A Complete Unknown (2024) de James Mangold
eis um filme simpático sobre um dos maiores ícones da música contemporânea, Bob Dylan. não se trata de uma biografia. o foco está nos anos de afirmação, aqueles durante os quais o artista e a respetiva persona ganharam corpo. vão do início da década de 60 até 1967, quando D. A. Pennebaker estreou o documentário Bob Dylan: Dont Look Back, um dos monumentos do cinema direto, cuja estética, de resto, está presente no filme de James Mangold, tal como, acrescente-se, o texto do volume I de Chronicles, no qual Dylan reporta a sua chegada a NY em demanda do mundo da folk music. já agora, Chronicles, é uma espécie de equivalente em prosa de uma poesia cujas raízes mergulham nessa cultura popular americana habitada por gente como Woody Guthry e Pete Seeger, por Leadbelly, pelos blues do delta do Mississipi, aqui e ali, também pela geração Beat, pelo gospel, o jazz e, claro, pelo o rock’ n roll. o maior mérito de A Complete Unknown talvez releve do modo como Mangold articulou os anos da brasa americanos, as suas lutas sociais, o movimento cívico, o Vietname, com as canções que Dylan foi escrevendo a um ritmo obsessivo, cada vez mais contundentes no protesto, exigentes na forma e inseparáveis da rebeldia do criador. quanto ao mais, lá estão os apontamentos sobre Guthrie e Seeger, bem como sobre as duas mulheres que mais marcaram a vida do cantautor nessa fase, Joan (Baez) e Sylvie (Russo). grandes interpretações de Timothée Chalamet, Edward Norton, Elle Fanning e Monica Barbaro. é ver que vê-se bem. e quem quiser saber um pouco mais da história é ver a recensão que fiz de Chrocles, aqui: https://www.narrativasdoreal.com/.../dylan-not-run-by-god...