinibir e melhorar a performance sexual é algo de muito corajoso e revelador de um enorme sentido de serviço público. sim, sendo um homem de família, devoto, anti-LGBT, anti-droga, imaginem o quão terrível terá sido a experiência a que se sujeitou para poder legislar em consciência e com conhecimento de causa sobre coisas que abomina. é essa a verdadeira história da orgia gay. sabendo da estupidez generalizada que grassa fora do seu círculo, demitiu-se por amor à causa. o amigo Victor, aliás, deu logo o caso por encerrado. e não perdeu tempo a dizer que fazer depender fundos europeus de combate à pandemia de direitos humanos, liberdades e garantias, com ele, não dá. veta. a rapaziada da sua família política no Parlamento Europeu, o PPE, que se amanhe. ainda alguém se lembra do esgrouviado senhor Junker, sempre com um grãozinho na asa, a fazer festas no cachaço do Victor e a tratá-lo carinhosamente como o nosso ditadorzinho?


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Imagens do Real Imaginado (IRI) do Instituto Politécnico do Porto foi o ponto de partida para o primeiro Mestrado em Fotografia e Cinema Documental criado em Portugal. Teve início em 2006. A temática foi O Mundo. Inspirado no exemplo da Odisseia nas Imagens do Porto 2001-Capital Europeia da Cultura estabeleceu numerosas parcerias, designadamente com os departamentos culturais das embaixadas francesa e alemã, festivais e diversas universidades estrangeiras. Fiz o IRI durante 10 anos contando sempre com a colaboração de excelentes colegas. Neste segmento da Programação cabe outro tipo de iniciativas, referências aos meus filmes, conferências e outras participações. Sem preocupações cronológicas. A Odisseia na Imagens, pela sua dimensão, tem uma caixa autónoma.

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