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   viagem pelas imagens e palavras do      quotidiano

NDR

Atualizado: 20 de out. de 2023


Com esta publicação termina a parte relativa à Programação da Odisseia nas Imagens. Seguir-se-ão notas respeitantes à avaliação que dela se fez, designadamente quanto ao cinema documental. Como facilmente resulta da leitura dos arquivos publicados, a Odisseia na Imagens foi sempre encarada como um percurso ao longo do qual se fosse tornando perceptível a afirmação de uma política cultural diferenciada, consequente com um agir local num contexto global.


Alexander Sokurov. Fonte: Revista Cinema

O trabalho de base foi cumprido. Criaram-se novos públicos e, em colaboração com as universidades e festivais de cinema estruturantes, procurou-se incentivar uma produção diferenciada no campo da curta-metragem, animação e cinema documental, bem como incursões no campos dos New Media. Nesse sentido, a Odisseia nas Imagens levou a cabo um número de acções de formação sem precedentes, envolveu o ensino superior em cerca de uma centena de produções, influenciou planos curriculares, publicou nos seus catálogos inúmeros textos de reflexão, promoveu numerosos debates e conferências, deu a ver aquilo que habitualmente não se via e bateu-se pela recuperação da memória do Porto enquanto cidade das imagens em movimento.


De certa forma, este módulo Como Salvar o Capitalismo/ Outras Paisagens, foi simultaneamente o culminar de um processo e o ponto de partida do que deveria ter sido um novo ciclo. Esse ponto de partida foi o primeiro - e único - Festival de Cinema Documental e Novos Media do Porto, obviamente designado por Odisseia nas Imagens, pensado para diversos equipamentos da cidade, mas cuja sede, no futuro, concretizado o intuito de recuperação do Cinema Batalha, deveria ali ser instalada.


Cinema Batalha. Foto: Francisco Huertas Hernández em El Acorazado Cinéfilo

Essa também a razão pela qual este módulo foi aqui especialmente detalhado. Nele estavam plasmadas as múltiplas valências de uma intervenção articulada, estruturante, pela qual passavam, por exemplo, programação da Cinemateca Portuguesa e a constituição de uma Biblioteca e Filmoteca exclusivamente dedicadas ao Cinema e às imagens do Porto. Terminada a aventura do Porto 2001 - Capital Europeia da Cultura, a Odisseia nas Imagens surgia naturalmente posicionada para dar o seu contributo em termos da programação de Cinema, Audiovisual e Multimédia dos novos equipamentos culturais da cidade, cujos auditórios de pequena e média dimensão se ajustavam a percursos e visões alternativos. O novo festival de que aqui se fala era encarado como elemento fundamental de uma estratégia de internacionalização e de estímulo à Produção nacional e ibérica.


Neste texto apresentam-se as duas competições, a global e a das escolas, e faz-se ainda referência ao fórum Choque das Imagens/ Imagens de Choque que contou com a participação, entre outros, de Ignacio Ramonet e do presidente do Festival su Scoop et du Jourmalisme de Angers, Alain Lebouc. Nos anexos, da autoria de Rui Pereira, há notícia detalhada destes eventos, em particular da conferência de Ramonet que foi participada ao ponto de deixar muitas dezenas de pessoas à porta da Biblioteca Municipal Almeida Garrett.


Godfrey Reggio. Fonte: Santa Cruz Sentinel

Fórum

O Choque das Imagens

Em colaboração com Le Monde Diplomatize

27 – 28 de Outubro

Casa das Artes – Auditório

8 de Novembro

Biblioteca Almeida Garrett


Dia 27 de Outubro

14.15h – 18:15h

Casa das Artes

1. Imagens Globais

Turbulences (1997) de Carole Poliquin, 52’

Painel

Koyaanisqatsi (1982) de Godfrey Reggio, 87’


Dia 28 de Outubro

14:15h – 18:15h

Casa das Artes

2. Equilíbrios Instáveis

L’Age de la Performance (1994) de Carole Poliquin, 53’

Painel

Powaqqatsi (1986) de Godfrey Reggio, 95’


Dia 8 de Novembro

21.30

Biblioteca Almeida Garrett

3. Propagandas Silenciosas

Com o Director de Le Monde Diplomatique Ignacio Ramonet




ODISSEIA NAS IMAGENS


Festival Internacional do Documentário e Novos Média do Porto


De 26 de Outubro a 2 de Novembro de 2001

Casa das Artes


Competição: As Regras do Jogo


A secção competitiva da Odisseia nas Imagens reúne um conjunto de filmes dos quais pode afirmar-se que de algum modo proporcionam um retrato do tempo em que vivemos. Estes filmes tanto nos remetem para o dia de hoje quanto nos solicitam o esforço de memória sem o qual o futuro é imponderável. Estamos, pois, perante uma História a fazer-se, um percurso ao longo do qual as imagens nos interpelam sobre a condição do homem e sobre a cidadania. Mas não só, porque o exercício que é feito ficaria incompleto sem uma reflexão sobre as imagens elas mesmas e o seu peculiar modo de dizer, o que nos coloca no centro dos mecanismos do trabalho de criação.


O documentário é isso mesmo. Uma modalidade discursiva que se inscreve na actualidade recolhendo os signos de diferentes sistemas de significação para proceder subjectivamente à interpelação e ficção do real. Nada mais ambíguo, por isso, do que a reivindicação de um critério de objectividade, mesmo se de carácter informativo, entendido como paradigma de um qualquer modo modo de dizer: toda a narração é construção, toda a construção é consequente do artifício e o artifício o instrumento necessário que promove o ponto de vista da realidade construída. A realidade é, pois, uma consequência da linguagem.


Mas no caso do documentário vai mais além: reclama a par do domínio gramatical e do saber fazer a presença de um olhar diferenciado correspondente a uma visão pessoal do objecto observado. É a metamorfose no âmago da qual, de uma forma aberta, reside, enquanto proposta, a chave da interpretação do mundo ou a expressão das suas perplexidades. Daí que o documentário possa ser considerado o álbum de família de um povo, de um país, do mundo global sobre o qual todos se interrogam. Por isso, o documentário é um bem público.

A selecção competitiva da Odisseia nas Imagens teve em conta este ponto de vista e reflecte, por um lado, a lógica da Programação estruturada em torno dos ciclos Como Salvar o Capitalismo e Outras Paisagens e, por outro, a observância de um critério que procurou dar enfâse à participação ibérica colocando-a em pé de igualdade com a restante participação internacional. Aparecem, assim, lado a lado, obras já premiadas nalguns dos principais festivais internacionais durante 2000/2001 - casos de Sundance, Amesterdão, Rio de Janeiro e Veneza, entre outros - e algumas das obras mais recentes produzidas na Península. Em qualquer dos casos, na sua esmagadora maioria, estaremos quase sempre na presença de filmes que passam pela pela primeira vez em Portugal.


Como sempre acontece nestas circunstâncias, muitos e bons filmes ficaram de fora. Nomeadamente no respeitante à produção nacional houve que promover escolhas nem sempre fáceis, tanto mais que se verificou uma inscrição massiva da produção mais recente. No conjunto, porém, parece-nos que esta competição, com o carácter experimental de que inevitavelmente se reveste, resulta num conjunto equilibrado onde a par de grandes nomes como Sokurov, Barbara Kopple, Chris Hegedus ou Gianikian / Ricci-Lucchi é possível partir à descoberta de autores, nacionais e estrangeiros, cujas primeiras obras criam fundadas expectativas.


Jorge Campos




O Júri


Nina Rosenblum (Presidente)


Nina Rosenblum. Fonte: NetWorthRoll

Documentarista norte-americana nomeada para os Óscares, vencedora de numerosos galardões internacionais e autora de trabalhos distinguidos com prémios Emmy. À frente de uma produtora independente, os seus filmes têm constituído uma fundamentada e sistemática denúncia dos mecanismos censórios nos Estados Unidos. Algumas das suas obras mais conhecidas e premiadas trazem à superfície aspectos dolorosamente silenciados pelo sistema mediático, como, por exemplo, o dispositivo carcerário e a punição penal das mulheres presas políticas nos EEUU.


Diego Mas Trelles


Diogo Mas Trelles. Fonte: Kouzi Productions

1954, franco argentino, é licenciado em realização cinematográfica pelo Instituto Nacional de Cinema de Buenos Aires. Autor de uma extensa obra cinematográfica como realizador, produtor e autor. Foi delegado do canal ARTE junto da RTVE no final da década de 90 e a sua actividade reparte-se pela coordenação e direcção artística de diversos festivais de cinema e audiovisual um pouco por todo o mundo. Participa regularmente como conferencista e professor na área do documentarismo em universidades de Espanha e da Argentina.


Filmografia


Mannequin, 1973; Trains, 1974; Quien te dice..., 1976; Un pays lointain, 1983; Le parc, 1986; Peter Knapp, Eppur Si Muove, 1987; École maternelle, 1988; Les lords du cricket, Seamen’s, Caravanes de la fatigue, Laicité et culte, 1989; Sida, pas une fatalité, Les doigts dans le mixeur, 1990; L’ économie sociale, 1991; Carmen Maura x 5, On ne vit qu’ une fois: La movida, 1992; Karagöz - le théatre d’ombres, Portrait de pelerins sur le chemin de Saint-Jacques, Jacques Lacarriere, El cadaver exquisito, 1993; Al fondo a la derecha, Festival de animation de Cardiff, Cyberculture, 1994; Danseu et grabeu – maleits, Pay Tv around the world, Touchdown, La noche más corta, Centro de atención telefónica, 1995;Hanae akiko, My bikini baby, 1996; Ciel mes bijoux, 1997; Pharos - sentinelles de la mer, 1998.



Amir Labaki


Amir Labaki. Fonte: Pipoca Moderna

Crítico e teórico brasileiro, é o fundador e director do «É Tudo Verdade – Festival Internacional de Documentários», de S. Paulo e Rio de Janeiro. Autor de oito livros sobre cinema e mantendo uma actividade diversificada nas áreas do estudo e da divulgação, foi ainda director do Museu da Imagem e do Som de S. Paulo.


António Loja Neves


Jornalista, faz parte dos quadros do semanário Expresso. Tem o curso da Escola Superior de Teatro e Cinema, licenciatura de Realização, e vem-se dedicando em especial à área do documentarismo. É director de programação dos Encontros Internacionais de Cabo Verde e fez parte da equipa dos Encontros Internacionais de Cinema Documental (Malaposta) desde sua primeira edição, quando acompanhou Manuel Costa e Silva. É membro dos corpos gerentes da AporDoc, Associação pelo Documentário. Comissariou diversas retrospectivas de cinema, nomeadamente para a Culturgest (cinemas Africano, Árabe e da América Latina) e para a Culturporto (cinema Brasileiro). Foi dirigente cineclubista (Cineclube Universitário de Lisboa) e co-fundador da Federação Portuguesa de Cineclubes. Tem colaborado na programação de festivais e mostras estrangeiras, e fez parte de vários júris internacionais. Realizou Ínsula, documentário de raiz etnográfica sobre o arquipélago da Madeira, de onde é natural, e tem em fase de rodagem O Silêncio, sobre um episódio ligado à guerra civil espanhola.


António Loja Neves. Fonte: Desobedoc

Filmes em Competição


26 de Outubro – 02 de Novembro

Casa das Artes – Auditório

Preço: 500 escudos com 50% de desconto para estudantes


Dia 26 de Outubro

18H30


De Zee Die Denkt (The Sea That Thinks) de Gert de Graaf, Holanda 2000, 100’, cor, 35mm

Um escritor, apanhado entre a realidade e a ficção, é confrontado com a grande questão: como ser feliz na vida?


De Zee Die Denkt (The Sea That Thinks), de Gert de Graaf. Este filme foi diversas vezes premiado ou distinguido em 2000/2001, designadamente com o Prémio Joris Ivens no IDFA Amesterdão 2000. Fonte: IDFA

22H00


Senhorinha de José Filipe Costa, Portugal 2001, 38’, cor, Betacam SP


Memória viva de uma sociedade rural portuguesa em confronto com o mundo urbano, Margarida Senhorinha, 69 anos, interroga-se: “E agora para onde vou?”


A Negação do Brasil de Joel Zito Araújo, Brasil 2000, cor, 35mm


Um documentário de longa metragem sobre os preconceitos, tabus e trajectória das personagens negras nas telenovelas brasileiras.


Filme premiado no Festival Internacional de Documentários – É Tudo Verdade (São Paulo) 2001 e no Festival de Cinema do Recife 2001.


Dia 27 de Outubro

18H30


Sverige de Johannes Stjarnan Nilsson e Ola Simonsson, Suécia 2000, 8’, cor 35mm


Na costa Sul da Suécia um homem olha demoradamente o mar. Com uma bússola fixa o Norte. De repente começa a correr. Três dias mais tarde atinge o seu objectivo – Treriksoret, no Norte da Suécia.


Johannes Stjarnan Nilsson e Ola Simonsson. Esta dupla de realizadores tem numerosos prémios em diversos festivais como os de Toronto, Chicago, Copenhaga, Gotemburgo e Vila do Conde. Fonte: KOSTR-FILM

The Last Yugoslavian Football Team de Vuk Janic, Holanda 2000, 83’, Betacam SP


O jogo como metáfora política, ou a desagregação da Jugoslávia a partir da desagregação da sua selecção nacional de futebol.


Vuk Janic é um realizador largamente premiado em Itália, Jugoslávia, França, Monte Carlo, Amesterdão, etc


22H00


Ser Forcado de Mathias Bauer, Portugal 2001, 52’, cor, Betacam SP


Sendo um filme que pretende entender o que significa ser forcado, não é um filme sobre touradas nem pretende explicar o seu sentido.


Auto Bonus de Mika Ronkainen, Finlândia 2001, cor Betacam SP


Um filme hilariante sobre o sonho americano na Finlândia. Uma família falida junta-se à Network Markting com o intuito de ganhar um automóvel novo.


Dia 28 de Outubro

18H30


Enfermeiras do Estado Novo de Susana Sousa Dias, Portugal 2000, 50’, cor Betacam SP


Um decreto salazarista proíbe as mulheres casadas ou viúvas com filhos de exercerem enfermagem nos hospitais civis. Um testemunho espantoso do Portugal dos brandos costumes.


Susana Sousa Dias. Fonte: Delas

A Time of Love and War de Sabrina Mathews, Canadá 2000, 52’, cor Betacam SP


A história recente do mundo através da correspondência de duas mulheres, uma nicaraguense outra canadiana, ao longo de 11 anos. Da luta na guerrilha sandinista ao colapso da União Soviética o que prevalece é o sentido da amizade e solidariedade.


22H00


Las Cenizas del Volcán de Pedro Pérez Rosado, Espanha 2000, 87’, cor, 35mm


Em Janeiro de 1994, no sudeste mexicano, no Estado de Chiapas, estala uma revolta encabeçada pelo Exército Zapatista de Libertação Nacional liderada pelo Comandante Marcos. Seis anos mais tarde, o que está a acontecer em Chiapas? A resposta é dada de forma magistral neste filme de Pedro Pérez Rosado.


Dia 29 de Outubro

18H30


Perdere il Filo de Jonathan Nossiter, Itália 2000, 56’, cor, Betacam SP


Pode a arte ainda ser feita em Florença? Pode ser feita no circuito dos museus e galerias? Lorenzo Pezzatini acredita que sim. Mas para ele a arte é outra coisa: criar um colorido e infinito fio azul-amarelo-vermelho.


Jonathan Nossiter é um realizador consagrado e premiado em festivais como os de Deauville e Sundance.


Pós de Regina Guimarães e Saguenail, Portugal 2000, 48’, cor Betacam SP


Um grupo de crianças visita a exposição “Arritmia, as inibições e os prolongamentos do humano. Essa visita é o ponto de partida para uma interrogação acerca dos projectos e objectos representados. A mão do aleatório parece castigada pelo pulso férreo da ordem, em todos os domínios da criação e da pesquisa, dividindo males, águas e aldeias.


22H00


Francisco Boix Um Fotógrafo en el Infierno, de Llorenç Soler, Espanha 2000, 55’, cor/pb, Betacam SP


As fotografias de Boix, que esteve internado num campo de concentração nazi, serviram de prova no Tribunal de Nuremberga. Mas este retrato de Boix vai muito para além do registo monográfico. Inscreve-se num contexto que investiga a memória e acerta o passo com a História.


Soler é um realizador diversos vezes premiado e distinguido. Boix ganhou já o Grande Prémio do Festival Internacional do Filme de História, Pessac 2000 e foi distinguido com uma menção especial no Festival Internacional de São Francisco 2001.


Sacrifício – Who Betrayed Che Guevara de Erik Gandini e Tarik Saleh, Suécia 2001, 59’, cor, Betacam SP


Ernesto Che Guevara foi executado na Bolívia em 1967. O homem que, mais do que qualquer outro, foi considerado culpado da sua morte foi Ciros Bustos, uma antigo companheiro de Guevara. Hoje, Bustos vive na Suécia.


Sacrifício ganhou o Prémio para o melhor documentário no Festival É Tudo Verdade de São Paulo 2001.

Dia 30 de Outubro

18H30


Mais Alma de Catarina Alves Costa, Portugal 2001, 56’, cor Betacam SP


Um olhar sobre a vida no e fora do palco. O filme segue, em duas ilhas de Cabo Verde, a génese de espectáculos que serão apresentados no Festival de Teatro do Mindelo. Um músico, Orlando Pantera, indica-nos o caminho da inspiração: Mais Alma...


Extranjeros de Si Mismos de José Luis-Linares e Javier Rioyo, Espanha 2000, 84’, cor 35mm.


22H00


Alone de Audrius Stonys, Lituânia 2001, 16’, pb, 35mm


Uma criança parte para visitar a mãe que está na prisão ou o modo de reflectir sobre a solidão sem limites.


O Fato Completo ou à Procura de Alberto de Inês de Medeiros, Portugal/ França 2001, cor 35mm


De início era relativamente simples. Eu procurava um rapaz de origem africana, entre os 16 e os 18 anos, para incarnar o papel de Alberto no filme que eu acabara de escrever. Como não eram actores, pedi aos candidatos que me contassem uma história à escolha. O que me deram foi um bocado de vida, e fizeram-no com uma tal generosidade e autenticidade que era eu quam estava em causa. Seria eu capaz de reencontrar a mesmma força, a mesma emoção?


Dia 31 de Outubro

18H30


Southern Comfort de Kate Davis, EUA 2000, 90’, cor 35mm


Esta é a história do último ano de vida de Robert Eads, um transsexual feminino de 52 anos. Robert realiza finalmente o seu sonho de assistir ao Congresso Southern Confort, em Atlanta, o mais importante fórum transgênero da América do Norte. Morre em seguida.



Southern Confort é o grande Prémio para o Documentário do Festival de Cinema de Sundance 2001.

22H00


No Quarto da Vanda de Pedro Costa, Portugal/ Alemanha/ Suiça 2000, 180’, cor, 35mmm


"A vida só me tem dado desprezos. Morar em casas fantasmas, que outras pessoas deixaram. Estive em casas que nem uma bruxa queria lá morar. Mas também estive em casas que valiam a pena. Todas as casas que eu ocupei eram clandestinas. Foram as casas que as pessoas abandonaram, mas se estivesse lá uma pessoa de bem...eles até nem mandavam abaixo. E olha, foi assim, casa atrás de casa. Já paguei mais pelas coisas que não fiz, que pelas coisas que fiz."


Dia 1 de Novembro

18H30


My Generation de Barbara Kopple, EUA 2000, 103’, cor, 35mm


"A espontaneidade do concerto de Woodstock de 1969 é lendária. Vinte cinco ou trinta anos depois o que resta desse espírito de auto descoberta e de auto afirmação. É sobre isso que Barbara Kopple se interroga em My Generation para concluir, como Allen Ginsberg, que todas as gerações transportam consigo “uma fome divina de algo melhor do que aquilo que lhes foi legado."





22H00


startup.com de Chris Hegedon e Jehane Noujain, EUA 2000, 103’,cor, 35mm


A famosa equipa de documentaristas formada por Chris Hegedon, D.A. Pennebaker e pela recém chegada Jehane Noujain decidiu espreitar os bastidores do volátil fenómeno das empresas tecnológicas (startups) e retratou o agitado desenvolvimento de govWorks.com


Dia 2 de Novemro

15H00


Images d’Orient – “Tourisme Vandale” de Yervant Gianikian e Angela Ricci-Lucchi, France/Italy 2001, 62’ cor e preto e branco, vídeo digital


Images d’Orient – “Tourisme Vandale”, de Yervant Gianikian e Angela Ricci-Lucchi. Fonte: IFFR

Elegiiya Dorogi de Aleksander Sokurov, Russia/Netherlands 2001, 48’, cor, vídeo digital


Que Vivent les Femmes de Laurent Bécue-Renard, França 2000, 82’, cor, vídeo digital



Filmes em Competição (por ordem de apresentação):


De Zee Die Denkt, de Gert de Graaff

Senhorinha, de José Filipe Costa

Negação do Brasil, de Joel Zito Araújo

Sverige, de Johannes Stjarne Nilsson e Ola Simonsson

The Last Yugoslavian Football Team, de Vuk Janic

Ser Forcado, de Mathias Bauer

Auto Bonus, de Mika Ronkainen

As Enfermeiras do Estado Novo, de Susana Sousa Dias

A Time of Love and War, de Sabrina Mathews

Las Cenizas del Volcán, de Pedro Pérez Rosado

Perdere il Filo, de Jonathan Nossiter

Pós, de Regina Guimarães e Saguenail

Francisco Boix, un Fotógrafo en el Inferno, de Llorenç Soler

Sacrifice – Who Betrayed Che Guevara, deErik Gandini e Tarek Saleh

Mais Alma, de Catarina Alves Costa

Extanjeros de si Mismos, de Javier Riuyo

Alone, de Audrius Stonys

O Fato Completo ou à Procura de Alberto, de Inês de Medeiros

Southern Confort, de Kate Davis

No Quarto da Vanda, de Pedro Costa

My Generation, de Barbara Kopple

Start up. com, de Jehane Noujaim e Chris Hegedus

Images d’Orient – “Tourisme Vandale”, de Yervant Gianikian e Angela Ricci-Lucchi

Elegia Dorogi, de Aleksander Sokurov

Que Vivent les Femmes, de Laurent Bécue-Renard


Elegiiya Dorogi (2001) de Aleksander Sokurov. Fonte: Cinefanías

Realizadores e outros convidados representantes dos filmes em competição:


Catarina Alves Costa, realizadora do filme “Mais Alma” (Portugal)

Javier Rioyo, realizador do filme “Extrajeros de Si Mesmos” (Espanha)

Joel Zito Aráujo, realizador do filme “Negação do Brasil” (Brasil)

José Filipe Costa, realizador do filme “Senhorinha” (Portugal)

Llorenç Soler, realizador do filme “Francisco Boix, un Fotógrafo en el Inferno” (Espanha)

Pedro Baptista, representante do filme “Ser Forcado” de Mathias Bauer (Portugal)

Regina Guimarães, realizadora do filme “Pós” (Portugal)

Saguenail, realizador do filme “Pós” (Portugal)

Silvia Lucchesi, representante do filme “Perdere il Filo” de Jonathan Nossiter (Itália)

Susana Sousa Dias, realizadora do filme “As Enfermeiras do Estado Novo” (Portugal)




DECLARAÇÃO DO JÚRI


O júri internacional gostaria de agradecer ao Porto 2001 a oportunidade de tomar contato com uma impressionante seleção de documentários, portugueses e internacionais. Um evento com o grau de excelência da Odisseia nas Imagens cumpre um papel insubstituível no estímulo à produção de documentários e na esfera dos novos media. Os nossos votos são de longa vida ao festival!


Como nenhum outro género, os documentários tornam o mundo contemporâneo menos opaco. Um grande documentário cria uma forma própria que espelha a excepcionalidade do seu tema, ou dos seus protagonistas.


Desafiado pela qualidade dos concorrentes, o júri decidiu outorgar as seguintes menções e prémios:


Menção Honrosa para: “Startup.com” de Jehane Noujaim e Chris Hegedus (Estados Unidos), pelo subtil registo de uma história empresarial que funciona como metáfora actual do sonho americano;

Menção Honrosa para: “Southern Confort”, de Kate Davis (Estados Unidos), pelo acompanhamento sensível de um casal a um só tempo igual e diferente de todos os outros;

Menção Especial para: “Elegia Dorogi” de Aleksander Sokurov (Rússia/França/Holanda), pela originalidade de seu ensaísmo poético;

O prémio de Melhor Filme Ibérico é atribuído a “Extranjero de Si Mismos” de José Luiz López-Linares e Javier Rioyo (Espanha), por combinar arrojo estrutural e raro humanismo na reconstituição da trajetória desconhecida de protagonistas anónimos do século 20;

O prémio de Melhor Filme é atribuído a “Sacrifício – Who Betrayed Che Guevara?” de Erik Gandini e Tarik Saleh (Suécia), pelo tratamento ousado e arrebatador de uma pesquisa que reescreve e humaniza a saga de um mito.



Jehane Noujaim e Chris Hegedus. Fonte: Sundance Institute


COMPETIÇÃO DE ESCOLAS

ODISSEIA NAS IMAGENS


De 13 a 17 de Novembro de 2001

Casa das Artes


Em colaboração com Escola Superior Artística do Porto, Escola Superior de Jornalismo do Porto, Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto, Universidade Católica Portuguesa, Universidade de Santiago Compostela, Universidade do Minho, Universidade do Porto e Universidade Fernando Pessoa.


Considerada estrategicamente como o vector mais importante de toda a Odisseia nas Imagens por estar dirigido para a emergência de novos criadores e o estabelecimento de novos pólos de produção fílmica, a competição de escolas representa o culminar de um trabalho que ligou o universo do cinema e audiovisual ao da academia, designadamente com a inclusão da programação de O Olhar de Ulisses e dos restantes ciclos da Odisseia currículos universitários dos cursos relacionados com o jornalismo, o cinema, a televisão e o multimédia.


Júri de Pré Selecção:


Luís Miguel Duarte (Presidente);

Regina Pessoa;

Rodrigo Affreixo;

Bernard Despomadéres;

Francisco Duarte Mangas.


Acta da reunião final do Júri de Pré-Selecção


Aos 26 dias do mês de Outubro de 2001, pelas 15 horas, nas instalações da Sociedade “Porto 2001”, reuniu o júri de pré-selecção do Festival de Escolas no Noroeste peninsular, integrado no ciclo “Odisseia nas Imagens”, integrado por Luís Miguel Duarte, que presidiu, Bernard Despomadères, Rodrigo Affreixo e Francisco Duarte Mangas, Regina Pessoa.

Começou por proceder à pré-selecção das obras a concurso, tendo chegado aos seguintes resultados:


Documentários

Pirkko

A Saga das Carquejeiras

Porto de Imersão

Nani

É assim a vida

Gerações Siza

Afurada

Um Porto em cada ilha

Fado Menor


Reportagem

Eu sou

Bugiadas – Festa e Paixão

Web. Egg

Balcans

Lembrando Frontao

Sarela Abaixo

Letícia

Porto de Encontros

A rusga


Ficção

Um Filme sem história

Felizes para sempre

Polaroid

Um gesto azul

A Sala

Vale a pena

O meu mundo


Experimental

Porto 2 mil e 1

See TV

Zero

Lugar

Soajo

Mandalas


Animação

A Nuvem

Imprevisível

Um estranho ruído que passa


Total: 34 filmes


Seguidamente, o júri propôs a exibição das obras pré-seleccionadas em oito sessões, cuja programação se sugere:


13 de Novembro


18H30 1ª Sessão

Porto de Imersão, 25’, U. Minho (Doc.)

Felizes para sempre, 17’, U.C.P., (Ficção)

Imprevisível, 4’40, FBAUP (Animação)

Mandalas, 3’, ESAP (Exp.)

Balcans, 10’, USC (Report.)

Tempo Total: 60 ‘


22H00- 2ª Sessão

Polaroid, 10’, FBAUP (Ficção)

Porto de Encontros, 30’, ESJ (Report.)

Pirkko, 15’, ESAP (Ficção)

Estranho ruído que passa, 11’, UCP (Animação)

Tempo total: 66’


14 de Novembro


18H30 3ª Sessão

Um gesto azul, 17’, ESAP (Ficção)

Geração Siza, 36’, ESJ (Doc.)

A Nuvem, 2’, FBAUP (Animação)

Lembrando Fontão, 5’, USC (Report.)

Fado menor, 26’, ESAP (Doc.)

Tempo total: 1h26’


22H00 4ª Sessão

Vale a pena, 10’, UCP (Ficção)

Soajo, 6’, ESAP, (Experimental)

Bugiadas, Paixão e Festa, 23’, U. Minho (Report.)

Sem Título, 19’, UCP (Experimental)

A Saga das Carqueijeiras, 17’, ESJ (Doc.)

Tempo total: 1h15’


15 de Novembro


18H30 5ª Sessão

Eu sou, 31’, UCP (Report.)

Afurada, 26’, U. Minho (Doc.)

Sarela abaixo, 5’, USC (Report.)

Zero, 8’15, ESAP (Experimental)

Tempo total: 70’15

22H00 6ª Sessão

Nani, 37’, UCP (Doc)

See TV, 1’, FBAUP (experimental)

O meu nome, o meu mundo, 9’30, USC (Ficção)

Lugar, 23’, ESAP (Experimental)

Tempo total: 1h11’:


16 de Novembro


7ª Sessão – 18H30

É assim a vida, 23’, UCP (Doc)

A Sala, 14’, UCP (Ficção)

A Rusga, 28’, U.F. Pessoa (Report.)

Web.egg, 5’40, USC (Report.)

Tempo total: 70’


8ª Sessão – 22H00

Um filme sem história, 29´, UCP (Ficção)

Um Porto em cada ilha, 28’, U. F. Pessoa (Doc.)

Porto 2 mil e 1, 2’, FBAUP (Experimental.)

Letícia, 10’, USC (Report.)

Tempo total: 69’


Comentário do Júri de Pré-Selecção

Quantidades/Qualidades


Para o júri e a organização deste festival houve boas notícias e más notícias. Comecemos pelas primeiras: o número de trabalhos a concurso surpreendeu as expectativas mais optimistas. Se uma das ideias dos programadores do sector audiovisual da “Porto 2001” era ligar a programação à produção e esta às escolas, incentivando-as a criarem as suas próprias unidades de produção (e, num cenário ideal, fazendo nascer Produtoras), a contratualização com as escolas da realização de cinco dezenas de filmes deu bom resultado. Estiveram envolvidos centros e cursos da Escola Superior de Jornalismo/Licenciatura em Jornalismo e Ciências da Comunicação da Faculdade de Letras do Porto, da Universidade de Santiago de Compostela, da Universidade do Minho, da Universidade Católica Portuguesa, da Faculdade de Belas Artes do Porto, da Escola Superior Artística do Porto e da Universidade Fernando Pessoa.


Saliente-se que todos os filmes têm qualidade boadcasting, o que obrigou a alguns investimentos sérios no equipamento.


Sendo, todos eles, trabalhos escolares, uns constituem primeiras obras, outros são da autoria de profissionais; isso explica parcialmente a extrema heterogeneidade do conjunto.


Passemos às notícias menos boas: surpreendeu a escassa quantidade de filmes de animação (apenas três), numa cidade e numa região com forte tradição nessa área. Surpreendeu ainda, nos filmes de ficção, a debilidade dos argumentos, a escassa qualidade narrativa e, talvez resultando das duas primeiras, a fraca direcção de actores.


Os filmes experimentais são, globalmente, agradáveis surpresas. As reportagens e os documentários, inversamente, ficam aquém do esperado: relativamente bem feitas mas demasiado iguais, com estruturas narrativas repetitivas, previsíveis, algo falhas de ideias.


Se há, em geral, boas bandas sonoras, a captação de som em exteriores ou em salas com muito movimento (cafés, sedes de associações), é deficiente. Também no que diz respeito à montagem nos apercebemos de que há, ainda, muito a aperfeiçoar. A fotografia é quase sempre correcta nas reportagens e documentários, menos conseguida nas ficções.


Dito isto, julgamos que se criaram algumas parcerias interessantes e se instalou boa capacidade de produção. Parece aberto o caminho para a institucionalização deste Festival do Noroeste Peninsular, em colaboração com a Universidade de Santiago de Compostela e pressupondo sempre uma forte componente académica.


Fica, sobretudo a convicção de que no Porto, será possível a curto prazo fazer documentários, curtas metragens e animação de qualidade.


Luís Miguel Duarte

Presidente do Júri de pré-selecção


Júri da Competição:

Djalme Neves (RTP);

Luís Urbano (Festival Internacional de Curtas Metragens de Vila do Conde);

Helena Santos (Casa da Animação);

Belmiro Carvalho (Cinanima)


Acta do Júri (Competição)

O Júri, reunido às 0 horas e 30 minutos do dia 17 de Novembro de 2001, na Casa das Artes, deliberou, por unanimidade:


Considerar altamente louvável e profícua a iniciativa da Sociedade Porto 2001 em celebrar com diversas escolas do norte de Portugal e da Galiza, um conjunto de protocolos que possibilitou a organização deste Festival.


Destacar a elevada e entusiástica participação das escolas e dos estudantes no evento.


Menções Honrosas


O Júri deliberou atribuir duas Menções Honrosas: Pelo rigor da estrutura formal e segurança em aspectos técnicos, ao filme de ficção “Feliz para Sempre”, de David Fialho, com produção da Universidade Católica Portuguesa..


Pela dimensão telúrica desta real ópera de silêncios, e pela capacidade de composição estética ao filme “Soajo”, realização colectiva com produção da Escola Superior Artística do Porto.


Decidiu atribuir:


O Prémio de Ficção, pela irreverência, humor e sentido crítico, ao filme “Meu Nome, Meu Mundo” de Lijó e Meixide, produção da Universidade de Santiago de Compostela.


Pela consistente articulação entre animação e fotografia, bem integrada na estrutura narrativa, o Júri deliberou atribuir o Prémio de Animação ao filme “Um Estranho Ruído que Passa”, de Alice Azevedo, Joana Araújo e Mónica Santos, com produção da Universidade Católica Portuguesa.


Na categoria de Reportagem, pela actualidade do tema, pela descoberta que possibilita de numa realidade quotidiana tão presente e pela capacidade de comunicação, o Júri deliberou atribuir o Prémio ao filme “Eu Sou”, de Cristina Verdú, com produção da Universidade Católica Portuguesa.


Pela carga simbólica que atravessa o processo da memória, no confronto latente das emoções e dos afectos com a crueza das imagens visuais e sonoras, o Júri deliberou atribuir o Prémio na categoria de Filme Experimental, ao filme “Lugar”, de André Gonçalves, com produção da Escola Superior Artística do Porto.


Na categoria de Documentário, pela riqueza documental, cuidado na pesquisa e forte dimensão humana, o Júri deliberou atribuir o Prémio ao filme “A Saga das Carquejeiras”, de Sara Ferreira e Vânia Silva, com produção da Escola Superior de Jornalismo do Porto.


Finalmente, pela invulgar qualidade global, com destaque para a estrutura narrativa, expressão artística, desempenho e direcção de actores, utilização da fotografia e dramartugia, o Júri decidiu atribuir o Grande Prémio ao filme “Um Filme sem História”, de Daniel Ribas e Pedro Cruz, com produção da Universidade Católica Portuguesa.


O Júri não pode deixar de chamar a atenção das instiuições da região para a responsabilidade de não deixar morrer ou esmorecer esta iniciativa. Bem pelo contrário, devem revitalizá-la e alargá-la pelo seu valor estruturante no panorama cultural, designadamente no audiovisual.


Outros Participantes:


Professores e alunos da Universidade de Santiago de Compostela:

Ana Golgar Salgado

Anxela Caramés

Beatriz F. Paredes

Carlos Neira

Comba C. Garcia

Laura S. Filgueiras

Marcos Perez Pena

Raquel Castro

Silvia Pardo

Xosé Soengas Perez



Encerramento do ciclo O Olhar de Ulisses 4 - Resistência

2 de Novembro de 2001, Grande Auditório Rivoli – 22H00


Limelight de Charlie Chaplin


Limelight (1952) de Charlie Chaplin

Encerramento do ciclo «O Olhar de Ulisses» - Chaplin, o grande resistente, no cair do pano deste ciclo. Revisitação à dor e ao riso na prodigiosa história de Calvero, o comediante que perde as graças do palco.


Sessão de encerramento da Odisseia nas Imagens com Claudia Cardinale

«O Leopardo» de Visconti

4 de Novembro de 2001, Grande Auditório Rivoli – 22H00


O Leopardo (1963) de Luchino Visconti

Um clássico na despedida. «O Leopardo» e Visconti, dispensam adjectivos. Simbolicamente, um regresso à pureza do cinema no tempo em que a mentalidade do “visual” de massas ameaça a cultura deslumbrada e singular da imagem. Um acto e um hino de Resistência.




Sessão de encerramento de Como Salvar o Capitalismo/ Outras Paisagens

A Greve, de Eisenstein - com música de Pedro Guedes

(Filme Concerto)

3 de Novembro de 2001

Rivoli Teatro Municipal – Grande Auditório - 22H00


Cerimónia de entrega dos prémios de competição do I Festival Internacional do Documentário e Novos Media do Porto e encerramento do ciclo Como Salvar o Capitalismo. Projecção do clássico A Greve de Sergei Eisenstein. A «montagem polifónica», na definição do próprio Eisenstein em conjugação com a música ao vivo do compositor Pedro Guedes.


Participantes:


Pedro Guedes

João Paulo Pinto

Olavo Tengner Barros

José António Pinto

Rui Pedro Teixeira

Rogério Paulo Ribeiro

Filipe Ernesto Teixeira

Carlos Azevedo

Andrés Pablo Zubiaurre

Paulo Perfeito

José Luís Rego



A Greve (1924) de Sergei Eisenstein


(Continua)


ANEXO 1



Porque é que os ricos são cada vez mais ricos e os pobres cada vez mais pobres? Turbulances (1998) de Carole Poliquin. Fonte: ONF

IGNACIO RAMONET NA ODISSEIA NAS IMAGENS


BIBLIOTECA ALMEIDA GARRET, 5ª feira, dia 8, 21H30


O director do «Le Monde Diplomatique», Ignacio Ramonet, dará na próxima quinta feira, 8 de Novembro, pelas 21H30, no auditório da Biblioteca Almeida Garret, uma conferência intitulada «Propagandas Silenciosas». A presença de Ramonet encerra o ciclo de debates e projecções sob o título genérico «O Choque das Imagens», organizado em colaboração com o mensário francês pelo Departamento de Cinema e Audiovisual da Sociedade Porto 2001 e inserido no último módulo da «Odisseia nas Imagens».


Ramonet abordará a temática da manipulação informativa em geral e, à semelhança do seu mais recente livro, intitulado precisamente «Propagandas Silenciosas, focará a deriva manipulatória promovida no seio do próprio campo cinematográfico.


Diversas personalidades portuguesas e estrangeiras passaram já pelo ciclo «O Choque das Imagens», discutindo tanto o modo como, nos dias de hoje, as imagens nos interpelam e as modalidades em que as interpelamos nós, também.


Nas sessões «Imagens Globais» e «Equilíbrios Instáveis», as duas anteriores, participaram diversos convidados que se encontravam a participar nas actividades da «Odisseia nas Imagens 4.0», bem como o director da edição portuguesa do «Le Monde Diplomatique», António Borges Coelho, o psiquiatra e especialista em cinema António Roma Torres, a cineasta e professora da Galiza, Margarida Ledo Andión, o investigador e académico da Universidade Fernando Pessoa, Jorge Pedro Sousa, ou a jornalista Diana Andringa.


Nessas sessões foram ainda exibidos quatro documentários de grande impacto sobre a realidade global contemporânea: «Turbulences» e «L’ Âge de la Performance», da cineasta canadiana Carole Poliquin, que no conjunto fornecem um olhar perturbador sobre a realidade da globalização. De Godfrey Reggio foram apresentados «Koyaanisqatsi» e «Powaqqatsi» dois notáveis filmes de um tetralogia que, substituindo as palavras por uma poderosa banda sonora original de Philip Glass, constituem um ensaio cinematográfico de grande universalidade.


«Propagandas Silenciosas», de Ramonet, encontra-se publicado em português pela editora do Porto «Campo das Letras», que também edita a edição em língua portuguesa do «Le Monde Diplomatique», presentemente com uma circulação que ronda os 10 mil exemplares. De Ignacio Ramonet, a mesma editora possui em catálogo a obra «A Tirania da Comunicação»


Ignacio Ramonet, além de jornalista e professor universitário, é hoje uma das vozes que mais lucidamente analisam a contemporaneidade e o fenómeno comunicacional à escala planetária.


ANEXO 2


Ignacio Ramonet. Fonte Wikipédia

IGNÁCIO RAMONET NA ODISSEIA NAS IMAGENS (1)

«OS ESTADOS UNIDOS ESTÃO A PERDER A GUERRA MEDIÁTICA»


O director do «Le Monde Diplomatique» sustentou na quinta feira à noite, no Porto, que «os Estados Unidos estão a perder a guerra mediática», considerando que, na batalha das imagens, Osama Bin Laden «surge como o grande encenador e realizador, o verdadeiro Cecil B. Demille» dos acontecimentos de 11 de Setembro e posteriores. Ignacio Ramonet falava no encerramento dos debates de «O Choque das Imagens», um dos segmentos da iniciativa «Como Salvar o Capitalismo», inserida no quarto e último ciclo da Odisseia nas Imagens, título genérico da programação do Departamento de Cinema e Audiovisual da Sociedade Porto 2001 – Capital Europeia da Cultura. Constatando como «a lei» que vem desde a guerra do Vietname segundo a qual as guerras se ganham ou perdem, indissociavelmente, nas frentes militar e mediática, Ramonet explica essa dinâmica de desaire, antes de tudo, porque, neste caso e ao contrário do que se passou no Kosovo ou no Golfo, «a iniciativa da guerra mediática é detida pelos autores do atentado» que situaram o conflito no terreno dos «objectivos simbólicos». O que Bin Laden fez, antes de tudo, foi «impor aos media norte-americanos as imagens que ele deseja». A imagem do impacto dos aviões «contém todos os elementos hiperdesejados pelo sistema comunicacional e televisivo ocidental. É uma imagem tão forte que elimina o comentário, dispensa-o. O sistema mediático norte-americano sofreu com essas imagens um impacto tão poderoso, quanto o das torres gémeas com o embate dos aviões», analisou o director do «Le Monde Diplomatique» Ramonet observou criticamente as decisões «censórias à maneira totalitária» tomadas pela administração norte-americana, como a que interditou a difusão de imagens das vítimas. «Censurou-se o facto de que os corpos americanos pudessem ser vítimas dos atentados, numa tentativa de ocultar a fragilidade americana». Considerando «compreensível» esta política, Ignacio Ramonet analisa, todavia, que ela conferiu «a esse gigantesco crime uma aparência abstracta, desumanizada, comparável à imagem de um qualquer jogo de vídeo». Desta forma, prossegue Ramonet, o grande drama americano que podia ter suscitado, e a princípio suscitou a compaixão da opinião pública ocidental, tem visto esse sentimento vir a diluir-se. «Penso que esta ocultação das vítimas foi um erro. Aliás, um erro repetido», sustentou o comunicólogo francês, comparando a situação à ocorrida em 1941, quando os Estados Unidos proibiram a difusão de imagens de vítimas humanas do ataque japonês a Pearl Harbor, para só dois anos depois, em 1943, «com o objectivo de mobilizarem a sua opinião pública para o desembarque na Europa, autorizarem que elas fossem exibidas». Pelo contrário, os taliban, desde que começou a guerra, a 7 de Outubro, estão a mostrar as vítimas civis, através dos correspondentes e da cadeia Al Jazira, fazendo, assim, com que «uma imagem com duas ou três crianças mortas tenha tanta força como os cinco mil mortos invisíveis norte-americanos». Num outro registo, Ignacio Ramonet criticou a reacção informativa dos profissionais dos media norte-americanos após o 11 de Setembro, que classificou de abandono das regras jornalísticas que eles próprios criaram. «Todos os critérios do bom jornalismo moderno não estão a ser por eles aplicados. Demitiram-se colectivamente, numa autocensura generalizada, cujas excepções foram duramente sancionadas. O profissionalismo foi substituído, digamos, pelo patriotismo, gerando um discurso abolutamente unanimista em torno dos princípios da unidade nacional. Isto verificou-se e estendeu-se até pontos inimagináveis». Só agora, «um mês e meio depois», começam a evidenciar-se os primeiros sinais de retoma do sentido crítico, comentou o director do «Le Monde Diplomatique», sem deixar de assinalar como este facto suscitou a perplexidade e «uma imensa decepção dos profissionais europeus e internacionais do jornalismo».



ANEXO 3


11 de Setembro 2001. Fonte: Reuters

IGNÁCIO RAMONET NA ODISSEIA NAS IMAGENS (2)

«AL JAZIRA É UMA ESTAÇÃO MUITO RIGOROSA E MUITO PROFISSIONAL»


O director do «Le Monde Diplomatique» defendeu na quinta feira à noite, no Porto, que «a cadeia televisiva Al Jazira é uma estação muito séria, feita por jornalistas muito sérios, a maioria dos quais formada nas melhores escolas práticas do jornalismo ocidental». Ignacio Ramonet falava no encerramento dos debates de «O Choque das Imagens», um dos segmentos da iniciativa «Como Salvar o Capitalismo», inserida no quarto e último ciclo da Odisseia nas Imagens, título genérico da programação do Departamento de Cinema e Audiovisual da Sociedade Porto 2001 – Capital Europeia da Cultura.


Depois de considerar que os Estados Unidos «estão a perder a guerra mediática», Ramonet analisou em profundidade múltiplos aspectos da «guerra de imagens» que corre em paralelo com as acções militares norte-americanas no Afeganistão e teceu críticas à política ocidental de restrição dos media.


Sobre a reacção dos poderes ocidentais ao trabalho da Al Jazira, o director do Diplomatique situou-a no campo das mentalidades. «Ao dizer que a estação era um instrumento ao serviço de Bin Laden, a administração norte-americana cometeu um erro evidente. Era falso. Aliás, começaram já a mudar de atitude» a este respeito. Mas, «por que cometeram este erro?», inquiriu Ramonet: «Porque apesar de ser uma cadeia muito rigorosa e muito profissional, a Al Jazira dá as suas notícias a partir de um ponto de vista árabe do problema. Reflecte-o, ainda que inconscientemente», respondeu.


E a administração norte-americana e a CNN «não aceitam isso, o que significa que para eles só o âmbito americano, ou ocidental é normal. Todos os que se situem fora desse âmbito, por mais rigoroso e profissional que seja, transformam-se num adversário do Ocidente», analisou o comunicólogo francês para sustentar como «isto nos dá bem a medida de até que ponto os meios de comunicação ocidentais estão imersos numa ideologia que não conseguem ver, a ideologia dos princípios e valores das sociedades a que pertencem». Trata-se de princípios e valores «respeitáveis, como respeitáveis são os princípios e valores do mundo árabe, sobretudo quando o trabalho se faz com qualidade e rigorosamente», apreciou o conferencista.


Mas é a partir desta atmosfera mental que os media norte-americanos aceitam que não se difunda as cassetes com declarações de Bin Laden, originando uma «tal intimidação que, por exemplo, a principal cadeia francesa de televisão omitiu as imagens da mais recente mensagem de Bin Laden, na linha justificativa de que pudessem existir mensagens ocultas dirigidas a comandos da organização Al Qaeda». Comparando com o seu último livro, «Propagandas Silenciosas», justamente sobre a subliminaridade das mensagens difundidas pela cinematografia e imagética televisiva norte-americana, Ignacio Ramonet ironizou dizendo que a administração norte-americana está a «dar um curso rápido de semiologia para mostrar como as imagens significam. Mas, só as de Bin Laden. Porque durante 50 anos esqueceram-se de dar qualquer lição semiológica sobre como funcionam o condicionamento e a manipulação dos espíritos a partir das telenovelas americanas, dos seus westerns e do seu cinema de terror, ou de catástrofe».


Ramonet traçou ainda um paralelo entre a «habilidade comunicacional de Bin Laden» e das suas mensagens «curtas, de três ou quatro minutos, muito simples e tecnicamente cuidadas», com as produzidas pelos iraquianos na Guerra do Golfo, fornecendo exemplos concretos «das desastrosas imagens produzidas pela máquina propagandística de Saddam Hussein» e que se viraram contra eles. O que parece, concluíu o director do «Le Monde Diplomatique», é que «os americanos ganharam brilhantemente a guerra mediática no Golfo mas, ao mesmo tempo, não perceberam por que a perdeu Saddam. E, essas, são duas coisas muito diferentes», disse.


ANEXO 4


Osama bin Laden. Fonte: Exame

IGNÁCIO RAMONET NA ODISSEIA NAS IMAGENS (3 - FIM)


GUERRA «LEGÍTIMA», SOCIEDADE «ORWELLIANA»

O director do «Le Monde Diplomatique» considerou na quinta feira à noite, no Porto, como «legítimo» o ataque dos Estados Unidos ao Afeganistão, «porque ao contrário do sucedido com o Golfo ou o Kosovo, esta guerra está autorizada pelo Conselho de Segurança da ONU». Todavia, Ramonet não deixou de estabelecer à cabeça dos impactos negativos do 11 de Setembro, «a marginalização absoluta das Nações Unidas» que, ironizou, para «nos lembrarmos de que existem, tiveram de lhes atribuir o Nobel da Paz». Ignacio Ramonet falava no encerramento dos debates de «O Choque das Imagens», um dos segmentos da iniciativa «Como Salvar o Capitalismo», inserida no quarto e último ciclo da Odisseia nas Imagens, título genérico da programação do Departamento de Cinema e Audiovisual da Sociedade Porto 2001 – Capital Europeia da Cultura.


O comunicólogo francês garantiu ainda que efectivamente «existem provas das ligações da Al Qaeda com os autores materiais dos atentados de 11 de Setembro», evidências que «os Estados Unidos exibiram sob a condição de confidencialidade», por razões operacionais, «aos aliados europeus e outros. Desta guerra podem dizer-se muitas coisas –acrescentou-, mas não que é ilegítima. Outro assunto é saber se os métodos que estão a ser utilizados são ou não os mais adequados. A mim não me parece que sejam». Além dos problemas geoestratégicos naquela região do mundo, derivados de uma eventual «desestabilização do Paquistão, posto o que o conflito pode atingir um patamar nuclear», Ignacio Ramonet lembrou uma dezena de fracassos recentes dos Estados Unidos na captura de individualidades non gratae. «Apenas tiveram êxito no caso de Noriega», ressalvou. Por isso, uma rápida captura de Bin Laden parece «fortemente improvável». Por outro lado, se o derrube do regime afegão parece mais viável, o director do «Le Monde Diplomatique» lembrou como «isso não significa o fim dos taliban, que passarão a um conflito de guerrilha» com consequências incalculáveis. «Esta guerra está a ser conduzida à beira do abismo», definiu.


Ignacio Ramonet sublinhou ainda, a propósito da advertência norte-americana de que a guerra contra o terrorismo pode arrastar-se por 50 anos, que uma tal orientação pode conduzir a «uma nova guerra fria». Algo «que pode transformar-se numa destruição sistemática das nossas liberdades. Podemos estar a criar uma sociedade orwelliana de controlo. Essa será mais uma das culpabilidades de Bin Laden», sustentou, ilustrando com a presente situação nos Estados Unidos: «apenas passou um mês e meio sobre os ataques e há 1200 presos incomunicados, sem notas de culpa, nada sabemos do que se passa com essas pessoas, ao mesmo tempo que alguns pedem já a legalização da tortura. Em tão pouco tempo atingiu-se uma situação extremamente preocupante», considerou.


Comentando os milhares de rumores que têm envolvido as acções militares e informativas, o académico francês considerou que eles constituem actos de resistência social. «Sempre que numa sociedade a informação é censurada, quando toda a informação provém do poder, a sociedade responde de duas maneiras: com o humor e com o rumor». Será precisamente o que está a passar-se, segundo Ramonet, para quem «apesar de muita, toda a informação é hoje a mesma. A sociedade está convencida de que a informação é manipulada. De que a informação não é um contrapoder, mas um poder tão repressivo quanto o poder político. É daí que surge e prolifera o rumor». Para ilustrar a fragilidade da democracia ocidental Ramonet agregou ainda a comparação entre a vitória eleitoral de Berlusconi e a recente eleição de Michael Bloomfeld para «mayor» de Nova Iorque: «dois milionários que se apoderam, compram, redes de comunicação e com estes elementos (dinheiro e habilidade comunicacional) conseguem quase automaticamente o poder político, sem que as forças políticas tradicionais possam opor-se-lhes, o que resulta na transformação das eleições, um momento capital da democracia, num mero protocolo».


Ramonet anunciou ainda o título do seu próximo livro: «As novas Guerras do Século XXI».


ANEXO 5


Fonte: DW

SELECÇÃO DE FOTOJORNALISMO MUNDIAL

EM EXPOSIÇÃO NA ODISSEIA NAS IMAGENS


Imagens do choque


Uma centena de fotografias galardoadas no Festival de Angers. Cem quadros de uma história de que todos fazemos parte, nem que, apenas, pela via do choque. Integrada no Ciclo Como Salvar o Capitalismo da Odisseia nas Imagens a selecção das melhores imagens de 15 anos de edições do «Festival International du SCOOP et du Journalisme» estará patente ao público entre 21 de Outubro e 12 de Novembro próximos, na Casa das Artes no Porto. Uma emoção perturbadora. Fragmentos da História de um tempo para o qual se anunciara, ironicamente, o fim da História.


A exposição insere-se nas iniciativas do primeiro Festival Internacional do Documentário e dos Novos Media do Porto, e transporta-nos da Praça Tian An Men ao martírio quotidiano da Argélia em 1997. Do muro de Berlim à fome na Somália ou no Sudão. Dos massacres no Ruanda aos bombardeamentos do Kosovo.

Na opinião do director do Festival de Angers, Alain Lebouc, para além do concurso anual reservado aos profissionais da informação audiovisual de todo o mundo, «o fundamental é o aspecto didáctico e pedagógico de que se reveste» uma realização deste tipo. «Sem um jornalismo livre não existem liberdade nem democracia. Mas esse jornalismo deve poder ser entendido por todos. Daí a necessidade de o explicar ao maior número possível de pessoas. Trata-se de um procedimento de cidadania», define Lebouc.


A selecção de imagens premiadas em Angers até ao ano 2000 foi apresentada nesse ano na Praça Tian An Men, nas instalações do palácio da Revolução, em Pequim, uma parceria com a agência noticiosa «Nova China». Depois disso, as imagens do chocante mundo em que nos coube viver têm sido exibidas em diversos países, chegando agora ao Porto, numa iniciativa do Departamento de Cinema, Audiovisual e Multimédia do Porto 2001, Capital Europeia da Cultura.

Através da mostra, «o público pode ficar a conhecer a actualidade mundial (...) uma espécie de “stop and go” que nos permite avaliar o estado em que se encontra a nossa sociedade: documentos frequentemente chocantes, por vezes difíceis, que são o reflexo da Humanidade. Um reflexo que nunca poderíamos obter sem os jornalistas», enaltecem os organizadores de Angers.


Anualmente, o festival de Angers, realizado sob a égide da UNESCO e do Centro Nacional de Recherches Scientifiques reúne mais de 40 mil visitantes, 10 mil dos quais participam nos debates, conferências e discussões abertas suscitadas pelas imagens expostas e a concurso. O Festival International du Scoop et du Journalisme tem como presidente honorário Edward Behr, da revista norte-americana «Newsweek». É o melhor e mais expressivo da sua história que agora nos é dado ver.


ANEXO 6



De: Departamento de Cinema e Audiovisual

Porto 2001 SA – Capital Europeia da Cultura


Aos professores e alunos

das cadeiras e cursos de artes


Está em curso, no âmbito do último módulo da «Odisseia nas Imagens», um ciclo de Instalações integrado na iniciatica «Outras Paisagens» no mundo do cinema, do audiovisual e da aplicação a este universo das novas possibilidades tecnológicas, designadamente da utilização pioneira da informática.


A invulgaridade e a extrema qualidade dos projectos em apresentação levaram-nos a pensar na sua rentabilização em termos de visitantes e da própria cidade Capital Europeia da Cultura. Sem excluir nenhuma categoria possível de públicos, pelas suas características, estes projectos adequam-se de forma particularmente perfeita a um público escolar, em especial das áreas artísticas. Quer no âmbito do Ensino Secundário, quer no âmbito do Superior nestas disciplinas.


Assim, informamos especificamente cada escola da realização destas Instalações e da possibilidade de as visitar gratuitamente, em grupo, convidando-vos a organizar um percurso pelo conjunto de todas ou de parte delas, durante todas as tardes a partir das 14 horas de segunda-feira, 29 de Outubro.


MOAGENS HARMONIA - instalação de Irit Batsry, «To Leave and to Take». Três toneladas de arroz distribuídas de acordo com o critério artístico da instalação pontificam entre um mundo de imagens gigantes, onde o espectador se perde. (Até 25 de Novembro)


ESPAÇO ARTES EM PARTES - «Zone», de Françoise Lavoie Pilote. Uma multiplicidade de estruturas sonoras e visuais servem de suporte à história de três gerações de mulheres da mesma família. Uma insólita viagem pela evolução dos valores, a perda das tradições, a influência das origens, a natureza e as suas marcas em nós. (Até 25 de Novembro)


MUSEU DE SERRALVES (Capela) - «Elle et la Voix», de Catherine Ikam e Louis-François Fléri. Em plena capela, o visitante torna-se interlocutor de uma entidade visual e sonora, virtual, que interage com e em função dele. (Entrada Gratuita, mas sujeita a marcação prévia. Contactar Serralves – Até 11 de Novembro)


MUSEU DE SERRALVES (Espaço multi-usos) - «Des Rives» de Yann Beauvais, um périplo singular por Nova Iorque, nas imagens e nos sons de uma concepção vanguardista. «Invisible Shape of Things Past», de Joachim Sauter, uma viagem através da arquitectura da informação, em torno do espaço e do tempo. (Entrada Gratuita, mas sujeita a marcação prévia. Contactar Serralves. Até 11 de Novembro)


MUSEU DE SERRALVES (Sala Pequena) - «Invisible Shape of Things Past», de Joachim Sauter, uma viagem através da arquitectura da informação, em torno do espaço e do tempo. (Entrada Gratuita, mas sujeita a marcação prévia. Contactar Serralves – Até 11 de Novembro)


«LABIRINTHO» -«Palavra Desordem», de Arnaldo Antunes (ex-Titãs). A galeria será seccionada em duas salas e um hall contaminados com palavras que se iluminan ou escondem, surgindo em ritmos e intensidades diferentes. Vozes que lêem colagens de textos e intervenções gráfico-poéticas rodearão o público. Um cerco obsidiante, que alastra das paredes ao chão e ao tecto. ( Só horário nocturno. Até 25 de Novembro)


Para esclarecimentos adicionais, consultar o site da Capital Europeia da Cultura ( HYPERLINK "http://www.porto2001.pt" http://www.porto2001.pt)


Esperando a V/a adesão a mais esta iniciativa a pensar na cidade e nos que a habitam, remetemos as melhores saudações.


Pelo Departamento de Cinema e Audiovisual da Porto 2001 SA



Porto, 24 de Outubro 2001



ANEXO 7



COMPETIÇÃO DE ESCOLAS ABRE COM 34 FILMES SELECCIONADOS

ODISSEIA NAS UNIVERSIDADES


De 13 a 17 de Novembro a Casa das Artes acolhe 35 filmes seleccionados para a competição de escolas da «Odisseia nas Imagens». Com sessões diárias às 18H30 e 22H00, o Festival de Competição de Escolas é produto de uma triagem de 80 películas submetidas a concurso pelos alunos de sete universidades do Porto e Santiago de Compostela, ao abrigo de protocolos celebrados entre a academia e o Departamento de Cinema e Audiovisual da Sociedade Porto 2001 – Capital Europeia da Cultura.


Cursos de pós-graduação em documentarismo, curtas metragens e jornalismo televisivo foram, de resto, realizados a partir da programação de O Olhar de Ulisses e da restante programação da Odisseia nas Imagens.


No texto de apresentação da selecção de filmes, o júri começa por assinalar como «o número de trabalhos a concurso surpreendeu as expectativas mais optimistas»: 80 filmes apresentados, para uma contratualização inicial de 50. O júri destaca ainda o facto de todas as películas «terem qualidade broadcasting» com o inerente esforço de investimento sério em equipamentos que isso representou para as universidades envolvidas: Universidade Católica, Escola Superior de Jornalismo do Porto, Universidade do Minho, Faculdade de Belas Artes do Porto, Escola Superior Artística do Porto, Universidade Fernando Pessoa e Universidade de Santiago de Compostela.


Um protocolo entre a Sociedade Porto 2001 e a RTP salvaguarda a possibilidade de a televisão pública difundir algum dos trabalhos agora apresentados a concurso. A competição está estruturada em cinco modalidades. Documentário (nove filmes), Reportagem (9 filmes), Ficção (sete filmes), Experimental (sete filmes) e Animação (três filmes), no total de 35.


A escassez de filmes de animação foi considerada pelo júri como um dos factores menos positivos da iniciativa, dada a «forte tradição» existente nessa área na cidade e na região. No documento subscrito pelos jurados, Luís Miguel Duarte (presidente), Bernard Despomadères, Rodrigo Affreixo, Francisco Duarte Mangas e Regina Pessoa, considera-se que « se criaram algumas parcerias interessantes e instalou-se uma boa capacidade de produção. Parece aberto o caminho para a institucionalização deste Festival do Noroeste Peninsular, pressupondo sempre uma forte componente académica».


O júri destaca ainda na sua avaliação que se «os filmes experimentais são, globalmente, agradáveis surpresas», já as reportagens e os documentários, inversamente, ficam aquém do esperado», notando ainda os responsáveis pela pré-selecção alguma «debilidade dos argumentos, escassa qualidade narrativa e, talvez resultante das duas primeiras, uma fraca direcção de actores» no respeitante às ficções. Todavia, o júri sublinha «a extrema heterogeneidade do conjunto» dos trabalhos, que se em alguns casos constituem primeiras obras, noutros «são da autoria de profissionais».


Junta-se calendário completo da programação do Festival de Competição de Escolas "Odisseia nas Imagens" (Ver acima ata do Júri).



Atualizado: 20 de out. de 2023


Este texto e o próximo respeitam ainda ao módulo 4.0 da Odisseia nas Imagens intitulado Como Salvar o Capitalismo/ Outras Paisagens. Uma das características da Programação de Cinema, Audiovisual e Multimédia do Porto 2001 - Capital Europeia da Cultura foi a a diversidade sustentada pela qualidade das parcerias estabelecidas. Assegurar a participação e o envolvimento de estruturas fortemente enraizadas como os festivais de cinema, as universidades e outros estabelecimentos do ensino superior foi uma prioridade. Assim, a Odisseia nas Imagens apoiou e integrou múltiplas iniciativas de modo a construir um mosaico do qual fosse possível tirar partido de sinergias existentes.


Em 2001, o Cinanima organizado pela Cooperativa Nascente, de Espinho, comemorou o seu 25º aniversário. Concomitantemente, a Casa da Animação dava os seus primeiros passos. Daí a presença na fase final da Programação do Porto 2001 de um grande número de eventos ligados ao Cinema de Animação e aos seus autores. De igual modo, sendo esse um período coincidente com a abertura de um novo ano escolar, verificaram-se diversas acções de formação apoiadas pela Odisseia nas Imagens.


Pinocchio (1999) de Gianluigi Toccafondo.

Na próxima publicação, para concluir a parte dos módulos, far-se-á referência a O Choque das Imagens, outro segmento de Como Salvar o Capitalismo/ Outras Paisagens, bem como à vertente competitiva da Odisseia nas Imagens, quer a nível profissional, quer das escolas. Mais adiante, finalmente, dar-se-á conta da apreciação crítica então feita da Programação, designadamente quanto ao cinema documental que era um dos vectores fundamentais.


Os cinco anexos que aqui se juntam no final, todos da autoria de Rui Pereira, respeitam à comunicação, em conferência de imprensa, da totalidade dos eventos de Como Salvar o Capitalismo/ Outras Paisagens.


Retrospectiva de Mercedes Gaspar

Casa da Animação

De 8 a 12 de Outubro de 2001

Casa das Artes


Mercedes Gaspar: Licenciatura em Ciências da Informação (ramo de Imagem e Som), pela Universidade Complutense de Madrid; Licenciatura em Geografia e História, pela Universidad Nacional de Educacíon a Distancia (Espanha); Doutoramento em Imagem e Som, tese sobre “Outras técnicas de animação na década de 90 em Espanha”.

Outros estudos

Curso técnico, especialização em realização, pelo Instituto Oficial de Radio y Televisión.

Curso de dirección Escénica de Teatro, pela Real Escuela Superior de Arte Dramático.

Diploma em Solfejo e Piano, pelo Real Conservatorio de Música de Zaragoza.


Mercedes Gaspar. Fonte: Panorama Audiovisual

Filmografia (argumento e realização):


Su Primer Amor/ O Seu Primeiro Amor (1992, 15’, 35 mm)

Sabía que Vendrias/ Sabia que Virias (1992, 35 mm)

El Sueno de Adán/ O Sonho de Adão (1994, 8’, 35 mm)

Las Partes de Mí que Te Aman Son Seres Vacíos/ As Partes de Mim que te Amam São Seres Vazios (1995, 10’, 35 mm)

Escravos de Mi Poder/ Escravos do Meu Poder (1996, 10’, 35 mm)

El Sabor de la Comida de Lata/ O Sabor da Comida de Lata (1997, 6’, 35 mm)

El Derecho de las Patatas/ O Direito das Batatas (2001, 16’, 35 mm)


Workshop de Pixilação

De 8 a 12 de Outubro de 2001

Casa das Artes


Orientado por Mercedes Gaspar


1ª Parte – Introdução à Pixilação

Características gerais da técnica de pixilação. O que é a pixilação? Como se executa? Quais as possibilidades. Os ritmos. As velocidades.

Animação de pessoas, de objectos, questões aliadas ao decor, luzes e câmara.

Combinação da pixilação com outras técnicas de animação: marionetas, plasticina, fotografias e desenho.

Comentários sobre as curtas metragens realizadas pela autora, uma explanação plano a plano, revela-nos como foram realizados, que efeitos foram utilizados, sistemas de animação, entre outros.

Debate com os formandos.


2ª Parte – Desenvolvimento Prático

Criação de planos em pixilação e combinação com outras técnicas.

Organização de grupos de trabalho para a realização de pequenas animações: com pessoas e marionetas, objectos e fotografias.


El Sueño de Adán (1994) de Mercedes Gaspar

Mostra dos Filmes de Mercedes Gaspar

De 12 a 14 de Outubro de 2001

Casa das Artes


Filmes Apresentados:


Su Primer Amor / O Seu Primeiro Amor (1992)

El Sueno de Adán / O Sonho de Adão (1994)

Las Partes de Mí que Te Aman Son Seres Vacíos / As Partes de Mim que te Amam São Seres Vazios (1995)

Esclavos de Mi Poder / Escravos do Meu Poder (1996)

El Sabor de la Comida de Lata / O Sabor da Comida de Lata (1997)

El Derecho de las Patatas / O Direito das Batatas (2001)


Workshop Novas Tecnologias na Criação Audiovisual

De 8 a 12 Outubro de 2001

Escola Superior Artística do Porto

No âmbito do protocolo assinado com a ESAP – Escola Superior Artística do Porto


Conteúdo Programático:


As novas tecnologias e o Audiovisual

Organização da produção

Criação de grupos de trabalho

O guião

O “Shooting Script”

A utilização do chroma key

A rodagem

A Pós-produção


Formador:

Joe Davidow


Alletsator - XPTO Kosmos 2001

11 a 13 de Outubro de 2001

Teatro Helena Sá e Costa


Projecto externo apoiado


João Paulo Costa. Fonte. Agente a Norte

Dentro de uma concepção de teatro experimental, este espectáculo pretendeu levar à cena uma estética literária ainda pouco explorada entre nós, a literatura cibernética (textos gerados por computador) – o ciberteatro. A conjugação de sete áreas artísticas no mesmo espectáculo, a coordenação dessas áreas por um encenador - João Paulo Costa - que ao longo do seu trabalho tem demonstrado a preocupação em propor novas linguagens teatrais, e a maturidade do autor do texto – Pedro Barbosa - foram os factores que levaram a Odisseia nas Imagens a apoiar esta jovem companhia em conjunto com as áreas do PCL e AM.


Participantes:


Alexandra Macedo

Angela Lopes

Armindo Araújo

Carlos Sílva

Cláudia Sousa

Claúdia Teixeira

Elisabete Pinto

Eloy Monteiro

Fernanda Alves

Inês Lamares

Isabel Queirós

Joana Pinho

João Lisboa

João Paulo Costa

João Paulo Fernandes

Leonor Afonso

Luís Baptista

Margarida Videira

Marina Freitas

Mário Loureiro

Miguel Pinheiro

Nuno Lucena

Pedro Almendra

Pedro Barbosa

Renato Seixas

Ricardo Santos

Sílvia Correia

Sílvia Marques

Sónia Correia

Sony

Tiago Oliveira

Virgílio Melo



Andrzej Kowalski. Fonte: LP - Ler o Mundo em Português


Workshop Produção de Documentários em África

De 5 a 7 de Novembro de 2001

Escola Superior Artística do Porto

No âmbito do protocolo assinado com a ESAP – Escola Superior Artística do Porto


Formador:

Andrzej Kowalski


Cinanima

De 5 a 11 de Novembro de 2001

Centro Multimeios de Espinho


No âmbito do protocolo assinado com o Cinanima


O Cinanima - Festival Internacional de Cinema de Animação de Espinho é o único festival do género em Portugal. Ao longo dos anos foi criando um público fiel e dando a conhecer o que de melhor se faz por todo o mundo. É reconhecido como um dos grandes festivais do cinema de animação, tanto pelos profissionais, quanto pelas mais altas instâncias europeias e norte-americanas apoiantes da produção e difusão internacional de cinema de animação. No ano em que comemorou 20 anos, o Cinanima promoveu no âmbito da Odisseia nas Imagens dois programas: "O Cinema de Animação e a Música" e "O cinema de Animação e a Pintura". Aí se fez o retrato de grandes pintores e músicos por criadores de craveira internacional. Raoul Servais, o mestre belga da animação, a quem se chama "O Cineasta Pintor", foi uma das presenças. A Sociedade PORTO 2001 S.A. apoiou ainda a edição em CD-ROM da História da Animação em Portugal, no âmbito das comemorações dos 25 anos do Cinanima e atribuiu o Prémio Porto 2001 para o melhor filme de animação português em competição na 25ª edição do festival.


O Cinanima no Porto 2001 - Capital Europeia da Cultura


25 Anos A Fazer Ver O Que Deve Ser Claramente Visto


O Cinema de Animação merece um pouco por todo o lado uma atenção crescente de quantos se ocupam da arte das imagens em movimento. Esse interesse tem em Portugal alguns rostos responsáveis, gente e instituições cuja actividade feita de amor e paixão, de bonomia e perseverança, contribuiu de forma decisiva para que hoje se possa falar de um trabalho de criação que reflecte uma particular visão do mundo em português, projectando positivamente a imagem do País além fronteiras onde, de resto, conhece uma notoriedade, infelizmente, ainda sem equivalência no plano nacional. Males antigos dir-se-á, que tanto resultam da permeabilidade ao discurso dominante do imediatismo, quanto de uma incapacidade peculiar de atribuir às coisas o lugar certo no momento certo e, como tal, de promover a lógica estruturante que sabe distinguir o nuclear do acessório. Destes males não pode ser acusado o Cinanima. Pelo contrário.


Na verdade, quando há vinte e cinco anos se lançou o Festival, muito mais do que o exercício lúdico que também foi essa iniciativa havia nos promotores uma enraizada ideia de contemporaneidade atenta a formas de dizer até então se não proscritas pelo menos silenciadas ou limitadas a uma circulação restrita e marginal. A Banda Desenhada ou o Cinema de Animação, por exemplo, ocupavam um território relativamente desqualificado ou, na melhor das hipóteses, confinado a um público infanto-juvenil considerado o destinatário natural de bens simbólicos supostamente mais acessíveis do ponto de vista da significação e elaboração artísticas. Mesmo à esquerda, entendida enquanto espaço de progresso e liberdade por oposição ao conservadorismo da direita, durante muito tempo prevaleceram concepções autorais radicadas em modelos do século XIX, cujas consequências resultaram em conclusões apressadas e, como tal, inadequadas ao ritmo e à compreensão das dinâmicas criativas emergentes. Basta recordar a frequência com que a BD ou a Animação foram sumariamente remetidas para a chamada cultura de massas e, por essa via, imediatamente desqualificadas.


Foi necessário um sobressalto democrático, que foi também um agitador no plano da criação artística, para que a situação evoluísse numa outra direcção. Esse sobressalto foi, evidentemente, a Revolução de Abril de 1974. O Cinanima também é, em larga medida, tributário desse acontecimento. Recordo-me do entusiasmo com que pioneiros como Vasco Granja e António Gaio, entre outros, se entregavam à tarefa de fazer crescer uma arte que há muito os seduzia e que, nessa altura, muito por mérito deles próprios, se encontrava numa fase explosiva de divulgação, afirmação e legitimação. Recordo-me dos jovens que acorriam a Espinho imbuídos de um forte espírito de descoberta e de quem o Cinanima viria a fazer notáveis criadores. Era e é, esse, afinal, o papel dos festivais: juntar as pessoas, estimular a imaginação, promover novos desafios, contribuir para orientar quer a produção, quer as políticas sectoriais do audiovisual sem as quais um pequeno país como Portugal corre o risco de sucumbir perante os grandes produtores globais.


António Gaio. Fonte: Museu Municipal de Espinho

O Cinanima está de parabéns. Se todo o seu percurso fazia dele à partida um dos parceiros estratégicos da Odisseia nas Imagens do Porto 2001, Capital Europeia da Cultura, integrando nomeadamente a sua Programação Oficial, os factos subsequentes só vieram confirmar a bondade das opções então tomadas. Na verdade, o Cinanima comemora os seus 25 anos exactamente no ano em que o Porto vai assistir à inauguração da sua Casa da Animação. E, em rigor, o percurso da Casa da Animação não principiou no momento em que a Filmógrafo apresentou o seu projecto à Sociedade Porto 2001, antes remonta ao tempo, há 25 anos, em que o seu principal animador, Abi Feijó, começou a frequentar o Cinanima. É esta função estruturante, feita de tempo e paciência, fazendo ver o que deve ser claramente visto, que releva a importância de um festival. Hoje pode afirmar-se sem receio de desmentido que o Cinanima é o grande responsável pelo salto em frente dado pelo Cinema português de Animação, atestado por um número invulgar de prémios e distinções atribuídos um pouco por todo o mundo. Parabéns, pois, para o Cinanima.


Mas as felicitações devem ser extensivas à cidade de Espinho. Se é certo que o festival contribui para colocá-la no mapa dos eventos culturais europeus, não é menos verdade que, ao dar o seu apoio ao Cinanima da forma como o tem feito, Espinho reforça o papel inovador e pioneiro de ter sido uma das primeiras, se não a primeira cidade portuguesa a compreender o papel e a importância de iniciativas cujas consequências repercutem em profundidade em áreas vitais para a cultura e a identidade de um País, como é o caso do Audiovisual.

Jorge Campos



Lançamento do Livro A História do Cinema de Animação em Portugal

10 de Novembro de 2001

Centro Multimeios de Espinho


Participantes:

António Gaio

Rui Zink

Jorge Campos



Lançamento do CD-ROM A História do Cinema de Animação em Portugal

22 de Dezembro de 2001

Casa das Artes


Participantes:

António Gaio

Jorge Campos


Simpósio Arte & Animação

Casa da Animação

De 15 Novembro a 10 Dezembro de 2001

Casa das Artes e Rivoli Teatro Municipal

Evento comissariado por Jayne Pilling.


Muitas vezes se tem dito que a Animação é a combinação das outras Artes, o casamento da Imagem – Desenho, Pintura, Fotografia, entre outras– com o Som – Música, Voz ou Efeitos – sob a forma de representação dramática.


Este Simpósio pretendeu evidenciar as fascinantes pontes que se podem estabelecer entre a Animação e as outras formas de Arte – através de uma mostra de Curtas Metragens de Animação (que espelham esta realidade), uma Exposição e um Simpósio Internacional no qual Críticos e Teóricos da Arte e do Cinema, Artistas e Realizadores foram convidados a apresentar e debater os seus trabalhos dentro deste contexto, envolvendo e dialogando com a audiência.


Jayne Pilling. Fonte: Animation World Network

Exposição

De 15 de Novembro a 10 de Dezembro de 2001

Casa das Artes


A maior parte dos Realizadores de Animação tem uma formação em Belas Artes e é evidente o prazer e entusiasmo que sentem por dar vida às imagens. Aliás, entre a Animação e a Arte Moderna existiu sempre uma relação de intimidade, tanto em termos históricos como contemporâneos. Nesta exposição estiveram presentes obras de Lejf Marcussen, Florence Miailhe, Erica Russell, Gianluigi Toccafondo, e um ensaio fotográfico sobre Alexandre Alexeieff.


Performances

Dia 22, 23 e 24 de Novembro de 2001

Casa das Artes e Rivoli Teatro Municipal – Café Concerto


Muitos Animadores e Realizadores acabaram por se envolver com outras formas de Arte, elevando o cinema de animação a novas dimensões: Pierre Hébert improvisou um filme de animação gravando directamente na película, contando com a colaboração de Carlos Bica, músico de jazz Português; a animadora que se tornou bailarina, Kathy Rose, desenvolveu alguns excertos das suas coreografias interagindo com projecções dos seus filmes de animação; Paul de Nooijer, um aclamado fotógrafo Holandês, e Menno de Nooijer (seu filho), que passaram da imagem fixa para as imagens em movimento e realizam filmes e em conjunto, fizeram um espectáculo de artes performativas.


Ciclo de Conferências

De 22 a 24 de Novembro de 2001

Casa das Artes


Regina Pessoa. Fonte Notícias U.Porto

Ao longo das conferências foram debatidos os trabalhos em exposição, bem como as performances, incluindo ainda apresentações de Críticos e Teóricos da Arte e do Cinema sobre as noções de Performance, Animação, Pré-História do Cinema; as relações entre a Escultura, o Espaço Tridimensional e a Animação; noções de Arte Absoluta; Fotografia, Dança e Movimento; Surrealismo; Linha, Cor e Forma na Arte e na Animação. Para apresentar e discutir estes assuntos estiveram presentes: Marina Estela Graça, Portugal (Professora na Universidade do Algarve, escreve sobre a Estética da Animação e acaba de realizar o seu primeiro filme de Animação: Interstícios), Pierre Hébert, Canadá (Realizador e um fascinante Pensador e Teórico da Animação), Solveig von Kleist, Alemanha (Realizadora, Pintora), Paul & Menno de Nooijer, Holanda (Paul é um Fotógrafo reconhecido internacionalmente que evoluiu de um trabalho comercial para uma forma extremamente pessoal de realização e que agora trabalha muitas vezes em colaboração com o seu filho Menno), Lejf Marcussen, Dinamarca (Realizador), Florence Miailhe, França (Realizadora, chegou à Animação a partir do seu trabalho de Pintura), Mike O’Pray, Reino Unido (Crítico, escreve sobre Arte, Cinema e História), Regina Pessoa, Portugal (Realizadora), Pedro Serrazina, Portugal (Realizador e Professor), José Miguel Ribeiro, Portugal (Realizador), Kathy Rose, EUA (Coreógrafa, Bailarina e Realizadora); Erica Russell, Reino Unido (Realizadora), Dominique Willoughby, França (Realizador e Professor), Kirsten Winter, Alemanha (Realizadora, Professora no Colégio Superior de Educação de Hanover).


Solveig Von Kleist. Fonte: Nantes Maville
José Miguel Ribeiro. Fonte: Mubi
Florence Miailhe. Fonte: Festival d’Annecy

Workshop de Pintura Animada

De 26 a 30 de Novembro de 2001

Casa Tait


Para além de participar nas apresentações do simpósio e de expor as suas obras, Florence Miailhe orientou ainda um workshop sobre a técnica que tem desenvolvido nos seus filmes – a Pintura a pastel animada directamente sob a câmara. Este workshop, de 40 horas, dirigiu-se essencialmente a Animadores e a estudantes das Escolas de Arte, Audiovisuais e Tecnologias da Comunicação com conhecimentos ao nível da Animação. As inscrições foram limitadas a doze participantes.


Mostra de Curtas Metragens de Animação

De 19 Novembro a 2 de Dezembro de 2001

Casa das Artes


Filmes Apresentados:


I. Programa Dança

Norman McLaren disse um dia “A coisa mais importante no Cinema de Animação é o Movimento. Não importa se estamos a mexer pessoas ou desenhos e também não importa de que forma o estamos a fazer, é sempre uma forma de Dança”.


Filmes e técnicas de animação inspirados ou representando a Dança.


Pas de Deux (1968) de Norman McLaren

Subida, de Kunyi Chen

Ere Méla Méla, de Daniel Wiroth

Belize Tropicana, de Sue Young

Bolero, de Mario Cavalli

Joie de Vivre, de Hoppin & Gross

La Pista, de Gianluigi Toccafondo & Simona Mulazzani

Pas de Deux, de Norman McLaren

Feet of Song, de Erica Russell

Au Premier Dimanche d’Août, de Florence Miailhe

Triangle, de Erica Russell


II. Programa Reconheces esta Imagem? Arte & Animação


Conjunto de filmes relacionados, mais ou menos directamente, com as correntes artísticas, momentos e acontecimentos da História da Arte e com a Iconografia Histórica, tais como a Anunciação e a Natividade.


Leonardo’s Diary (1972) de Jan Svankmajer

Heavy Stock, de Michael Slackened

The Public Voice, de Lejf Marcussen

The Secret Joy of Falling Angels, de Simon Pummell

Still Life With Small Cup, de Paul Bush

Leonardo’s Diary, de Jan Svankmajer

The Nativity, de Mikhail Aldashin

Dimensions of Dialogue, de Jan Svankmajer

III. Programa Música


Norman Mclaren disse um dia que se alguém fosse sensível à música e também tivesse talento artístico era mais do provável que viesse a interessar-se pela Animação.


Esta selecção ecléctica de filmes mostrou diversas experiências desde a “música visual” e a abstracção ao mais tradicional dos desenhos animados, incluindo a colaboração de McLaren com o músico de jazz Oscar Peterson.


Begone Dull Care (1950) de Norman McLaren/Evelyn Lambart

Lederkonkurrenz, de Lejf Marcussen

Tonespor, de Lejf Marcussen

Do Nothing Till You Hear From Me, de Pernilla Hindesfelt & Jonas Dahlbeck

Seaside Woman, de Oscar Grillo

Impromptu in a Minor, de Andrew Higgins

Slapstick, de Clive Walley

Amore Baciame, de Oliver Harrison

Winds and Changes, de Clive Walley

Nuit sur le Mont-Chauve, de Alexandre Alexeieff & Claire Parker

Mondlicht, de Barbel Neubauer

Clocks, de Kirstin Winters

Feurhaus, de Barbel Neubauer

Begone Dull Care, de Norman McLaren/Evelyn Lambart

My Babe Just Cares for Me, de Peter Lord


IV. Programa Linha, Pintura e Câmara


Um programa de filmes representando os aspectos gráficos da linha, pintura, pintura baseada em imagens reais manipuladas, pixilação e fotografias, trabalhos a pastel e lápis animados directamente sob a câmara.


Le Criminel (1993) de Gianluigi Toccafondo

Décadrages, de Vincent Brigode

The Cow, de Alexandre Petrov

Stressed, de Karen Kelly

Pinocchio, de Gianluigi Toccafondo

At One View, de Paul de Nooijer

Hammam, de Florence Miailhe

L’Année du Daim, de Georges Schwitzgebel

Le Criminel, de Gianluigi Toccafondo

Die Kreuzung, de Raimund Krumme


V. Programa Juvenil


Um programa organizado a pensar numa audiência infantil, dedicado especialmente às escolas. Filmes sem diálogos escolhidos dentro de todos os programas deste simpósio (Dança; Arte & Animação; Música; Linha, Pintura e Câmara).


.Au Premier Dimanche d’août (2000) de Florence Miailhe

La Pista, de Gianluigi Toccafondo & Simona Mulazzani

Au Premier Dimanche d’août, de Florence Miailhe

Do nothing til you hear from me, de Pernilla Hindesfelt & Jonas Dahlbeck

L’Année du Daim, de Georges Schwitzgebel

Subida, de Kunyi Chen

The Nativity, de Mikhail Aldashin

Die Kreuzung, de Raimund Krumme


Programa Itinerante

Compilação de oito curtas metragens de animação para itinerância durante dois anos pelo país.


At One View (1989) de Paul de Nooijer

Nuit sur le Mont-Chauve, de Alexandre Alexeieff & Claire Parker

Triangle, de Erica Russell

Die Kreuzung, de Raimund Krumme

L’Année du Daim, de Georges Schwitzgebel

Pinocchio, de Gianluigi Toccafondo

At One View, de Paul de Nooijer

Hammam, de Florence Miailhe

Still Life With Small Cup, de Paul Bush


Participantes:


Jayne Pilling

Marina Estela Graça

Pierre Hébert

Carlos Bica

Solveig von Kleist

Paul de Nooijer

Menno de Nooijer

Lejf Marcussen

Florence Miailhe

Mike O’Pray

Regina Pessoa

Pedro Serrazina

José Miguel Ribeiro

Kathy Rose

Erica Russell

Dominique Willoughby

Kirsten Winter


Workshop Problemas de Direito de Autor na Europa Comunitária

De 26 a 29 Novembro de 2001

Escola Superior Artística do Porto

No âmbito do protocolo assinado com a ESAP – Escola Superior Artística do Porto


Conteúdo Programático:


A obra Audiovisual como obra protegida pela Legislação de Propriedade Intelectual;

Os Autores;

A Empresa de Produção;

O Produtor Audiovisual;

Os Actores e Interpretes;

Teoria geral dos Contratos.


Formador:

Cayetana Mulero


Workshop O Som para Cinema e Audiovisual

De 3 a 7 de Dezembro de 2001

Escola Superior Artística do Porto

No âmbito do protocolo assinado com a ESAP – Escola Superior Artística do Porto


Formador:

Bento Galante


Lançamento do Site Memórias do Trabalho

Projecto aprovado articulado com o Museu da Pessoa.

Universidade Popular do Porto

15 de Dezembro de 2001


Pós-Graduação Documentário: o Desafio do Real

Ano Lectivo 2001/2000

Faculdade de Jornalismo e Ciências da Comunicação da Universidade do Porto


Na sequência da oferta da Licenciatura em Jornalismo e Ciências da Comunicação a Universidade do Porto cria uma pós-graduação na área da Comunicação Audiovisual – Curso de Pós-Graduação Documentário: o desafio do real.


O novo curso tem como base o protocolo assinado pelas Faculdades de Letras, Engenharia, Belas-Artes e Economia e pretende articular uma formação em Ciências, Ciências Sociais, Ciências da Comunicação com uma formação tecnológica e artística. Propõe uma abordagem interdisciplinar com contributos das Ciências Sociais e da Comunicação, da Engenharia, das Ciências Exactas e das Artes. Desenvolve, também, parcerias com universidades estrangeiras, nomeadamente com a Universidade de Santiago de Compostela.


O Curso de Pós-Graduação O Documentário: o Desafio do Real é promovido pelo Curso de Jornalismo e Ciências da Comunicação. Tem como principal objectivo a criação de uma especialização no documentário, uma modalidade discursiva em crescimento exponencial que urge promover em Portugal tendo em vista a sua projecção e visibilidade enquanto país produtor de bens simbólicos. Em função da segmentação televisiva, com a multiplicação de canais temáticos e especializados, o documentário, desde que corresponda a critérios de excelência do discurso, é um género que para além de viajar bem pode ser produzido com meios relativamente reduzidos, nomeadamente a partir de unidades de produção instaladas nas próprias universidades.


A Pós–Graduação associa uma componente teórica de reflexão analítica e crítica que interpela a sociedade, numa perspectiva sincrónica e diacrónica, apontando para a elaboração de projectos posteriormente disponíveis para concurso em termos da obtenção de financiamentos que possibilitem a sua concretização.


Objectivos do curso


Pensar o documentário

Fazer o documentário

Distribuir / Exibir o documentário


Componente teórica


História e Teoria do Documentário

45 horas / 3UC-12ECTS

Guião e Realização

30 horas / 2 C-8ECTS.

Produção

30 horas / 2 C-8ECTS.


Componente teórico prática


Odisseia nas Imagens

110 Horas / 5UC-20ECTS

Distribuição, Exibição e Direitos de Autor

22 Horas / 1 C-4ECTS


Muhammad Ali, The Greatest (1969) de William Klein

Odisseia nas Imagens


A componente teórico prática está articulada em torno do Festival Odisseia nas Imagens. Uma vez que nele participam alguns dos maiores especialistas da actualidade, ao mesmo tempo que se perspectiva a exibição de um notável conjunto de filmes documentais, o curso beneficia desta conjuntura excepcional e integra uma parte significativa do Festival. Fazem assim parte desta componente, nomeadamente: Retrospectiva de cinema documental e exposições de fotografia de William Klein, bem como a sua masterclass. Klein é não só um dos maiores fotógrafos do mundo, mas também um documentarista autor de vários filmes de culto como Muhamad Ali, the Greatest e Hollywood, a Loosers’ Opera. Masterclasses, entre outros, de: Nina Rosenblum, uma das grandes cineastas da América que projectará alguns dos seus principais filmes, nomeadamente o premiado Through the Wire; Javier Rioyo, um dos mais importantes documentaristas espanhóis cujo filme Asaltar los Cielos tem sido aclamado em todo o mundo; Brian Winston, jornalista, documentarista e professor universitário, um dos especialistas mais controversos da área do Cinema Documental, autor de diversas obras entra as quais Media: History and Technology considerado o melhor livro nos Estados Unidos em 1999; Albert Maysles, talvez a figura mais representativa do Cinema Directo e autor de documentários sobre numerosos artistas da Pop Rock, nomeadamente os Beatles e os Rolling Stones; Llorenç Soler, documentarista e professor universitário autor de uma vastíssima bibliografia no campo dos media e autor de filmes como Um Repórter no Inferno. A par das masterclasses, faz igualmente parte do curso o visionamento e análise de dezenas de obras, em rigor alguns dos melhores filmes alguma vez feitos. Assim, no sector competitivo do Festival estão a concurso a maioria dos filmes aos quais foram atribuídos grandes prémios nos principais festivais internacionais dos anos 2000/2001 o que dá uma visão global ímpar da melhor produção da actualidade. O ciclo O Olhar de Ulisses, por outro lado, proporciona o acesso aos grandes clássicos em sessões comentadas por realizadores, especialistas e críticos como José Manuel Costa, Gérard Collas, Olivier Smoulders, Pedro Costa, etc. Há ainda toda um segmento multimédia, onde se questionam as novas linguagens, bem como experiências relacionadas com a música e cinema no quadro de filmes-concerto e fórums para discussão sobre a centralidade da imagem no mundo contemporâneo e sobre a situação do documentário em todo o mundo. Toda esta componente será tutorada e objecto de avaliação. O calendário com as actividades elencadas no âmbito da Odisseia nas Imagens será atempadamente disponibilizado. Em todo o caso, este módulo tem carácter intensivo e implica disponibilidade de tempo no período compreendido entre 21 de Outubro e 3 de Novembro.


Os irmãos Maysles durante a rodagem de Gimme Shelter (1970)

Condições de abertura do Curso:


Número mínimo de candidatos inscritos: 20

Número máximo de candidatos admitidos: 25


Condições de acesso ao Curso:


Licenciados ou com habilitação legalmente equivalente; profissionais mediante a apresentação de currículo; estudantes finalistas de cursos de Jornalismo, Cinema e de Imagem e Som.


Critérios de Selecção:

Currículo Profissional

Currículo Académico

Currículo Científico

Entrevista


Duração 1 Semestre

Início previsto 19 de Outubro de 2001


Horário:

Intensivo e de ocupação integral de 19 de Outubro a 4 de Novembro. Pós-laboral centrado em dois ou três dias da semana, incluindo o Sábado, a partir de 5 de Novembro.


Local de funcionamento:

Odisseia nas Imagens (vários espaços da Programação)

Escola Superior de Jornalismo

Av. da Boavista 3067

4100 -136 Porto

Telefone 226172136 / 226172238

Fax 226103897

Informações, inscrições e candidatura:

Prazo de Candidatura: 15 Setembro a 15 de Outubro de 2001

Secretariado das Pós-graduações

Escola Superior de Jornalismo

Av. da Boavista 3067

4100 - 136 Porto

Telefone 226172136 / 226172238

Fax 226103897


Selecção dos candidatos:

6 – 13 de Outubro

Publicação dos resultados

14 de Outubro


Matrícula:

15 a 18 de Outubro de 2001

Serviços Académicos da FLUP – Pós-Graduações

Via Panorâmica s/n - 4100 Porto

D. Maria José Ferreira

Telefone 22607715

flsa@letras.up.pt



Seminário O Documentário

Ano Lectivo de 2001/2002

Curso de Imagem e Som da Universidade Católica Portuguesa do Porto


Em função da programação da Odisseia nas Imagens foi organizado, integrado no plano curricular do Curso de Imagem e Som da Universidade Católica do Porto, um seminário durante o qual se discutiram as vias do documentário, bem como a possibilidade da sua produção na cidade do Porto.

Orientação: Jorge Campos


(Continua)




ANEXO I


ODISSEIA NAS IMAGENS 4.0: COMO SALVAR O CAPITALISMO/ OUTRAS PAISAGENS


CONFERÊNCIA DE IMPRENSA (1)


«Cinema de grande qualidade e de grande espectáculo», foram as palavras utilizadas por Jorge Campos e Dario Oliveira, responsáveis pelo Departamento de Cinema e Audiovisuais da Sociedade Porto 2001 S.A. – Capital Europeia da Cultura, para definir o quarto e derradeiro módulo da «Odisseia nas Imagens» que no sábado tem início no Porto.


A iniciativa decorrerá em simultâneo distribuída por 16 espaços diferentes da cidade e constitui o «mais inovador festival» do seu género jamais realizado no nosso país. «Recomendamos que tirem férias durante duas semanas para poderem dedicar-se à Odisseia nas Imagens», disse Dario Oliveira, para sublinhar como o público estará perante «uma selecção única no primeiro festival organizado em Portugal que concentra e distribui de um modo racional um olhar sobre aquilo que é hoje em dia o panorama do audiovisual europeu e não só».


O festival será aberto pela performance de DJ Spooky «Birth of a Nation» inserida no ciclo «Como Salvar o Capitalismo» uma designação «irónica, provocatória e que resume o objectivo de reflectir como perante a aparente derrocada do mundo tal como o fomos conhecendo ao longo do último século, apenas parece restar uma coisa, o capitalismo», disse Jorge Campos. A actuação de DJ Spooky está prevista para a noite de sábado para domingo (20 para 21 de Outubro) pelas 24 horas no «Espaço Odisseia Media Lounge», na Rua Capitão Romero, nº 1, ao lado Museu do Carro Eléctrico.


O encerramento protocolar consistirá na imposição de uma Comenda à actriz Claudia Cardinale pelo Presidente da República. A sessão decorrerá na noite de 2 de Novembro, no Grande Auditório do Teatro Rivoli, onde será igualmente projectado «O Leopardo» de Visconti, considerado por Jorge Sampaio como o filme da sua vida.


Entre os participantes contar-se-ão ao longo do evento, para além da actriz italiana, diversas personalidades nacionais e estrangeiras ligadas ao cinema, mas não só. Durante as duas semanas da sua duração, estarão na «Odisseia nas Imagens 4.0» o fotógrafo e cineasta William Klein, (a quem é dedicada uma retrospectiva da sua obra de documentário), bem como o documentarista e analista dos media Brian Winston, ou ainda nomes relevantes do panorama cinematográfico e documentarístico internacional como Amir Labaki, Nina Rosenblum, Javier Rioyo, Llorenç Soller, Irit Batsry ou Joachim Sauter.


Presente para uma conferência intitulada «Propagandas Silenciosas» estará também o director do «Le Monde Diplomatique», Ignacio Ramonet. A sua participação inscreve-se no bloco intitulado «O Choque das Imagens», durante o qual serão projectados quatro documentários de grande impacto, «Turbulences» e «L’ Âge de la Performance» de Carole Poliquin e «Koyaanisqatsi» e «Powaqqatsy» de Godfrey Reggio.


O festival associa a exibição e o debate dos «caminhos do futuro do cinema com a noção do cinema de autor». A organização sublinha, neste último registo , a apresentação de «numerosos filmes de grande qualidade», desginadamente os integrados no quarto e último andamento de «O Olhar de Ulisses», intitulado «Resistência». A designação decorre do conceito central que preside à selecção de alguns dos grandes filmes da história do cinema, a saber, a ideia de reconstituir redes de relação e leitura entre os filmes de referência e as obras contemporâneas «que teimam em respeitar quem as vê». Fellini, Godard, Kurosawa, Boris Barnet, Nicholas Ray, Robert Bresson, ou os portugueses Pedro Costa e João César Monteiro, incluem-se entre os realizadores seleccionados para este ciclo realizado em contraciclo relativamente ao cinema dominante que desenvolveu a tendência para se tornar num jogo de vídeo, com o “visual” a tomar o lugar da “imagem”», segundo os seus organizadores.


My Generation (2000) de Barbara Kopple

ANEXO 2


ODISSEIA NAS IMAGENS 4.0: COMO SALVAR O CAPITALISMO/ OUTRAS PAISAGENS


CONFERÊNCIA DE IMPRENSA (2)


Explorar os limites do documentário é um dos objectivos da competição do I Festival do Documentário e Novos Media do Porto, uma das iniciativas do quarto e último bloco da «Odisseia nas Imagens» esta manhã apresentado oficialmente em conferência de imprensa pelos responsáveis pelo Departamento de Cinema e Audiovisuais da Sociedade Porto 2001, Capital Europeia da Cultura.


Jorge Campos, responsável pela estrutura da programação, inscreveu o Festival e a sua secção competitiva no âmbito das «opções estratégicas» da Porto 2001 nesta área: «o documentário, o cinema de animação e as curtas metragens», salientando-se, nesta primeira edição, a «massiva inscrição de filmes portugueses».


Também a competição dedicada às escolas e resultante da colaboração iniciada há dois anos com instituições universitárias da cidade e da Galiza, no âmbito da «Odisseia nas Imagens», produziu resultados assinaláveis, com a afluência de mais de 80 obras, para um total inicialmente previsto de apenas 50. Estes originais encontram-se, neste momento, em fase de pré-selecção.


A competição profissional é aberta por «The Sea that Thinks», de Gert de Graaff, um documentário holandês recém-galardoado em Amesterdão com o Grande Prémio daquele que é provavelmente o mais importante festival dedicado ao documentário em todo o mundo. A par de grandes nomes do documentário internacional como Sokurov, Barbara Kopple, Chris Hegedus ou Gianikian / Ricci-Lucchi, assinalam os organizadores, será possível «partir à descoberta de autores nacionais e estrangeiros cujas primeiras obras criam fundadas expectativas.


Múltiplos temas serão equacionados pelos filmes em concurso, desde o estereótipo do negro nas telenovelas brasileiras, com «A Negação do Brasil», de Joel Zito Araújo, até «The Last Yugoslavian Football Team», de Vuk Janic,«uma metáfora da desagregação deste país» balcânico, passando por olhares à margem dos estereótipos predominantes sobre a História Contemporânea, como o lançado pelo documentarista espanhol Javier Rioyo, com «Extranjeros de Si Mismos».


Destacados na conferência de imprensa de hoje, dois outros filmes ilustram a qualidade e a diversidade do certame: «My Generation» de Barbara Kopple, cineasta dos Estados Unidos, considerada como uma das grandes documentaristas do nosso tempo, que nos revela, através das três edições do mítico festival de música de Woodstock , um «retrato negro e impiedoso da cultura norte americana dos últimos 40 anos»; e «Startup.com», de Chris Hegedus e Jeane Noujain, um filme que reflecte a revolução empresarial na Internet, num cenário bem mais perturbador do que aquele que os mais optimistas poderiam supor.


Num Festival «que se pretende do noroeste da Península Ibérica», apontou Jorge Campos, «é natural que exista uma grande presença portuguesa e espanhola». Esta primeira edição deve, aliás, estruturar os conteúdos futuros do Festival. E a sua importância reside no facto de «por toda a União Europeia, os festivais serem actualmente algo de estruturante na definição da política audiovisual». Pelo que os conteúdos do certame são encarados não apenas pelo seu valor facial de exibição nesta primeira edição, mas também pelo peso que irão ter na definição do que poderá vir a ser a produção cinematográfica nas áreas do documentário e da curta metragem da região norte de Portugal e da Península.


Pedro Costa, Inês de Medeiros (com a estreia absoluta do seu ««O Fato Completo, ou à Procura de Alberto»), Regina Guimarães e Saguenail, Catarina Alves Costa, Susana Sousa Dias e José Filipe Costa, são cineastas portugueses representados num festival presidido por um júri internacional de grande prestígio, constituído por Nina Rosenblum (EUA), Diego Mas Trelles (Argentina) e Amir Labaki (Brasil). A competição decorre no auditório da Casa das Artes, entre 26 de Outubro e 2 de Novembro.


Legenda. Irit Batsry. Fonte: Alchetron

ANEXO 3


ODISSEIA NAS IMAGENS 4.0: COMO SALVAR O CAPITALISMO/ OUTRAS PAISAGENS


CONFERÊNCIA DE IMPRENSA (3)


Um dos pontos fortes da «Odisseia nas Imagens 4.0», último módulo da programação de cinema e audiovisual da Sociedade Porto 2001, Capital Europeia da Cultura, consiste na prospecção dos caminhos do futuro do cinema. A esta vertente é dedicado um conjunto de iniciativas agrupadas sob a designação genérica de «Outras Paisagens» onde «se mostrarão coisas arredadas do conceito normal de Festival de cinema», conforme definiu Dario Oliveira, um dos responsáveis pela programação, durante a conferência de imprensa destinada a apresentar o Festival, que esta manhã teve lugar na cidade do Porto.


Um conjunto de performances, instalações e apresentações de trabalhos e projectos de DJ’s e VJ’s nacionais e internacionais abre pistas para «explorar as novas modalidades de interpelação das imagens e dos moldes em que a gramática dos novos media nos interpela a nós», definiram os responsáveis pela iniciativa.


«To Leave and to Take» uma vídeo-instalação da autoria de Irit Batsry, com inauguração a 20 de Outubro pelas 18H00 nas Moagens Harmonia foi um dos exemplos fornecidos por Dario Oliveira, que designou o trabalho da cineasta como «uma experiência sensorial (e não só) de grande realce. Trata-se de uma “escultura” tridimensional inesquecível – prosseguiu Dario Oliveira- que mobiliza recursos tão diversos quanto a projecção vídeo, o uso da luz, do som e de três toneladas de arroz».


No âmbito de «Outras Paisagens» destaca-se a abertura de um espaço especial que funcionará todas as noites até às quatro horas da madrugada, acolhendo os projectos de DJ’s e VJ’s portugueses e internacionais. É um espaço mais orientado para as camadas jovens, do qual se espera, todavia, que possa «constituir o verdadeiro clube de cinema deste festival, um lugar onde se fale de cinema de uma maneira mais informal», disse Dario Oliveira. O «Espaço Odisseia – Media Lounge» situa-se no número 1 da Rua Capitão Romero, ao lado do Museu do Carro Eléctrico.


A organização destaca, nesta área particular, a colaboração empreendida com o «Transmediale», equivalente do «Media Lounge» no Festival de Cinema de Berlim, cujos mais destacados projectos estarão agora no Porto e também a cooperação desenvolvida com a revista norte-americana «RES», dedicada à cobertura do cinema documental especialmente na sua versão digital, cuja circulação ultrapassou já os Estados Unidos, para se ampliar progressivamente no âmbito europeu.


«Outras Paisagens» ilustrará, em resumo, aquilo que os responsáveis do cinema e audiovisual do Porto 2001 consideram ser a «segunda revolução no cinema desde o sonoro», representada pelo «uso noutros contextos das imagens em movimento, não narrativas, e que vão desde o mais lúdico ao mais experimental», aqui representados por três convidados portugueses e sete internacionais, cujos projectos serão apresentados ao longo das duas semanas do Festival em diversos pontos da cidade.


What’s Happening: The Beatles in USA (1964) dos irmãos Maysles

ANEXO 4


ODISSEIA NAS IMAGENS 4.0: COMO SALVAR O CAPITALISMO/ OUTRAS PAISAGENS


CONFERÊNCIA DE IMPRENSA (4)


Um conjunto de grandes filmes, alguns dos quais clássicos do mudo que inspiraram bandas sonoras originais compostas por encomenda da Sociedade Porto 2001 a compositores portugueses, que executarão ao vivo as suas obras durante as projecções, e ainda algumas ante-estreias e estreias absolutas no nosso país, compõem a ementa dos «Eventos Especiais» do último módulo da «Odisseia nas Imagens», I Festival Internacional do Documentário e Novos Media do Porto. Entre estes acontecimentos, salienta-se a presença de William Klein, personagem mítica do mundo da fotografia e do documentário.


William Klein que na tarde de 25 de Outubro proferirá na Casa das Artes uma masterclass no âmbito da sua participação na «Odisseia nas Imagens 4.0» é já considerado como «a figura do Festival». Ao seu trabalho será dedicada uma retrospectiva incluindo toda a sua obra documental, que decorrerá na Casa das Artes entre 21 e 25 de Outubro, com projecções alternadamente às 18H30 e às 22H00, além de três exposições consagradas à sua obra fotográfica: «William Klein, irónico e devorador» (FNAC Santa Catarina de 20 de Outubro a 5 de Janeiro); «Mode in and Out» (entre as mesmas datas, mas na FNAC Norte Shopping – Foyer) e, por fim, na mesma loja mas, desta feita, na Galeria, com as mesmas datas, «William Klein – uma exposição de fotografias».


O último filme de Klein «o contestatário radical cujo glamour produz o efeito contrário ao que ele próprio pretende, detalhe que tem muito a ver com o próprio capitalismo», na definição de Jorge Campos, do Departamento de Cinema e Audiovisuais da Porto 2001, uma singularíssima leitura da oratória de Haendel, «Messias», será exibido em estreia em sala no nosso país, no Grande Auditório do Rivoli, pelas 22 horas do dia 22 de Outubro.


Uma estreia absoluta em Portugal é a película de João Botelho «Quem és tu», recentemente premiado em Itália e que consiste, basicamente, numa tradução cinematográfica contemporânea da pergunta chave de «Frei Luís de Sousa», de Garret. A sessão realiza-se a 29 de Outubro, às 22 horas, também no Grande Auditório do Rivoli.


Entre os filmes-concerto, contam-se «Life and Death of 9413: a Hollywood Extra» de Robert Florey, (1928), «Regen» de Joris Ivens, (1929) e «Un Chien Andalou» de Luis Buñuel (1929), a apresentar a 23 de Outubro, pelas 22 horas, no Auditório de Serralves, com música ao vivo do «Remix Ensemble» da Casa da Música. Sete dias depois, a 30 de Outubro, à mesma hora, mas no Grande Auditório do Rivoli será a vez de «Nosferatu» de Friedrich W. Murnau, (1922) exibido com música ao vivo dos «Clã». E, no dia seguinte, a 31 de Outubro, também pelas 22 horas, será a vez de «The Navigator» de Buster Keaton (1924) a ser projectado, desta feita com música do compositor Carlos Bica. «A Greve» de Eisenstein», musicado pelo compositor de jazz Pedro Guedes, será exibida a 3 de Novembro pelas 22 horas no Grande Auditório do Rivoli, coincidindo com a cerimónia de entrega dos prémios de Competição do Festival e o encerramento do ciclo Como Salvar o Capitalismo.


Outro dos destaques, vai para a abertura do último acto de «O Olhar de Ulisses», um ciclo intitulado «Resistência», a 26 de Outubro no Grande Auditório do Teatro Rivoli, com a exibição de «A Ilha das Flores» de Jorge Frutado e de «Dode’s Kaden», de Akira Kurosawa, uma obra central na filmografia do cineasta nipónico. Também particularmente recomendado pela organização é o documentário «Crazy», uma viagem extraordinária pelas experiências de guerra dos soldados holandeses ao serviço da ONU em várias pontos do mundo, que combina as imagens dos próprios oficiais no teatro de guerra com a música e as canções que permaneceram associadas à sua memória desses conflitos. Um segundo desfile, de Puccini a Elvis, de Pergolezzi a Patsy Cline. Grande Auditório do Rivoli, 22horas, 28 de Outubro.


O documentário «What’s Happening: The Beatles in USA», à data proibido pelos quatro de Liverpool, depois de visionarem o resultado do trabalho de Albert Maysles, o “pai” do «direct cinema» americano e «Gimme Shelter» acerca de e com os Rolling Stones em tourné, constituíram duas experiências marcantes em torno da imagem e da verdade. Ambos serão exibidos no Grande Auditório do Rivoli, pelas 22 horas de 1 de Novembro, naquele que é tido como mais um dos pontos altos da programação.


Ignacio Ramonet. Fonte: Radiocable.com

ANEXO 5


ODISSEIA NAS IMAGENS 4.0: COMO SALVAR O CAPITALISMO/ OUTRAS PAISAGENS


CONFERÊNCIA DE IMPRENSA (5)


A presença de um remarcável conjunto de individualidades do mundo académico e do cinema durante o I Festival Internacional do Documentário e Novos Media do Porto foi esta manhã anunciada em conferência de imprensa de apresentação do último módulo da «Odisseia nas Imagens», iniciativa do Departamento de Cinema e Audiovisual da Sociedade Porto 2001, Capital Europeia da Cultura.


Especialistas em estudo dos media e documentaristas de renome mundial assegurarão uma série de master classes subordinada ao título genérico «Como Salvar o Documentário», durante a qual serão enunciadas as diversas correntes teóricas e de pensamento em torno da interpelação do real pelas imagens.


Directamente associada a esta temática, equacionam-se os problemas da manipulação das imagens em conferências como as de Javier Rioyo, um dos principais documentaristas espanhóis da actualidade, que intitula a sua alocução inicial com o sugestivo «A mentira da verdade». Llorenç Soler, autor de uma vasta obra publicada sobre a temática dos media e perito no estudo das questões associadas à manipulação subordina a sua master class ao título «Do Homo Sapiens ao Homo Zappiens». Enquanto o fundador do Festival «É Tudo Verdade», do Rio de Janeiro e São Paulo, Emir Labaki falará sobre o «Cinéma Verité», o o utro lado da América será o objecto da conferência de Nina Rosenblum «All that is invisible must be made visible, else we perish in torture». A cineasta é uma das mais importantes documentaristas contemporâneas dos Estados Unidos.


O académico britânico Brian Winston, um dos mais controversos analistas dos media, da actualidade, dissecará, por seu lado, o dispositivo e as rotinas produtivas da Televisão enquanto factor de corrupção do género documental, numa masterclass que intitulou expressivamente: «Lies, Damn Lies & Documentaries». Todas estas sessões decorrerão durante a tarde, a partir das 14H30, nos auditórios da Casa das Artes, entre 26 de Outubro e 1 de Novembro, com entrada gratuita, mas sujeita à lotação das salas.


A todas estas, junta-se, no âmbito dos eventos especiais, a master class a proferir por William Klein, uma figura mítica do mundo da fotografia e do cinema, dia 25 de Outubro, pelas 16 horas, também na Casa das Artes, sessão durante a qual serão projectados dois filmes do realizador norte-americano residente em Paris: «Contacts», 1983 e «Hollywood California: a Loser’s Opera» (1977).


Todo este trabalho de teorização e discussão visa debater um dos tópicos fundamentais que presidem à realização e ao conceito de todo o Festival: «a defesa de determinado tipo de obra que é o olhar do documentário, contra a banalização da imagem pela fragmentária vulgata televisiva que hoje impera», definiu Joge Campos, um dos responsáveis pela iniciativa, durante a conferência de imprensa.


Em paralelo, desenvolver-se-á também na Casa das Artes, a 27 e 28 de Outubro e, posteriormente, a 8 de Novembro, um segundo bloco de discussão, organizado em colaboração com «Le Monde Diplomatique», sob o tema genérico «O Choque das Imagens». Paineis de individualidades nacionais e estrangeiras debaterão as «imagens Globais», os «Equilíbrios Instáveis» e as «Propagandas Silenciosas», título do mais recente livro do director do «Diplô», Ignacio Ramonet, que estará presente a 8 de Novembro, neste último debate, na Biblioteca Almeida Garret .


Os problemas da imagem e dos media estarão também patentes, embora noutro registo, numa exposição com uma selecção do melhor fotojornalismo dos últimos 15 anos premiado no Festival «Scoop» de Angers: um duro conjunto de fotografias que nos confronta com o mundo em que vivemos, intitulado «Imagens de Choque» e que estará patente ao público entre 21 de Outubro e 12 de Novembro no Foyer da loja FNAC no Norte Shopping.

Atualizado: 20 de out. de 2023


Neste texto, quase integralmente dedicado a exemplos do que foi o debate teórico sobre o Cinema Documental na Odisseia nas Imagens, publicam-se dois artigos que serviram de base a outras tantas masterclasses. Qualquer deles é extremamente crítico em relação à televisão. Como Salvar o Capitalismo/ Outras Paisagens corresponde ao 4º Módulo da Odisseia nas Imagens. Como se viu foi também a primeira e única edição do Festival Internacional do Documentário e Novos Media do Porto naquela que seria a proposta de continuidade da Odisseia nas Imagens com as suas múltiplas articulações: exibição de filmes, divulgação e reflexão sobre o Cinema, ligação às escolas de Ensino Superior. Em suma, um polo estruturante da indústria audiovisual e multimédia do norte do País. Em anexo, igualmente a título de exemplo, constam textos de Rui Pereira que se inseriam naquilo que deveria ser futuramente uma estratégia de comunicação.



A Greve (1925) de Sergei Eisenstein


Masterclasses/ Como Salvar o Capitalismo (continuação)

De 25 de Outubro a 1 de Novembro

Casa das Artes


2. Nina Rosenblum e Dennis Watlington – Making Visible the Invisible


26 de Outubro

14:30h - 18:00h

Casa das Artes


Sinopse:


Qual o lugar do documentário independente na América? Aparentemente, os cineastas independentes, que prestam especial atenção aos problemas sociais sentem cada vez maiores dificuldades não apenas para produzir os seus filmes, mas também para os distribuir. Para tanto, muito contribui o sistema de media na América, em particular a televisão, a qual se limita a aceitar produtos formatados de acordo com módulos pré estabelecidos e com critérios que resultam da luta por audiências. Que fazem então os independentes para escapar ou contornar estes espartilhos?


(Nota: No segmento de Cinema deste blogue pode ler-se uma entrevista com Nina Rosenblum feita para o programa Odisseia nas Imagens na RTP 2)



Through the Wire (1990) de Nina Rosenblum

A norte-americana Nina Rosenblum é produtora, realizadora e autora de documentários, curtas metragens e feature films em colaboração com outros realizadores, tendo sido nomeada para os óscares e galardoada com vários prémios. Enquanto presidente da Daedalus Productions inc, Nina Rosenblum produziu e dirigiu obras para TBS, HBO, PBS, NY Times Television, ShowTime, ABC, NBC. Os seus parceiros de co-produção incluem o Channel Four/Reino Unido; WDR/Alemanha; La Sept/França e SBS/Austrália. É membro da Director’s Guild of America (Directora), da Academy of Motion Picture Arts and Sciences, da Women in Film, da Independent Feature Project e da International Documentary Association.


Filmografia:

Compassionate Ally: Photographer In The South Bronx, 1978; Their Life’s Sweat, 1978-79; America And Lewis Hine, 1980-84, Prémios: World Festival Premiere - New York Film Festival, Sundance Film Festival - Especial do Júri, Clarion, ida, Cine Golden Eagle, Chris Statuette; Through The Wire, 1990, Prémios: Completion Grant-la Women in Film, World Festival Premiere-Berlin Film Festival, Munich Documentary Film Festival-Melhor Filme, New York Documentary Film Festival-Melhor Filme; Liberators - Fighting On Two Fronts In World War II, 1992, Prémios: ida, Cine Golden Eagle, cicae, Holocaust Humanitarian, Links, World Festival Premiere-Berlin Film Festival; The Untold West: The Black West, 1993, Prémios: Emmy-Individual Achievement in a Prime Time Documentary, Special: Writer- Dennis Watlington, Vallodolid Festival - Especial do Júri; Lock-Up: The Prisoners of Rikers Island, Beat Down: The Case of Raymond Alvarez, 1994; Slaveship: The Testimony of The Henrietta Marie, 1995; A History of Women Photographers, 1996; Walter Rosenblum: In Search of Pitt Street, Twin Lenses, 1999; The Skin I’m In, Unintended Consequences, 2000.



Nina Rosenblum e Dennis Watlington

Dennis Watlington, produtor, realizador e argumentista, nomeado para os Óscares e multi-premiado a nível internacional, nasceu no Harlem tornando-se o primeiro afro-americano a ser admitido na prestigiada Hotchkiss School. Para além de trabalhar em algumas das mais prestigiadas séries nas principais cadeias norte-americanas de televisão, Watlington distinguiu-se no teatro com, entre outras, «Bullpen» que lançou a carreira de actor de Bruce Willis e permaneceu em cena na Broadway durante oito anos consecutivos. Assinando como produtor e/ou realizador quase duas dezenas de filmes, desde 1978, Dennis Watlington recebeu mais de 60 galardões e menções nos festivais mais selectivos do mundo, nas diversas áreas da sua eclética actividade: fotografia, pintura, escrita, teatro, cinema, guionismo, documentário, jornalismo. Contam-se, entre estes, prémios obtidos no New York Film Festival (1985), festival de Sundance, Estados Unidos (1985), Festival do Filme de Berlim (1985) e nos festivais de cinema de Jerusalém e Edimburgo, ainda nesse ano. Dois anos mais tarde, é distinguido pelo New York Council for Humanities e em 1989 é premiado no «Humana Rights Watch Film Festival». Já em 1990, Watlington recebe o prémio para o melhor filme no Munich Documentary Film Festival e volta a ser distinguido, agora no Festival de Berlim. A década de 90 é fértil na distinção de Dennis Watlington. Trabalhos seus são galardoados nos festivais de cinema de Cork, San Francisco, Denver, Montréal, Chicago, Upsala, Valladolid, Leninegrado e Avignon. Em 1992 recebe o galardão da International Documentary Association, o Holocaust Humanitarian Award, e é nomeado pela Academia para o troféu de Melhor Documentário. Dois anos mais tarde, recebe um Emmy pelo documentário «The Untold West: The Black West», do qual foi o guionista. Membro da International Documentary Association, da Director’s Guild of America e da Academy of Motion Picture Arts and Sciences, Dennis Watlington integra, com Nina Rosenblum, a Daedalus Productions Inc., uma produtora independente sem fins lucrativos, fundada em 1980. Depois de ter sido professor de pintura, fotografia, teatro, cinema e vídeo, a carreira académica de Dennis Watlington levou-o a leccionar as disciplinas de Realização de Documentário na Columbia University Graduate Film School e de Produção Dramática na New York University. A sua vida e obra deram já origem a dois best-sellers da autoria de Gail Sheely, «Passages» e «New Passages». Dennis Watlington está actualmente a trabalhar no livro autobiográfico «Chasing America».


Cinematografia *


Compassionate Ally: Photographer in The South Bronx (1978); Their Life’s Sweet (1978-79); America and Lewis Hine (1980-84); Let’s Truth Be the Prejudice (1987); Through the Wire (1989); Women’s Rights History (1990); Liberators: Fighting on Two Fronts in World War II (1992); The Untold West: The Black West; Beat Down: The Case of Raymond Alvarez; Lock Up: The prisoners of Rikers Island (1993); Slaveship: The Testimony of the Henrietta Marie (1995); A History of Women Photographers (1996)


* Apenas como produtor e/ou realizador





3. Llorencç Soller – Do Homo Sapiens ao Homo Zapiens

29 de Outubro

14:30h – 16.30h

Casa das Artes


Lorencç Soler, Valência, 1936, realizador de cinema e televisão, director de fotografia, escritor e professor de artes visuais, especializado em cinema documental. Já viu o seu trabalho premiado com galardões como o FIPRESCI Award do Festival de Leipzig, 1969, o Grand Prize International Documentary Cinema Festival de Bilbao, 1976, a Bronze Palm da Muestra de Cinema del Mediterrâneo, 1998 e o Grand Prize no 11º Festival International du Film Historique, 2000. Autor de um sólido trabalho teórico sobre realização televisiva e documentário, a sua obra e trajectória têm sido já objecto de estudos de outros autores em livros que lhe são dedicados. Entre estes constam «Lorenzo Soller: de una orilla a otra», de Manuel González do Centro Galego das Artes Audiovisuais e «Llorenç Soller» de José Maria García Ferrer. A sua extensa obra em ficção e documentário abrange temáticas sociais controversas. E a sua intervenção teórica e académica constitui uma peça destacada nos estudos sobre o condicionamento e a manipulação do público pelos media.


Filmografia:


52 domingos, 1966; D’un temps, d’ un pays, 1968; El largo viaje hacia la ira, 1969; Seamos obreros, 1970; La enfermedad alcohólica, 1973; Sobrevivir en Mauthausen, 1975; Cantata de Santa Maria de Iquique, 1975; Gitanos sin romancero, 1976; L’ altra normalitat, 1981; In memoriam, 1981; Tierra entre tierra y mar, 1982; Barreras architectónicas, 1983; Qué patines, Laura?, 1988; Francesc y Luís, 1992; Ciudadanos bajo sospecha, 1993; Un asunto de mujeres, 1995; Saïd, 1998; Lola venda cá, 1990; Francisco Boix: a photographer in hell, 2000.



Francisco Boix: a photographer in hell (2000) de LLorenç Soller.

(Nota: No segmento de Cinema deste blogue pode ler-se uma entrevista com Llorenç Soller feita para o programa Odisseia nas Imagens na RTP 2)


Publica-se a seguir, na íntegra, o texto de Llorenç Soler apresentado na sua masterclass e publicado no Catálogo da Odisseia nas Imagens.



"Do Homo Sapiens ao Homo Zapiens"

O documentário perante a manipulação no meio televisivo


O meu trabalho é fundamentalmente de realizador de documentários. Os meus contactos com o meio televisivo deram-se a partir da minha prática profissional neste género, visto os meus trabalhos terem sido passados na sua grande parte na televisão e não no cinema. No entanto, durante a época da ditadura do General Franco - que se bem recordo finalizou em 1975 - os meus filmes eram muito divulgados em Espanha através de canais alternativos, paralelos e, muito frequentemente, clandestinos. Essa foi a minha escola e foi assim que consolidei a minha aprendizagem.


Desde o primeiro momento, fiz uma opção: o documentário de conteúdo social, cultural e histórico, uma escolha decididamente de insucesso, tendo em conta as apetências dos programadores dos canais de televisão desde os últimos anos do século XX até aos nossos dias.


É por esse motivo que a minha participação neste encontro põe em evidência uma das minhas mais enraizadas preocupações desde o início da minha carreira: a análise da manipulação a que é sujeito o documentário dada a sua natureza, a circunstância político-social que o condiciona e a conjuntura histórica dos canais que o exibem.


Não é novidade afirmar que são poucos os meios de comunicação de massas tão sujeitos à pressão dos poderes como o é a Televisão. Neste universo de sentido e intensidade contraditórios, que constantemente age sobre os conteúdos das emissões, os documentários são peças frágeis, submetidas, como toda a programação, aos pareceres da tutela dos canais, seja ela o Estado, sejam as poderosas corporações que controlam as televisões privadas.



LLorenç Soller.

No entanto, se formos fiéis aos factos históricos, deveremos dizer que quando pela primeira vez foi experimentada a utilização ideológica do documentário, a Televisão não existia e faltariam mais de trinta anos para se popularizar generalizadamente. Depois da inocência naïf da Saída dos Operários da Fábrica, da Chegada do Comboio à Estação de Lyon ou do Regador Regado, os primeiros exemplos conhecidos de cinema documental, a Revolução Russa, com toda a sua carga ideológica, fez do cinema um instrumento deliberadamente utilizado para divulgar o pensamento da sociedade emergente, portanto, um meio eficaz de propaganda política. Se dermos um salto no tempo, o regime nazi que subiu ao poder na Alemanha dos anos 30, encontra no cinema documental um meio incomparável de divulgação do seu ideário totalitário. Sem chegar ao extremo do delírio barroco de Leni Riefensthal em Olímpia e O Triunfo da Vontade, ambos de descarada propaganda nazi, o regime de Hitler produziu toda uma série de trabalhos didácticos com o intuito de proclamar a ideologia do novo império. Anos mais tarde, o Departamento da Guerra do Governo Americano fez uma série de filmes documentários no sentido de justificar a participação dos Estados Unidos na Segunda Guerra Mundial, para “dar a conhecer os princípios por que lutamos” e “a bandeira americana ser conhecida como símbolo de força e liberdade”.


Quero com isto afirmar que a frágil natureza do documentário permitiu, ao longo da história, a sua submissão à manipulação, colocando-se, assim, ao serviço da ideologia dominante em cada tempo e lugar.


Mas, quais são as razões desta tendência para o uso propagandístico do filmes documentário? Vejamos.



Prelude to War (1942) da série documental de Frank Capra "Why We Fight"

Algumas dessas causas provêm da natureza e identidade do discurso documental. Tenho vindo a afirmar com insistência, ao contrário da ideia estabelecida entre o público espectador, “que um documentário constitui uma ficção construída a partir de elementos extraídos e seleccionados da realidade”. Estes elementos, uma vez reorganizados (ou seja, manipulados) pelo autor através da aplicação do processo de montagem (ou edição), constróiem um discurso cujo sentido final pode coincidir, ou não, com a realidade. Quando os cineastas descobriram esta característica, ou seja, a possibilidade de elaborar uma ficção a partir da aparência de realidade, estava dado o primeiro passo para que o género documental e os seus conteúdos sofressem todo o tipo de ingerências ideológicas.


A esta altura da minha exposição, creio conveniente fazer uma breve reflexão acerca do conceito de verdade, o qual aparece falsamente vinculado à prática do documentário, não tendo, porém, muito a ver com ele. Porque, afinal, o que é a verdade?


Hoje em dia, nenhum jornalista de televisão nem nenhum cineasta minimamente crítico se atreveria a dizer que os documentários podem ser fiéis transmissores de “ideias verdadeiras” de informação objectiva e desinteressada. A natureza intrinsecamente violenta e compulsiva dessa operação de corte e colagem de planos, denominada edição, altera o significado do relato audiovisual ao sabor do autor-manipulador. O sentido de cada plano gera-se segundo o binómio enquadramento + tempo, ainda que o sentido de um plano nunca seja unívoco. E menos ainda quando a aplicação da operação destrutiva-construtiva de corte e reorganização do material gravado age incisivamente sobre o factor tempo em cada plano. A construção de um novo sentido, como consequência da edição, é o que confere um poder manipulador tão desmesurado ao autor de um documentário.


A verdade como conceito absoluto não existe, já que podem existir tantas verdades quantas as apreciações da verdade, ou quantos os observadores dos factos, de onde se deduz que cada autor de documentários, assim como cada espectador, possui o seu próprio conceito de verdade. Decerto que tudo isto é complexo e encontra -se emaranhado o bastante para se poder afirmar que o género documental é credível.


Por outro lado, a famosa objectividade jornalística do documentário, hipocritamente apregoada pelos departamentos de informação dos canais de Televisão, é tanto um conceito vago e impreciso e, o que é pior, um preconceito incutido nas mentes dos estudantes das Faculdades de Jornalismo, quanto é inexequível na prática.


Devo agora destacar o mecanismo de produção do documentário para revelar e explicar os seus fios secretos.


Em princípio, o documentário parte daquilo a que chamamos realidade, mas que, no fundo, não o é exactamente - trata-se apenas do seu reflexo visível e exterior. Esta aparência de realidade é captada através de uma câmara, fazendo planos de diversa duração. Para cada plano escolhe-se um enquadramento diferente. E o enquadramento possui sempre um carácter de exclusão, já que o olho da câmara vê sempre, exclusivamente, na sua própria direcção e em sentido frontal, esquecendo tudo quanto acontece ao lado ou por trás da câmara. É certo que pode acontecer uma mudança de enquadramento dentro do mesmo plano, graças à utilização de panorâmicas mas, a cada momento, a câmara terá sempre ângulos de visão cegos. Depois, vem a Edição, operação que consiste em cortar e colar e que vai alterar o significado de cada plano. É esta reorganização dos planos que irá determinar o sentido do discurso. E como se tudo isto não bastasse, acrescenta-se-lhe um comentário em off, mais os efeitos sonoros e musicais, acabando por carrear novas doses de elementos significantes. Com todas estas operações cirúrgicas não é possível negar como é fácil deturpar o sentido original das imagens captadas, tornando, paradoxalmente, em ficção aquilo que tratava de reflectir a realidade.


Vejamos agora qual é o processo de construção de um filme de ficção de recorte realista, para demonstrar como, em muitos casos, a dramaturgia elaborada nos permite aproximarmo-nos mais da realidade do que os próprios documentários.


Em primeiro lugar, intervêm o guionista cujo trabalho consiste em elaborar um relato literário no qual, quer as situações, quer as personagens, se tornem o mais semelhantes possível a situações, personagens e diálogos reais. Ou seja, partindo do nada, da ideia abstracta, o guião percorre um caminho constante de aproximação ao real. Mais tarde, o realizador, com a participação dos actores e dos seus colaboradores de fotografia, decoração, guarda-roupa, etc., cria uma encenação cujo objectivo principal reside em encontrar a transcrição mais fiel possível da realidade. Este processo constitui uma escalada intencional e constante rumo ao pico do realismo de modo a conduzir à credibilidade junto do espectador.





Os realizadores de Cinema esforçam-se por recriar a realidade, à qual conseguem, muitas vezes, aproximações valiosíssimas. Dificilmente um documentário poderá dar uma imagem mais verosímil da vida nos bairros pobres de Roma, com tão apurado realismo, como o fez Pier Paolo Pasolini no seu filme Accattone. Ou, mais recentemente, descrever a violência quotidiana da cidade de México, como fez Alejandro González Iñarritu no seu filme Amores Perros. Nesta linha, do que se definiu como o verosímil fílmico, encontramos as palavras do cineasta Leos Carax: “o que assusta no cinema é a liberdade absoluta de escrever a vida”.





Como vemos, realidade e ficção percorrem, no Cinema, caminhos opostos que se intersectam. O documentário desce até a falsificação. A ficção ascende até a realidade.


Inclusivamente naquilo que tem a máxima aparência de realidade, como as entrevistas, é possível a mistura e o engano. Porque há algo que devemos reconhecer todos nós que nos dedicamos ao documentário e que fazemos entrevistas perante a câmara: o homem da rua quer sempre aparecer no ecrã como mais esperto, mais sábio, mais bem informado, mais protagonista do que realmente é. Assim, com muita frequência, responde às nossas perguntas, não com a sua verdadeira opinião, mas sim de acordo com o que julga que nós desejamos ouvir. Trata-se de ficar bem perante a câmara e perante o entrevistador, ainda que, com esta sua atitude, esteja a arruinar o nosso trabalho. Como disse Tayllerand, “ao homem foi-lhe concedida a palavra para ocultar os seus pensamentos”.


Como se depreende, portanto, o documentário debate-se entre o ser e o não ser. Entre a objectividade e a paixão. Entre o real e a sua interpretação. Entre a verdade e o engano.


O documentário mostra-nos o seu carácter híbrido. Grandeza e miséria do documentário, enquanto sumária e vacilante expressão do mundo visível. Mas, e do invisível? Daquilo que atravessa os secretos labirintos da alma dos nossos personagens? A nossa câmara pára sempre à beira do abismo. Mas, o que existe por trás? Tudo se conjuga para mostrar o carácter frágil e incerto do discurso documental. De tudo isto se servem os mercenários das ideologias para o submeterem aos seus ditames e o colocarem ao seu serviço.


Se assim são as coisas, se realmente não podemos alterar este rumo e se não queremos ter o inimigo em casa, mas também não podemos vencê-lo, recomenda, então, a experiência que nos juntemos a ele. Explico-me para que não surjam interpretações erradas a respeito do que acabo de afirmar: conhecemos a incerta natureza do documentário, a sua tendência para oferecer uma visão parcial, incompleta e tendenciosa da realidade. Assumamos, pois, honestamente esta situação. Façamos documentários fiéis ao nosso modo de ver a vida, à nossa maneira de interpretar a realidade. O que tornará válido o nosso trabalho é que este seja o exacto reflexo da nossa própria ideologia. Ainda que esta atitude doa a alguns, possa incomodar outros, ou seja alvo de ataques de quantos não pensam da mesma maneira. Esta será a única forma de o nosso trabalho merecer, antes e para além de tudo, respeito. Que os nossos documentários sejam violentos, agressivos, demolidores, até, mas que sempre permaneçam fieis a nós próprios. Que sejam autênticos relativamente à única coisa em que podem sê-lo: a maneira de pensar dos seus autores.


Depois surgirão as interpretações do nosso trabalho, as quais devemos enfrentar e não temer. Com a mesma tenacidade com que defendemos as nossas opiniões sobre qualquer facto ou situação, não devemos renunciar a que esses pontos de vista impregnem o nosso trabalho documental. Devemos ter consciência de que ele será contestado por outros olhares, por outras ideologias e inclusivamente a partir das áreas da Sociologia, da Psicologia ou da História. Acontece que fazer documentários não é o mesmo que praticar uma ciência exacta, não é resolver um teorema matemático. O documentário, como já vimos, tem pés de barro. Também não se trata de uma obra redonda, completa, acabada, como poderia ser a Quinta Sinfonia de Beethoven, ou As Meninas, de Velázquez. Um documentário é uma obra incompleta, vacilante, em constante acabamento. Um documentário é um troço de um caminho que visa um conhecimento mais global da realidade.


Analisaremos agora outras circunstâncias exteriores que impregnam o sentido dos documentários nas cadeias de televisão. O maior risco da Televisão reside em evidenciar, na maior parte dos seus programas, uma tendência clara para transformar a realidade em espectáculo. Os realizadores de programas esforçam-se por maquilhar a realidade, estilizá-la, sofisticá-la, explorando o interesse do espectador médio em identificar-se com uma realidade de estatuto social superior, mais brilhante e com mais glamour. É esta atitude, esta espécie de obsessão por iludir o quotidiano, que leva a reflectir uma realidade que apenas existe em camadas muito estreitas de privilegiados. Nem toda a gente é rica, bela, bem sucedida, triunfante ou aventureira. A realidade quotidiana é muito mais prosaica, mais vulgar e mais monótona.


Não é, por isso, estranho que, nas emissões, os documentários apareçam ensanduichados entre anúncios publicitários a perfumes, automóveis, viagens ou outras tentações da sociedade do bem-estar, expoentes últimos dessa forma de vida ideal, inventada pelos publicitários e argumentistas de programas. Um documentário sobre a injustiça e a miséria que se apropriam hoje em dia do Terceiro Mundo parecerá um tema exótico, pouco comum e alheio, mesmo que não se tenha em conta que a poucos metros da casa do espectador, nas miseráveis cinturas suburbanas que envolvem as grandes cidades, pode encontrar-se uma realidade a tal ponto crua que, por si só, seja capaz de empalidecer as imagens do ecrã.


Que interesse pode suscitar no espectador um documentário que, no fundo, vem relembrar-lhe as carências da sua própria vida, as injustiças a que está sujeito, a exploração que sente no seu trabalho?


A Televisão entra pelas casas dentro sem aviso prévio, sem perguntar a opinião aos espectadores. Perante isto, o acto voluntário de ir ao cinema define uma enorme diferença relativamente à maneira de encarar o ecrã. O espectador cinematográfico sabe a priori de que lhe vai falar e de que trata o filme quando decide comprar um bilhete e sentar-se numa cadeira da sala escurecida de um cinema. É, de certa maneira, um espectador atraído pelo tema, um destinatário voluntário, curioso e interessado, o que não sucede com a Televisão, em que nem sequer os elementos de uma mesma família, sentada perante o mesmo aparelho, têm opiniões homogéneas e gostos semelhantes.



Fonte: Anonymus ART of Revolution

Por outro lado, o sentido dos dramas que aparecem nos documentários de Televisão é disperso e confuso, pelo facto de ser apresentado num totus revolutum onde se incluem, no mesmo saco, factos de origens e causas diversas, as quais merecem diferente valorização. Tornam-se obscenos estes programas de reportagem, já que assuntos como a eleição de miss qualquer coisa, ou a morte por inanição de milhares de crianças na Etiópia, são projectados atrás uns dos outros, sobre a consciência narcotizada do inerte espectador, sem nenhuma outra justificação que não sejam os imperativos dessa entidade tão efémera e mutável a que se chama “a actualidade”. Acontece algo semelhante nos suplementos de fim de semana dos jornais diários, onde, no mesmo deslumbrante e colorido papel couché, tanto se inserem reportagens sobre a moda da próxima estação, como acerca da morte de uns quantos palestinianos às mãos de colonos judeus, tudo isto salpicado por anúncios de relógios Rolex ou pela propaganda do último modelo desportivo da Audi. Em ambos os casos trata-se de colocar num mesmo nível uma diversidade tal de factos que leva o espectador a acreditar na cândida divisão do mundo em ricos e pobres, em bons e maus, como se isso fosse consequência de um azar do destino, ou produto de um fatal determinismo histórico.


O telespectador é um ser inerte e encurralado. Face ao carácter marcadamente ritual que impregna o comportamento do espectador de cinema, o telespectador é, pelo contrário, um ser passivo e conformado que, na maioria dos casos, apresenta uma atitude acrítica perante os diversos programas de televisão. Se as salas de cinema se assemelham a lugares de culto, onde o ecrã é uma espécie de altar, e nos quais se contempla o espectáculo em silêncio e com devoção, as casas são como a jaula das feras do circo, em cujo interior convivem leões, macacos, cabras e elefantes, animais herbívoros e carnívoros, com gostos e preferências diversificadas. A televisão é vista de luzes acesas, enquanto os heterogéneos membros da família, indiferentes à sua presença, tomam o pequeno almoço, almoçam, fornicam, falam ou discutem.


A liberdade do telespectador está no zapping, mas trata-se de uma falsa ilusão de liberdade, pois se isso lhe permite sair instantaneamente das garras de um programa de que não gosta, também o leva a cair de borco num outro de que gosta ainda menos, e tudo isto sob o denominador comum dessa delirante frivolidade que possuem as grelhas de programação. Com a facilidade do zapping o espectador atingiu a maior quota possível de indiferença em relação ao pequeno ecrã. E é no meio deste panorama desolador que os documentários de interesse social, cultural ou histórico devem competir para conseguirem um pequeno espaço de atenção. Mas, que difícil isto se torna! Fala-se hoje do interesse dos canais pelos programas documentais, mas se formos ver os seus títulos constataremos de imediato quais são os assuntos de preferência dos programadores: Animais Mutantes, Na Peugada do Unicórnio, Estrelas da Fox, Criaturas-robot, O Porno em Hollywood, etc. Não posso evitar que estes títulos me tragam um certo travo de banalidade.



Atualidades franquistas No-Do

Continuo a analisar outros aspectos ameaçadores para a saúde do documentário. Actualmente, muitos documentários e reportagens são incluídos e produzidos nos departamentos de informativos dos canais de televisão. Se aceitarmos que é precisamente na área da informação que se verte de uma maneira mais clara e contundente a ideologia do canal, que é aqui que se cozinham e manipulam as notícias - nomeadamente, por via da eliminação das não politicamente correctas -, devemos também aceitar que os documentários e reportagens de produção própria não podem evitar a pressão ideológica que o canal exerce e devemos concordar ainda que eles são sistematicamente submetidos a controlo. Esta Televisão-Produtora de documentários não é mais do que o prolongamento, numa versão hertziana e adocicada do Estado-Produtor de Cinema de tempos passados, cujo produto mais divulgado foram os noticiários cinematográficos semanais, totalmente submetidos às directrizes políticas do Sistema. Entre estes noticiários, devo citar: o ufa de Alemanha, o Pathé de França, Settimana incom de Itália e o inefável No-Do da Espanha submetida à ditadura do General Franco. Hoje os “telejornais” constituem o suporte que substituiu os Noticiários Cinematográficos, como instrumento de moldagem do imaginário colectivo, actualmente sob tutela de um pensamento globalizador e unificador.


Com a expansão totalizadora da televisão, que penetra até as mais recônditas paragens da nossa sociedade, não é descabido perguntar: será, hoje em dia, o documentário um género na moda?


Em primeiro lugar, devo dizer que se alguém fez com que o documentário estivesse na moda, não foram os trabalhos mais sérios e profundos do género, mas os mais frívolos, superficiais e intranscendentes, aqueles que não obrigam muito a pensar. Destes, têm hoje grande prestígio entre os telespectadores os que falam da vida e dos costumes dos animais, os que evocam países maravilhosos a partir da cenografia das suas paisagens, os que narram proezas desportivas ou explicam as maravilhas da ciência e as suas descobertas. Basta consultar a programação de qualquer canal temático para detectar quais são os gostos dos espectadores actuais em relação ao documentário. Gerou-se uma sólida indústria de produção deste tipo de documentários, cujo paradigma são os trabalhos da National Geographic e da BBC. Estamos a atingir uma detestável globalização dos gostos do público e, nessa medida, o documentário torna-se uma mercadoria de consumo como os hamburgers ou a Coca-Cola.


Que longe ficou aquela filosofia que Roberto Rossellini aplicava ao seu cinema, de compromisso com o didactismo, com um desejo sempre presente de os filmes servirem ao homem para se conhecer melhor!



Robert Rossellini

Que abandonado está o antigo debate entre a ética e a estética aplicado ao documentário! No meu país, Espanha, cheguei a ver um documentário supostamente comprometido que tratava o tema do terrorismo da ETA no País Basco utilizando a “bonita” estética de um filme publicitário e, consequentemente, destilando um tratamento pseudo-sentimental e superficial. Mais uma vez, digo que toda ética exige e impõe uma estética, e não compreender isto é fazer batota com o espectador.


Onde se situa, hoje, o reduto do documentário social, cultural, comprometido com a sua época e a sua circunstância, decidido na acusação e destemido no testemunho? Muito dificilmente o iremos encontrar na televisão. É muito mais provável que nele tropecemos nas salas de projecção cinematográfica.


Mas, atenção, porque sabendo em mãos de que mercadores e oportunistas se encontra a produção, distribuição e exibição do cinema, os documentários cinematográficos podem ver-se condicionados pelas exigências do mercado. Dói-me o documentário dos nossos dias, manietado pela prepotência dos media, sujeito submisso dos interesses padronizados do público, manipulado pelas leis do mercado.


Que resta hoje do grito solitário do documentarista que lança a sua crítica contra uma ordem que o esmaga, contra uma sociedade que detesta, contra um Sistema com que não concorda? Como harmonizar o sentido de protesto que foi sempre a essência e a principal motivação do documentarista com os interesses abastardados do mercado? Que fazem hoje os jovens neófitos na profissão, em busca da sombra protectora da indústria, em vez de se lançarem à rua de câmara em punho pronta a filmar - sem limitações, nem constrangimentos - tudo aquilo que motiva os seus sentimentos e o seu protesto, tudo quanto lhes causa indignação, tudo o que os emociona ou incomoda e tudo aquilo que precisam de exprimir em liberdade? Por que não apostar novamente naquela difusão alternativa, não regulamentada, não submetida ao controlo dos media, que tanta importância e brilho teve há algumas décadas atrás em Espanha, na França, na Itália e nos Estados Unidos?


Perante o entorpecimento geral da nossa sociedade, hoje, mais do que nunca, deveríamos levantar o velho grito de guerra: A Câmara é uma Arma!

Llorenç Soler


Exemplos (fragmentos) comentados no âmbito da masterclass por Llorenç Soler:

Noticiário nodo, Espanha (O tempo e a Memória); História da II Guerra Mundial. Prelúdio de uma guerra, Estados Unidos (A ideologia das imagens); A propaganda da morte, Alemanha (Ideologia e didactismo); Granados e Delgado, um crime legal (O testemunho da História); 52 Domingos (Ética e Estética).



Asaltar Los Cielos (1997) de Javier Rioyo


4. Javier Rioyo – A mentira da Verdade

30 de Outubro

14:30h – 1800h

Casa das Artes


Javier Rioyo - Nasceu em Madrid, em 1952. Jornalista, guionista de rádio, televisão e textos dramáticos. Licenciado em Ciências da Informação. Desde o ano 1976 trabalha regularmente no jornalismo. Colaborador habitual do El País, assessor de direcção na revista Cinemania. Cultura e Cinema no programa Hoy por hoy do Cadena ser com I–aki Gabilondo. Guionista de vários festivais de música para o Canal +, assim como dos Prémios Goya, programas de rádio e televisão. Participou em vários cursos de comunicação e cultura nas universidades espanholas. Dois prémios Ondas em rádio e um em televisão. Com o director de fotografia José Luis López-Linhares criou a produtora Cero en Conducta. Realizou cinco filmes. É autor do livro Madrid: casas de lenocinio, horganza y malvivir. Prémio 1992 Livros sobre Madrid.



Javier Rioyo. Fonte: Jot Down

(Nota: No segmento de Cinema deste blogue pode ler-se uma entrevista com Javier Rioyo) feita para o programa Odisseia nas Imagens na RTP 2)



A mentira da verdade

(resumo da intervenção)


O cinema documental é feito com golpes de mentiras. Como diz Vargas Llosa, é com a verdade das mentiras que se fazem as ficções. Com as mentiras das suas verdades. Todos os documentários são uma ficção da realidade. A verdade é intangível. A realidade não pode ser capturada pelo cinema. É uma forma de subjectividade filmada, manipulada pelo documentarista que decide o tema, posiciona a câmara, escolhe uma perspectiva, um ponto de vista, um ângulo, sons, vozes, planos e que, além disso, recorta, modifica, monta, acrescenta músicas, vozes, inserções, arquivos e fotografias. Depois de tudo isto, como um bom barman, serve-o devidamente manipulado no recipiente adequado, num copo grande/ecrã grande ou copo pequeno/ecrã de televisão. E, apesar de tudo isto, continua a ter o “prestígio” da objectividade, ha, ha! Claro!


Felizmente os melhores documentaristas não têm a arrogância de acharem que são os mediadores da objectividade e da verdade. Como diz Erik Barnouw, um dos melhores teóricos desta forma de cinema, “um documentário não pode ser a verdade. Um documentário é uma prova, um testemunho e a diversidade dos testemunhos constitui o coração democrático”. Sim, um bom documentário deve ser profundamente democrático, ou seja, não propagandístico. Tanto nos documentários como na vida, não basta proclamar a verdade. Não é verdade ainda que seja chamada de pravda, nem é verdade a propaganda.


Assim, alguns dos grandes documentários de referência, alguns dos melhores exemplos do cinema documental são propaganda descarada, quer sejam soviéticos e se chamem cinema-verdade, cinema-olho ou cinema revolucionário, assinados pelo grande sonhador Dziga Vertov; ou sejam expressão colossal e renovadora do cinema, como os de Leni Riefenstahl sobre as Olimpíadas ou sobre a glorificação de Hitler. Também não são verdade as magníficas propostas documentais de Karmen ou Joris Ivens sobre a guerra civil espanhola. Nem é verdade o repulsivo e contundente olhar documental de Buñuel sobre Las Hurdes quando eram uma terra sem pão, e não só porque, por exemplo, na cena da cabra que cai dos penhascos o genial aragonês teve que lhe dar um tiro porque a “puta” da cabra não caía e não se conseguia o efeito desejado de emoção e perigo que o director/manipulador pretendia. Não, essa mentira cheia de verdades que Buñuel reflectiu não era outra coisa senão a visão sagazmente provocadora do seu autor.



Las Hurdes: Tierra sin pan (1933) de Luis Buñuel

Continuando com as magníficas mentiras do melhor cinema documental recordamos Robert Flaherty, o grande mestre das origens e um dos responsáveis pelo estabelecimento de algumas das bases do cinema documental. Depois de ter impressionado o mundo cinematográfico com Nanook, o esquimó – que certamente se deixou dirigir em benefício do filme pelo exigente realizador – e de ter rodado Moana, Flaherty propôs-se filmar a vida quotidiana e as velhas tradições de vida e pesca dos esforçados homens de Aran. Depois de algum tempo nas belas e desoladas ilhas próximas da Irlanda, Flaherty apercebeu-se que os habitantes já não pescavam tubarões com os velhos arpões, que já não conheciam aquela forma arriscada de caça dos tempos dos seus avós... e isso não estava conforme a verdade que Flaherty nos queria mostrar. A realidade não podia estragar a sua visão romântica da vida primitiva, e por isso contratou um especialista para ensinar aos ilhéus evoluídos como caçar o tubarão gigante. No entanto, ficamos extasiados com a forma de vida arriscada e primitiva dos homens de Aran. Poderá ser mentira, mas é atractiva. Assim se fazem os documentários.


Os “artifícios” necessários


Há uns anos atrás, José Luis López Linares e eu criámos uma produtora de cinema documental “Cero en Conducta”, assim denominada devido à admiração que tínhamos por um dos filmes de Jean Vigo. No seu filme Zéro de Conduit, Vigo reproduz recordações da sua passagem por algumas das escolas férreas que tinha conhecido em criança, misturando a realidade relembrada com a sonhada. A nossa pós-produção chama-se “Atalanta”, mais uma vez em memória de uma das mais belas obras poéticas do cinema da autoria de Vigo. E quando realizámos a aproximação a Buñuel denominámo-la A propósito de Buñuel, tal como o terceiro filme de Vigo A propor de Nice, esta sim uma obra documental e modelo ético do documentarismo que continua a influenciar-nos e que ainda hoje continuamos a reivindicar. Vigo convidou para este documentário Boris Kaufman, que não é senão o irmão de Vertov, o que carregava a câmara no seu “cinema-verdade”.



À propos de Nice (1930) de Jean Vigo

Mas quando a câmara de Kaufman e as ideias de Vigo se encontram no documentário sobre Nice, o resultado é uma lição sobre os “artifícios” necessários do cinema documental, o ponto de vista documentado que não pretendia reflectir a cidade que vemos, nem a cidade que uma câmara objectiva pode ver, mas outro que penetra através de outra forma de olhar, de outra forma de ver algo que já julgávamos conhecer. Barnouw concorda com o que Vigo disse para explicar o ponto de vista que o autor de um documentário deveria ter. “Ser suficientemente subtil para passar através de uma fechadura romena e filmar o príncipe Carol quando este veste a camisa de noite. E suficientemente pequeno para se agachar debaixo da cadeira do croupier, o grande deus do Casino de Monte Carlo” Que é que isso tem a ver com a realidade? Certamente que a verdade mais profunda de Nice está melhor fixada nas manipulações de Vigo e Kaufman do que em muitos “documentários-vérité”.

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É com este espírito, mas aproximando-nos dos seres humanos, que fazemos os nossos documentários. Por isso ninguém espere encontrar em Extranjeros de sí mismos uma aproximação histórica asséptica e rigorosa entre si próprio e os italianos voluntários de Franco, os estrangeiros das Brigadas Internacionais, ou os que foram para a Rússia com a Divisão Azul. Não existe uma verdade, mas também não há mentiras, há muitas verdades, há as verdades de cada um, dos indivíduos que em tempos, muito jovens, acreditaram que a melhor saída era a guerra. A aventura é plural, como plurais são as razões. A verdade tem tantos olhares como olhares têm os homens e mulheres. Não percamos tempo, sigamos pelo caminho da subjectividade. Que a verdade permaneça para os que fazem ficção, ainda que seja no cinema.


Javier Rioyo

(texto publicado no catálogo Odisseia nas Imagens)



4. Amir Labaki – Cinéma Vérité: O Cinema Directo e o Documentário de Televisão

31 de Outubro

14:30h – 18:00h

Casa das Artes



Amir Labaki

Crítico e teórico brasileiro Amir Labaki é o fundador e director do «É Tudo Verdade – Festival Internacional de Documentários», de S. Paulo e Rio de Janeiro. Autor de oito livros sobre cinema e mantendo uma actividade diversificada nas áreas do estudo e da divulgação, foi ainda director do Museu da Imagem e do Som de S. Paulo.


Sinopse


A influência do cinema directo ganha novos contornos a partir da revolução digital. Porquê? Porque muitas das questões abordadas no final dos anos 50, com o aparecimento das câmaras de 16mm, voltam agora a colocar-se com uma evidência que obriga a revisitar antigos percursos. São tanto questões de ordem estética, quanto de ordem ética, às quais se junta a necessidade de reflexão sobre as relações entre o documentário e a televisão, tendo, sobretudo em conta as novas modlidades discursivas consequentes da segmentação televisiva.



Cinéma-Vérité: Defining the Moment (2000) de Peter Wintonick

5. Brian Winston – Lies, Damn Lies and Documentaries

01 de Novembro

às 14:30h

Casa das Artes


Jornalista, realizador de documentários e escritor, Brian Winston começou a sua carreira na Granada Television em 1963 com World In Action. Trabalhou também para o departamento de assuntos da actualidade da BBC e como realizador independente de documentários no Reino Unido e Estados Unidos. Produziu uma longa metragem no Canadá e, em 1985, ganhou um Emmy norte-americano como guionista de documentário, na categoria de programação de prime-time (para a cadeia WNET de Nova Iorque). No plano académico, Winston dirigiu o Media Studies Group da Universidade de Glasgow, tendo chefiado departamentos da National Film and Television School da Grã-Bretanha e da Universidade de Nova Iorque. Foi também reitor do College of Communication na Penn State University e professor titular da Cátedra de Jornalismo na Universidade de Cardiff. Actualmente é director da School of Communication and Creative Industries da Universidade de Westminster, um dos maiores centros universitários da Grã-Bretanha, líder na pesquisa académica em ciências da informação e comunicação. Como autor, Brian Winston acaba de publicar o décimo primeiro livro, Lies, Damn Lies & Documentaries. Em 1998, Media Technology and Society, foi votado o melhor livro do ano pela American Association for History and Computing. A sua actividade jornalística recente inclui trabalhos para The Independent on Sunday, The Scotsman, Prospect, Sight & Sound, Television e diversas entrevistas para a BBC Radio 4. Membro da administração do British Film Institute, Brian Winston integra também o Comité Consultivo DCMS para o e-turismo.


Sinopse


A televisão dos dias de hoje comprova que o documentário e jornalismo são a mesma coisa. O documentário não é mais do que uma notícia alargada. Mas do ponto de vista histórico, o documentário era muito mais do que isso e utilizava uma abordagem bastante diferente relativamente às questões relacionadas com o que constituía as técnicas permissíveis. Estas eram muito mais vastas do que a amplitude permitida aos jornalistas. Para, além disso, as correntes actuais estão a ameaçar as tradições dos documentários. Utilizando material de arquivo e outro actual, Winston defende que os documentaristas, especialmente no mundo anglo-saxónico, têm de pugnar pelo seu direito artístico.





(Nota: No segmento de Cinema deste blogue pode ler-se uma entrevista com Brian Winston feita para o programa Odisseia nas Imagens na RTP 2)


Filmes apresentados nas Masterclasses:


Through the Wire (1990) de Nina Rosenblum

Why we Fight I (1942) de Frank Capra

Asaltar los Cielos (1997) de Javier Rioyo

Cinéma-Vérité: Defining the Moment (2000) de Peter Wintonick



Filme Concerto

Nosferatu, de Friedrich W. Murnau com música ao vivo dos «Clã»

30 de Outubro de 2001

Rivoli Teatro Municipal – Grande Auditório


Apesar de ser algo que há muito nos entusiasmava, foi com o convite da “Odisseia nas Imagens” que surgiu a oportunidade de, pela primeira vez, fazermos música para cinema. O desafio lançado, a composição de uma banda sonora original para uma longa metragem do cinema mudo, tinha ainda o atraente requisito da projecção ser acompanhada com a execução ao vivo dessa banda sonora.

No processo de escolha do filme, sentimo-nos, desde o primeiro momento, atraídos pelo cinema mudo fantástico – de ficção científica ou de terror.


A par com o lado irreal e mágico do cinema fantástico procurávamos também um filme com uma densidade dramática que fizesse sentido para uma audiência do século XXI. Inevitavelmente, mergulhámos no mundo do cinema expressionista alemão e foram várias as obras, de Fritz Lang a Paul Wegener, que vimos e revimos.


A escolha acabou por ser Nosferatu, de F. W. Murnau.



Nosferatu (1922) de F. W. Murnau

A excelência do filme é conhecida – a figura aterradora e única do Conde Orlock, os cenários poderosos e mágicos, a utilização de efeitos especiais (inovadora e experimentalista na altura, mas ainda eficaz e expressiva nos dias de hoje), a complexidade e humanidade pulsante das personagens principais, a forma magistral como o crescendo de terror é orquestrado, fazem deste filme um dos melhores filmes de vampiros de sempre.


É, além disso, um filme muito “musical”.


F.W. Murnau acreditava no poder das imagens e na independência e pureza do cinema perante o som e outras técnicas ou formas de arte. No entanto, o subtítulo desta obra, “Uma Sinfonia de Horrores”, denuncia uma certa natureza musical do filme. Os cinco actos parecem andamentos diferentes, cada um com o seu tempo, a sua pulsação, os seus motivos. A forma como as personagens se movem, como a câmara se move sobre os personagens e sobre os cenários sugerem também algo de coreográfico e a própria construção do enredo é dramaticamente operática. Se é certo que é um filme que se vê bem em silêncio, a verdade é que o apelo à música é, para nós, incontornável.


Escolhido o filme, faltava saber que música compor para ele.


E aqui é que o desafio maior se revela - o de encontrar o ponto de equilíbrio entre forças aparentemente antagónicas.


Por um lado, é fundamental que a música sirva o filme, ou seja, que em nenhum momento distraia o espectador ou traia o que se passa na tela. É necessário respeitar a obra, o seu espírito, o seu tempo, a sua estrutura, e ter a consciência de que a prioridade é concentrar a atenção no filme. Assim, a música será sempre secundária, será sempre escrava da imagem.


Por outro lado, é para nós importante tentar que a música alcance um certo protagonismo, que lhe conceda uma existência interessante para lá do filme, e uma personalidade, que represente a nossa leitura da obra. Em outras palavras, que o nosso trabalho leve para o filme o que, por exemplo, tentamos levar para uma canção de outro autor quando fazemos uma versão - a nossa interpretação da obra.


O que procuramos oferecer a quem assistir à apresentação deste espectáculo, é a possibilidade de apreciarem um filme magnífico acompanhado pela música que surgiu do eco que esta obra teve em nós, do modo com a lemos e interpretámos, do nosso olhar sobre Nosferatu.


Clã



Participantes:


Hélder Gonçalves

Manuela Azevedo

Miguel Ferreira

Pedro Rito

Fernando Gonçalves

Pedro Biscaia


(Continua)




ANEXO I


The Prisoners of Rikers Island Legenda. Lock-Up: The Prisoners of Rikers Island (1994) de Nina Rosenblum

Nina Rosenblum no Porto 2001


A equação censória


«Tornar visível o invisível» é o título genérico da masterclass que a documentarista norte-americana Nina Ronsenblum apresentará no Porto a 26 de Outubro próximo. Nina Ronsemblum centrará a sua participação no ciclo «Como Salvar o Capitalismo» no que chama a «ilustração da natureza da rede da censura» nos Estados Unidos.


Revelando o lado oculto do universo carcerário norte-americano, o trabalho de Nina Rosenblum, mesmo quando efectuado em cooperação com a Amnistia Internacional, foi objecto de censura e boicote. É o caso do documentário «Through the wire», com narração de Susan Sarandon, sobre o universo carcerário dos Estados Unidos, que viu a sua apresentação pública internacional longamente impedida, apesar de ser realizado em co-produção com a Amnistia Internacional e de se tratar, inicialmente, de uma co-produção para a cadeia de televisão ABC. Quando, devido à pressão pública internacional, logrou furar o cerco, o filme que Ronsemblum mostrará e comentará no Porto, acabou por tornar-se um «alerta para o crescimento da construção penitenciária que torna hoje os Estados Unidos o líder mundial na percentagem de presos per capita», descreve a cineasta.


Outras histórias insuspeitadas, de uma América que Holywood nunca mostra, poderão agora ser vistas no Porto, com o comentário da autora. Em concreto, as mulheres presas por razões políticas nos Estados Unidos são o sujeito de um dos segmentos específicos de «Through the wire», contendo entrevistas choque nos blocos de alta segurança das cadeias de Marion e Lexington, «as duas piores dos Estados Unidos». Intitulado «Marion: the toughest prisons in America», o material constitui um documentário autónomo com dez minutos de duração, foi o núcleo de imagens inicialmente produzido para o programa «20/20» da ABC e esteve na origem de «Through the wire».


«Unintended consequences», outro curto documentário de dez minutos, conta mais uma história tão terrível quanto cuidadosamente ocultada pelo sistema político e mediático, «a saga das mães dos desaparecidos em Nova Iorque», enquadrada no «draconiano impacto» das leis anti-droga sobre as famílias e comunidades não brancas norte-americanas.


Na sua masterclasses, Rosenblum tentará deixar demonstrada a existência nos Estados Unidos, por trás dos esforços de silenciamento de trabalhos como os seus, de uma matriz censória de carácter sistémico e não meramente casuístico.



ANEXO II



Nina Rosenblum e equipa na rodagem de The Untold West: The Black West (1993)

Dennis Watlington na Odisseia nas Imagens


Um todo-o-terreno do documentário mundial


Dennis Watlington, produtor, realizador e argumentista, nomeado para os Óscares e multi premiado a nível internacional, estará no Porto no âmbito do Ciclo Como Salvar o Capitalismo, para dirigir uma master class sobre documentarismo.


Detentor de uma carreira de espantoso ecletismo que o levou da pintura ao cinema, passando pelo teatro, o guionismo, a produção e realização cinematográficas, em particular na área do documentário, Watlington, nascido no bairro nova iorquino de Harlem, viria a tornar-se o primeiro afro-americano a ser admitido na prestigiada Hotchkiss School.


Para além de trabalhar em algumas das mais prestigiadas séries nas principais cadeias norte-americanas de televisão, Watlington distinguiu-se no teatro com, entre outras, a peça «Bullpen» que lançou a carreira de actor de Bruce Willis e permaneceu em cena na Broadway durante oito anos consecutivos.


Assinando como produtor e/ou realizador quase duas dezenas de filmes , desde 1978, Dennis Watlington recebeu mais de 60 galardões e menções nos mais selectos festivais de todo o mundo, nas áreas por que dissemina a sua eclética actividade: fotografia, pintura, escrita, teatro, cinema, guionismo, documentário e jornalismo.


Constituem referências obrigatórias nesta trajectória de consagração a nomeação para um óscar da Academia para o Melhor filme Documentário de 1992, e um Emmy pelo seu trabalho de guionista em «The Untold West: The Black West». Especialmente dedicado à causa dos Direitos Humanos, documentários de Dennis Watlington foram distinguidos pelo New York Council for Humanities, no «Human Rights Watch Film Festival» e com o Holocaust Humanitarian Award, além de terem suscitado a atribuição ao autor, em 1992, do galardão da International Documentary Association.


Filmes seus foram ainda premiados em múltiplos festivais nas mais diversas latitudes como Nova Iorque, Sundance, Berlim, Jerusalém, Denver, San Francisco, Edimburgo, Montréal, Chicago, Upsala, Valladolid, Leninegrado ou Avignon.


Membro da International Documentary Association, da Director’s Guild of America e da Academy of Motion Picture Arts and Sciences, Dennis Watlington integra, com Nina Rosenblum, a Daedalus Productions Inc., uma produtora independente sem fins lucrativos, fundada em 1980 nos Estados Unidos.


Depois de ter sido professor de pintura, fotografia, teatro, cinema e vídeo, a carreira académica de Dennis Watlington levou-o a leccionar as cadeiras de Realização de Documentário na Columbia University Graduate Film School e de Produção Dramática na New York University.


A vida e a obra de Watlington originaram já dois best-sellers da autoria de Gail Sheely, «Passages» e «New Passages», encontrando-se Dennis, actualmente, a trabalhar no livro autobiográfico «Chasing America».



ANEXO III



A Propósito de Buñuel (1999) de Javier Rioyo

Odisseia nas Imagens conta com Javier Rioyo


A verdade Impossível


«O filme documentário faz-se a golpes de mentira», defende surpreendentemente Javier Rioyo, (Madrid, 1952) jornalista, guionista e conferencista universitário, diplomado em Ciências da Informação. A master class que proferirá a 31 de Outubro na Odisseia nas Imagens (Casa das Artes) intitula-se significativamente «A mentira da verdade» e constitui um dos pontos altos do debate sobre o documentário que rodeia a primeira edição do Festival Internacional de Documentário e Novos Media do Porto, inserida nas celebrações da Capital Europeia da Cultura.


De Dziga Vertov o grande sonhador que veio do frio com os seus documentários de «cinema verdade», a Leni Riefenstahl, a realizadora dos filmes documentais de magnificação de Hitler, como o que realizou sobre as Olimpíadas de 1936, em Berlim, integra-os Rioyo na categoria de «descarada propaganda», apesar de serem marcos de referência na história do documentário.


Rioyo é autor com José Luis López-Linares de cinco documentários. «Asaltar a los cielos» (1996), uma longa metragem nomeada para os prémios Goya para a melhor montagem e Prémio Especial Cine dos Galardões Ondas, 1997, será exibida durante a master class de 31 de Outubro. Seguiram-se «Leo Orvich: Un ofício del Siglo XX», em 1997 e «Lorca, así que pasen cien años», nomeada em 1998 para os prémios Emmy. «A propósito de Buñuel» e «Extranjeros de si mismo», ambos do ano 2000 fecham, até à data, a cinematografia de Rioyo, relativamente à qual ele próprio adverte:«que ninguém espere [ de “Extranjeros de si mismos»] uma asséptica e rigorosa aproximação histórica aos italianos voluntários de Franco, nem aos estrangeiros das Brigadas Internacionais, nem aos que partiram para a Rússia com a Divisão Azul».


Criador e analista multifacetado, Javier Rioyo viu em 1992 galardoado com o «Premio libros sobre Madrid» a sua obra «Madrid: casas de lenocínio, holganza y malvivir», abordando o cenário da prostituição na capital espanhola.


Depois de tudo isto, para Rioyo «não há uma verdade, nem mesmo existem mentiras, há muitas verdades, as verdades de cada um, dos indivíduos». De modo polémico, este colaborador do «El País», assessor da revista «Cinemania» e colaborador da «Cadena Ser», detentor de dois prémios «Ondas» em Rádio e um em televisão, compara o documentarista a «um bom barman» que serve o seu cocktail revestido pelo falso «prestígio” da objectividade, do cinema verdade».


Assumindo a máxima subjectividade como única estratégia de aproximação à verdade, Javier Rioyo demonstra com as suas ideias e a sua própria obra como «os melhores documentaristas não têm a arrogância de se presumirem os mediadores da verdade», acrescentando: «Felizmente»!




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Jorge Campos

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        "O mundo, mais do que a coisa em si, é a imagem que fazemos dele. A imagem é uma máscara. A máscara, construção. Nessa medida, ensinar é também desconstruir. E aprender."  

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Notas, textos de opinião e de reflexão sobre os media, designadamente o serviço público de televisão, publicados ao longo dos anos. Textos  de crítica da atualidade.

Notas pessoais sobre acontecimentos históricos. Memória. Presente. Futuro.

Textos avulsos de teor literário nunca publicados. Recuperados de arquivos há muito esquecidos. Nunca houve intenção de os dar à estampa e, o mais das vezes, são o reflexo de estados de espírito, cumplicidades ou desafios que por diversas vias me foram feitos.

Imagens do Real Imaginado (IRI) do Instituto Politécnico do Porto foi o ponto de partida para o primeiro Mestrado em Fotografia e Cinema Documental criado em Portugal. Teve início em 2006. A temática foi O Mundo. Inspirado no exemplo da Odisseia nas Imagens do Porto 2001-Capital Europeia da Cultura estabeleceu numerosas parcerias, designadamente com os departamentos culturais das embaixadas francesa e alemã, festivais e diversas universidades estrangeiras. Fiz o IRI durante 10 anos contando sempre com a colaboração de excelentes colegas. Neste segmento da Programação cabe outro tipo de iniciativas, referências aos meus filmes, conferências e outras participações. Sem preocupações cronológicas. A Odisseia na Imagens, pela sua dimensão, tem uma caixa autónoma.

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