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   viagem pelas imagens e palavras do      quotidiano

NDR

  • Foto do escritor: Jorge Campos
    Jorge Campos
  • 12 de jan. de 2024
  • 2 min de leitura

 

O caso da Global Media, agora nas mãos de um fundo financeiro obscuro, só vem confirmar o que toda a gente sabe: a comunicação social anda pelas ruas da amargura. Deixar sem salário os trabalhadores, não pagar subsídios, despachar quem está a recibos verdes, ameaçar insolvência e avançar com a possibilidade de um despedimento colectivo é não só andar a brincar com a vida das pessoas, mas também exibir sem disfarce o que se esconde por detrás do abuso de frases onde abundam expressões como liberdade de imprensa e qualidade da democracia.

 

No ponto a que chegamos, há aventureiros sem escrúpulos que agem à revelia dos mais elementares princípios do jornalismo fazendo da notícia um mero produto à venda. Essa gente só vê nos cidadãos potenciais consumidores compulsivos. Olha, sobranceiramente, para o interesse público como um entrave ao lucro. Nas suas mãos, os media não tratam de informar e escrutinar os poderes para auxiliar a formar opinião a partir de um quadro plural de referências. Tratam, sim, de atropelar tudo em função do interesse próprio e, porventura, de desígnios inconfessáveis. Por isso, essa gente adopta a facilidade das redes sociais, entrega o poder editorial aos departamentos comerciais, favorece o entretenimento imbecil e dá prioridade ao chamado jornalismo patrocinado de modo a fazer da agenda informativa uma agenda de interesses, na qual o poder do dinheiro vive, as mais das vezes, paredes meias com o poder político.

 

Nesta conjuntura, o trabalho dos jornalistas não só não é necessário como é contraproducente. Fica caro. É inadequado. Não se trata apenas de uma questão de atualização tecnológica e de exploração das novas plataformas digitais. Tão pouco é exclusivamente um problema de sustentabilidade das empresas. Não, do que se trata é mesmo de modelos de negócio escondidos por detrás da máscara do jornalismo. Com fundos como aqueles que cada vez mais se movem no mercado da comunicação social não é de jornalismo de que deve falar. É de outras coisas.

 

Há alguns anos, fiz diversas intervenções na Assembleia da República a propósito da situação da comunicação social. Já nessa altura, a precariedade, pelas consequências daí resultantes para o regime democrático, assumia proporções alarmantes. Nada de novo, portanto, o que agora acontece. É uma dessas intervenções, recuperada dos meus arquivos, que aqui está.






Atualizado: 5 de jan. de 2024


Ver vídeo no final do texto.

O mundo pula, vamos ver se avança


Dos meus arquivos de vídeo fazem parte algumas intervenções na Assembleia da República enquanto deputado eleito pelo Bloco de Esquerda. Resolvi recuperar algumas. Não é que tenham grande mérito, se é que têm algum, mas apraz-me ter feito parte de uma solução parlamentar de esquerda que todos, ou quase todos, julgavam impossível, e que a tantos devolveu a esperança.


Agora, numa altura que o País acaba de ser surpreendido com a demissão do Primeiro-Ministro, António Costa, por motivos relacionados com uma intervenção do Ministério Público até ver envolta numa espécie de nebulosa, pareceu-me razoável recuperar a memória do tempo em que uma coligação de direita, arrogante e sem rasgo, não passou na Casa de Democracia.


Infelizmente, a maioria absoluta do Partido Socialista que sucedeu à Geringonça, para mim de boa memória, pôs-se a jeito, como se costuma dizer. Retomou velhas práticas, premiou apparatchiks - existem em todos os partidos, mas abundam nos que vão ao pote, na fabulosa expressão do chefe da extinta PAF - e a coisa deu no que deu.


Deixando sem resposta profissionais de diversos sectores, designadamente na Educação e na Saúde, ferindo, por exemplo, quem não tem casa, facilitando a vida a quem já a tinha facilitada, o governo de maioria absoluta do PS caiu, certamente, por outras razões. Na verdade, por fracas razões. Mas, caiu. De modo que resta seguir em frente.


A situação é muito diversa de 2015. Hum quadro partidário mais fragmentado, no qual se destaca, à semelhança de outros países europeus, o ressurgimento de uma extrema-direita com significativo peso eleitoral, a qual beneficiou e beneficia de uma impressionante, mas não improvável, operação de branqueamento - estou a lembrar-me de alguns episódios históricos dos quais não quero, por ora, ocupar-me. Por outro lado, é iniludível o desencanto, mesmo a raiva, de muitos portugueses cuja esperança se diluiu ao ponto de procurarem refúgio na irracionalidade do discursos do ódio.


Dito isto, para o conjunto da esquerda, e a quem a ela quiser juntar-se, adivinham-se batalhas exigentes. Não serão fáceis. Sem diálogo, imaginação, maturidade e sabedoria estarão condenadas ao fracasso. A esquerda, que é plural, deve procurar outros caminhos. No quadro de um tão vasto património quanto é o seu, será sempre possível encontrar pontos de convergência.


Pela minha parte, nunca dissociei as múltiplas atividades em que sempre estive envolvido do plano da cidadania. Umas vezes estive bem, outras mal. A vida é mesmo assim. Obviamente, não voltarei à vida política institucional, mas estou pronto para colaborar na busca de boas soluções, as dos compromissos razoáveis, consistentes e coerentes, à esquerda.


Quanto ao documento agora recuperado respeita à discussão do meu primeiro debate de um Orçamento de Estado. Era então Ministro da Cultura João Soares, pessoa com quem me dou lindamente, mas de quem habitualmente discordo. Esteve pouco tempo no cargo. Prometeu publicamente um par de estalos a um articulista, António Costa não gostou e empurrou-o para a demissão.


O João Soares fez-me uma cena da qual nunca me esquecerei. Havia uma concentração de agentes da Cultura junto à Assembleia da República e estava eu nos Passos Perdidos para me juntar aos manifestantes quando sinto alguém que me dá o braço e me diz, vou contigo. Era o João Soares. Tendo ele as responsabilidades que tinha foi mais do que um embaraço… mas passou.


Nota final. Todas as intervenções recuperadas respeitam ás áreas da Cultura e Comunicação Social, de cuja comissão na Assembleia da República fui Vice-Presidente.


2023-11-11


 


2016-02-26

 



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Jorge Campos

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        "O mundo, mais do que a coisa em si, é a imagem que fazemos dele. A imagem é uma máscara. A máscara, construção. Nessa medida, ensinar é também desconstruir. E aprender."  

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Ensaios, conferências, comunicações académicas, notas e artigos de opinião sobre Cultura. Sem preocupações cronológicas. Textos recentes  quando se justificar.

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Textos avulsos de teor literário nunca publicados. Recuperados de arquivos há muito esquecidos. Nunca houve intenção de os dar à estampa e, o mais das vezes, são o reflexo de estados de espírito, cumplicidades ou desafios que por diversas vias me foram feitos.

Imagens do Real Imaginado (IRI) do Instituto Politécnico do Porto foi o ponto de partida para o primeiro Mestrado em Fotografia e Cinema Documental criado em Portugal. Teve início em 2006. A temática foi O Mundo. Inspirado no exemplo da Odisseia nas Imagens do Porto 2001-Capital Europeia da Cultura estabeleceu numerosas parcerias, designadamente com os departamentos culturais das embaixadas francesa e alemã, festivais e diversas universidades estrangeiras. Fiz o IRI durante 10 anos contando sempre com a colaboração de excelentes colegas. Neste segmento da Programação cabe outro tipo de iniciativas, referências aos meus filmes, conferências e outras participações. Sem preocupações cronológicas. A Odisseia na Imagens, pela sua dimensão, tem uma caixa autónoma.

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