top of page
8811.jpg
   viagem pelas imagens e palavras do      quotidiano

NDR

  • Foto do escritor: Jorge Campos
    Jorge Campos
  • 27 de out. de 2020
  • 1 min de leitura

Atualizado: 22 de out. de 2023



O Triunfo da Vontade (1936) de Leni Riefenstahl. Este todos deviam ver. É um dos raríssimos filmes fascistas com qualidade cinematográfica. Leva-nos até à celebração do ditador, enquanto enviado do céu e salvador da Alemanha, nos famosos rituais do partido nazi em Nuremberga. Riefenstahl era uma mulher de muito talento e completa ausência de escrúpulos. Escrevi muito sobre ela, fui obrigado a ver este filme muitas vezes e, por isso, custa-me voltar a fazê-lo. Direi apenas que ela própria chegou a reconhecer ter feito um pacto com o diabo, embora, pasme-se, se tenha sempre refugiado no primado da arte como justificação desta glorificação de uma monstruosidade sem paralelo. O filme tem pano para mangas em termos cinematográficos, uma montagem primorosa, subtextos diversificados e muitas vezes sinistros, e é o retrato de uma sociedade totalmente militarizada e hipnotizada pelo líder. Adianto só mais uma nota. Riefenstahl negou sempre ter conhecimento das atrocidades dos comparsas, cujos círculos restritos frequentava e conseguiu não só safar-se depois da guerra sem ser julgada como viveu mais de 100 anos... sorte a dela. Como todo o fascista, dizia não ser fascista e obviamente nunca soubera de quaisquer malfeitorias. Pena ter feito um filme anterior chamado O Triunfo da Fé (1934), o qual desapareceu da circulação, porque nele, Rhom, o chefe SA, aparecia em pé de igualdade com Hitler. Como, entretanto, Hitler mandara matar Rhom na famosa noite das facas longas, o filme teve de sumir. Ela nunca se pronunciou a respeito. Ou melhor, disse que O Triunfo da Fé não tinha qualidade artística bastante.

  • Foto do escritor: Jorge Campos
    Jorge Campos
  • 23 de out. de 2020
  • 1 min de leitura

Atualizado: 22 de out. de 2023



L'Espoir (1939) de André Malraux. Nos tempos que correm, este documentário é quase desconhecido e ainda menos visto. Em 1937, Malraux escreveu aquele que ainda agora é considerado o romance mais importante sobre a Guerra Civil espanhola, justamente L'Espoir. O filme não é uma adaptação do livro, mas de apenas um dos seus numerosos episódios. Um pequeno grupo de combatentes republicanos, com apoio das populações locais e de membros das brigadas internacionais, prepara o bombardeamento de um campo de aviação franquista, na Serra de Teruel, em 1936. Feito com reduzido orçamento, a rodagem começou em 1938 e foi interrompida após a entrada das tropas de Franco em Barcelona onde se encontravam os estúdios. Começou a ser exibido clandestinamente a partir de 1939. Dito isto, a Guerra Civil de Espanha (1936 -1939) foi de uma brutalidade arrepiante e uma espécie de laboratório da II Guerra Mundial. Franco considerava-se um enviado de Deus para cumprir a ideia imperial da Grande Espanha. Contou com o apoio incondicional de Hitler e Mussolini. Os republicanos e o seu governo legítimo, mal armados e abandonados pelas democracias europeias, contaram com o apoio precário da União Soviética e com a solidariedade dos voluntários das brigadas internacionais. Foi uma luta desigual marcada, também, por divergências insanáveis e, por vezes fratricidas, entre as forças de esquerda. Apesar de não ser uma obra-prima, eu gosto deste filme que joga com cenas representadas e imagens de acontecimentos reais. Por isso, e pela reflexão que proporciona, eu recomendo-o. É oportuno.

  • Foto do escritor: Jorge Campos
    Jorge Campos
  • 14 de out. de 2020
  • 1 min de leitura

Atualizado: 22 de out. de 2023



48 (2010) de Susana de Sousa Dias. Há filmes indispensáveis. Este é um deles. Nos últimos dias as questões do racismo e da xenofobia voltaram a abrir noticiários e fazer capas de jornais. O racismo e a xenofobia abandonaram o estado latende e deram lugar aos conteúdos manifestos. Bastou um simples pretexto para o país dos brandos costumes revelar uma outra face sombria até da parte de quem não se esperava. Este filme não toca especificamente nestas matérias, embora também passe por lá. Interpela-nos sobre o fascismo português. Ele existiu. Prendeu, oprimiu, torturou, censurou, aterrorizou, destruiu famílias, fez uma guerra sem futuro, teve forças militarizadas, miúdos enfiados em uniformes, saudações romanas e o indispensável ditador. 48 anos. Quase exclusivamente articulado em torno de fotografias cadastradas da PIDE, o filme serve-se do testemunho dos ex-pressos políticos em off, o que lhe dá uma força avassaladora. Exigente, arrojado, inovador no plano estético e várias vezes premiado 48 deveria fazer parte do plano nacional de cinema.

102894510_3442382629123473_1706644122050382510_n.jpg
Jorge Campos

arquivo

        "O mundo, mais do que a coisa em si, é a imagem que fazemos dele. A imagem é uma máscara. A máscara, construção. Nessa medida, ensinar é também desconstruir. E aprender."  

120048145_341823260208071_74511127798334

Receba a Newsletter de NDR diretamente na sua caixa de email

Ouvir

Ver, Ouvir & Ler

Ler

C A T E G O R I A S

Ensaios, conferências, comunicações académicas, notas e artigos de opinião sobre Cultura. Sem preocupações cronológicas. Textos recentes  quando se justificar.

Iluminação Camera

 

Ensaios, conferências, comunicações académicas, textos de opinião. notas e folhas de sala publicados ao longo de anos. Sem preocupações cronológicas. Textos recentes quando se justificar.

Estático

Arquivo. Princípios, descrição, reflexões e balanço da Programação de Cinema, Audiovisual e Multimédia do Porto 2001-Capital Europeia da Cultura, da qual fui o principal responsável. O lema: Pontes para o Futuro.

televisão sillouhette

Atualidade, política, artigos de opinião, textos satíricos.

Notas, textos de opinião e de reflexão sobre os media, designadamente o serviço público de televisão, publicados ao longo dos anos. Textos  de crítica da atualidade.

Notas pessoais sobre acontecimentos históricos. Memória. Presente. Futuro.

Textos avulsos de teor literário nunca publicados. Recuperados de arquivos há muito esquecidos. Nunca houve intenção de os dar à estampa e, o mais das vezes, são o reflexo de estados de espírito, cumplicidades ou desafios que por diversas vias me foram feitos.

Imagens do Real Imaginado (IRI) do Instituto Politécnico do Porto foi o ponto de partida para o primeiro Mestrado em Fotografia e Cinema Documental criado em Portugal. Teve início em 2006. A temática foi O Mundo. Inspirado no exemplo da Odisseia nas Imagens do Porto 2001-Capital Europeia da Cultura estabeleceu numerosas parcerias, designadamente com os departamentos culturais das embaixadas francesa e alemã, festivais e diversas universidades estrangeiras. Fiz o IRI durante 10 anos contando sempre com a colaboração de excelentes colegas. Neste segmento da Programação cabe outro tipo de iniciativas, referências aos meus filmes, conferências e outras participações. Sem preocupações cronológicas. A Odisseia na Imagens, pela sua dimensão, tem uma caixa autónoma.

Todo o conteúdo © Jorge Campos

excepto o devidamente especificado.

     Criado por Isabel Campos 

bottom of page