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   viagem pelas imagens e palavras do      quotidiano

NDR

  • Foto do escritor: Jorge Campos
    Jorge Campos
  • 21 de mar. de 2021
  • 1 min de leitura

Picasso. Mãe e filho, 1902


apenas o silêncio pode atenuar

este momento:

as avenidas estão desertas

e aves agonizam nos meus braços;

feridas,

o hálito puro rarefeito,

as aves que morrem nos meus braços

têm os olhos líquidos

de como quando o pavor

se faz espanto.



1973




  • Foto do escritor: Jorge Campos
    Jorge Campos
  • 7 de fev. de 2021
  • 1 min de leitura

Atualizado: 8 de fev. de 2021


Edward Hopper. Nighthawks, 1942 (pormenor)

Como um náufrago procuro os cristais da palavra, os seus lábios húmidos de dizer, as suas longas pernas de ventos e florestas, mas é tarde, e ao dobrar da esquina de uma rua oblíqua de mim mesmo descubro uma fuligem de chuva, um cheiro intenso a óleo queimado que alastra no fluxo nervoso da cidade anunciando a vertigem da solidão. Para tanto bastará o medo soltar a alavanca da noite e deixar-me entregue à minha memória registadora de nomes e atrocidades. Não, não sei nomear a cartografia do rosto ao espelho. O tempo presente passa implacável por entre as ruínas do tempo passado: como habitar este lugar se o estar aqui é apenas refúgio do insondável tempo futuro? Sigo rumo às estações suspensas da respiração da pedra. Vejo cachorros e guardas vindos do fundo da noite para apagar o sopro das estrelas, vejo exércitos no seu ritual sombrio de passada lenta e ouço o espanto das vozes na luz coagulada do silêncio. Tropeça súbito um corpo interdito em clarão, no peito o impacto absurdo de uma flor fulminante. Há uma silhueta em câmara lenta multiplicando, aflitas, as mãos. Numa folha de papel levada pelo vento escrevo um rosto em seu rigor absoluto na fria caligrafia do chão.


fevereiro de 2012 (atualizado)


  • Foto do escritor: Jorge Campos
    Jorge Campos
  • 23 de jan. de 2021
  • 1 min de leitura

Atualizado: 11 de nov. de 2023


L'Origine du monde (1866) de Gustave Courbet

a tua língua lenta nos lábios húmidos da minha fenda voa súbito até à

agonia da minha boca e vagarosa como a saliva encontra os meus seios

impacientes do despudor das tuas mãos, duros de serem presa dos teus

dentes, ó sentir-me assim prestes abusada no veludo da pele, ceder

ao toque dos teus dedos, sucumbir à tormenta dos teus flancos, ouve,

quero soltar-me no grito obsceno da garganta, quero ser festim do teu

corpo a prumo na gruta que doendo rompe a penumbra do meu ser,

ó, sim, dá-me a claridade dos sentidos como se a luz incandescente

de um cometa rasgasse a brancura dos lençóis e me fizesse fêmea

contigo no galope da cama, exultante do estertor do teu relâmpago,

inteira de saber-me na alma fulgor do teu banquete.


08/10/2012

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Jorge Campos

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        "O mundo, mais do que a coisa em si, é a imagem que fazemos dele. A imagem é uma máscara. A máscara, construção. Nessa medida, ensinar é também desconstruir. E aprender."  

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C A T E G O R I A S

Ensaios, conferências, comunicações académicas, notas e artigos de opinião sobre Cultura. Sem preocupações cronológicas. Textos recentes  quando se justificar.

Iluminação Camera

 

Ensaios, conferências, comunicações académicas, textos de opinião. notas e folhas de sala publicados ao longo de anos. Sem preocupações cronológicas. Textos recentes quando se justificar.

Estático

Arquivo. Princípios, descrição, reflexões e balanço da Programação de Cinema, Audiovisual e Multimédia do Porto 2001-Capital Europeia da Cultura, da qual fui o principal responsável. O lema: Pontes para o Futuro.

televisão sillouhette

Atualidade, política, artigos de opinião, textos satíricos.

Notas, textos de opinião e de reflexão sobre os media, designadamente o serviço público de televisão, publicados ao longo dos anos. Textos  de crítica da atualidade.

Notas pessoais sobre acontecimentos históricos. Memória. Presente. Futuro.

Textos avulsos de teor literário nunca publicados. Recuperados de arquivos há muito esquecidos. Nunca houve intenção de os dar à estampa e, o mais das vezes, são o reflexo de estados de espírito, cumplicidades ou desafios que por diversas vias me foram feitos.

Imagens do Real Imaginado (IRI) do Instituto Politécnico do Porto foi o ponto de partida para o primeiro Mestrado em Fotografia e Cinema Documental criado em Portugal. Teve início em 2006. A temática foi O Mundo. Inspirado no exemplo da Odisseia nas Imagens do Porto 2001-Capital Europeia da Cultura estabeleceu numerosas parcerias, designadamente com os departamentos culturais das embaixadas francesa e alemã, festivais e diversas universidades estrangeiras. Fiz o IRI durante 10 anos contando sempre com a colaboração de excelentes colegas. Neste segmento da Programação cabe outro tipo de iniciativas, referências aos meus filmes, conferências e outras participações. Sem preocupações cronológicas. A Odisseia na Imagens, pela sua dimensão, tem uma caixa autónoma.

Todo o conteúdo © Jorge Campos

excepto o devidamente especificado.

     Criado por Isabel Campos 

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